Por Cláudio Cazes, Project Cars #516
Tudo bem, pessoal ? Na última postagem falamos um pouco sobre a montagem do powertrain e o primeiro setup de câmbio que utilizei, assim como a injeção original reprogramada e os problemas que surgiram — como o pequeno acidente que tive , o vazamento na galeria de água na lateral do bloco e a quebra da capa seca do câmbio.
Logicamente após o acidente providenciei um Novo para-brisa , no caso consegui achar um com Degradê no desmanche e fiz a troca.
Reparando o erro
Após uma breve análise e tentativa de achar o vazamento na lateral do bloco, onde ficava uma guia do câmbio que foi adaptado, descobri que, na adaptação do câmbio, o mecânico furou uma parede bem fina que tem a galeria de água do bloco do motor e assim vazava água. Mas a profundidade do furo não atingiu totalmente a galeria.. somente um furo pequeno ficou aparecendo, então optei por fazer uma solda no lugar.
Novo câmbio
Depois da quebra do câmbio fiz uma grande pesquisa sobre quais caixas utilizar procurando aliar a melhor relação disponível para aplicações de motor aspirado, cheguei na seguinte relação — já pesquisada pelo Project Car #42 do Adriano Krempel:
IB5+ – Ecosport 2.0 16v / Fiesta 1.6:
Ecosport 2.0 16v Duratec 2WD
IB5+
1ª – 3,55:1
2ª – 2,05:1
3ª – 1,41:1
4ª – 1,11:1
5ª – 0,88:1
Ré – 3,62:1
Diferencial – 4,07:1
A melhor vantagem que tive na utilização da caixa IB5+ foi o fato da furação entrar perfeitamente com o motor, pois sendo original não teria mais problemas de adaptação do conjunto capa-seca e motor. Mesmo assim tive que fazer algumas modificações para conseguir colocar a caixa.
A primeira delas foi o suporte do câmbio, que é uma placa fixada no câmbio e encaixada no coxim do câmbio. Na caixa IB5 Normal existem três furos onde se prendem três prisioneiros. A modificação que tem que ser feita é no suporte, no câmbio, e mais os furos originais para o sentido esquerdo, além de um rasgo na carcaça para a fixação do parafuso extra (prisioneiro da caixa ib5-plus original mais o prisioneiro extra da caixa IB5 normal). É como na foto abaixo:
Por que se faz o rasgo na quina do suporte? Não enfraqueceria o suporte? Bem… foi a única solução possível ser feita após vários testes.
Quando fiz a primeira fixação nesse suporte, enchendo de alumínio o furo que não batia, o local onde foi feito a solda em alumínio e feita a rosca para o prisioneiro espanou duas vezes por causa da torção do câmbio. Então parti para uma nova configuração que utiliza o furo original da caixa mais o furo feito na caixa para a adaptação.
Após um novo trabalho gastando o alumínio para adaptar a furação e estudando o melhor lugar para fixar sem condenar a estrutura do suporte e com poucos recursos que tenho, optei por temporariamente usar o suporte com os prisioneiros originais atrás. Onde há o preenchimento de alumínio abri um furo maior e utilizei uma rosca postiça para dar mais resistência e além disso fiz a utilização de uma barra de parafuso comum cortada como prisioneiro com uma porca de aço grossa para dar mais resistência ao conjunto.
E também no local do enchimento de alumínio utilizei um parafuso de aço. Todos prisioneiros e porcas travantes atrás e com produto trava rosca para não saírem com a vibração do câmbio.
A solução final (e temporária, pois farei um novo suporte) ficou assim:
Nesse motor existem dois Coxins e um limitador de torção. Esse é o coxim principal. No caso do coxim superior esquerdo (o que fiz no CNC) foi apenas calçado e relocado para a esquerda. No coxim hidráulico do Ford Fiesta Endura é possível fazer esse ajuste. E também como o motor se deslocou para a esquerda eu tive que também mexer nas mangueiras e tubo do reservatório de água.
Mas agora vamos para o limitador de torção.
O limitador de torção original pode ser usado para esta adaptação, como?
Apenas calçando-o , e fazendo um furo extra e fazendo a rosca na carcaça do câmbio e também utilizando um suporte metálico para fazer a união entre os furos.
Para a realização correta da fixação do suporte foi necessário usar alguns espaçadores de aço e arruelas, o limitador ficou bem alinhado e perfeitamente funcional:
No caso do trambulador tive que fazer uma pequena modificação na carroceria , pois o câmbio IB5 utilizar trambulador de varão , e fiz a mudança para o de cabos , No caso após medir os cabos e ver a melhor posição possível , tentei utilizar o furo original que existe na carroceria , utilizado nos Fiestas ingleses que tem já a carroceria preparada para câmbio automático e o trambulador . Mas tive que fazer a abertura.
Após isso fiz a fixação do trambulador que no caso tive que encolher a haste e fazer rosca nela, pois o curso dele iria bater no painel. O resultado ficou perfeito:
Semi-Eixos
Existem duas receitas de configuração de semi eixos:
Emendados e Feitos (Forjados).
No meu caso na época por conta dos meus recursos e possibilidades, fiz na configuração de semi eixos emendados, no qual se utiliza um lado com uma trizeta original na tulipa do câmbio — no meu caso é o da Ecosport — e do outro lado semi eixo original de Fiesta com a homocinética de Fiesta feitos sob medida com grandes luvas de aço soldadas.
Problemas resolvidos com o câmbio, até hoje faço algumas revisões, como recentemente a troca do Óleo Havoline pelo Gear300 da Motul. Um excelente óleo para essa caixa.
Suspensão e freios
Como em todo swap a maior preocupação fica na distribuição de peso. No começo pensei muito nisso: como distribuir o peso corretamente mas também ter bons freios e suspensão?
Após algumas pesquisas no início sempre utilizei as Rodas do Ford Mondeo V6, que têm o Offset 40. Foram as rodas escolhidas para o meu projeto com pneus Hankook 195/50/R15 elas serviram perfeitamente na caixa de rodas sem raspar no amortecedor e nos paralamas.
No começo também tive que fazer alguns ajustes antes de chegar ao projeto final da suspensão foi passado uma ferramenta chamada rolling fender, que rebate os paralamas para que as quinas internas não peguem no pneu.
A suspensão no início escolhida pensando na esportividade usa molas esportivas da Cangorun, com amortecedores preparados com haste reduzida e carga de 20% de subida e descida da Macar Suspensões. No o começo ficou perfeito com o alinhamento adequado com cambagem de 1,5 graus de cada lado para o carro conseguir se adequar a curvas.
Depois de 1 ano de testes e andando com o carro as molas esportivas originais não aguentaram o uso severo , e cederam fazendo a frente abaixar consideravelmente , optei por tracá-las , as vezes as molas esportivas são bem moles e no meu caso não aguentaram o peso extra que o carro tem na frente.
Levei em consideração o fato de avaliar a distribuição de peso do carro então antes de arrumar a suspensão pesei meu carro com o Daniel da Home Garage e tive a feliz supresa que meu carro tinha uma excelente distribuição de peso:
Optei por colocar Molas de maior carga , com elo mais distante e reforçadas . Resolveu o problema do carro. Nunca mais tive problemas com suspensão mole na frente e a tocada nas curvas melhorou bastante.
Quanto aos freios minha escolha para este projeto foi o Kit dianteiro de 283mm da Powerbrakes , que encaixou perfeitamente na minha roda:
Foto 35 – Freios perfeitamente bem encaixados com discos eslotados
Na traseira utilizo o kit de freios traseiros do Focus primeira geração , que dão conta bem do re cado com os discos também eslotados. Não utilizei válvulas equalizadoras nem restritivas , o freio é bem sensível , uma vez que já precisei varias vezes utilizar o conjunto e me atendeu muito bem.
Linhas de combustível
No inicio montei o carro com mangueiras de combustível ,mas optei por fazer linhas de combustível de inox até mesmo por segurança. Com ajuda do Jairo Araújo (Fiesta MK6 Duratec) conseguimos achar uma solução perfeita para o carro: tubos de inox com conexões que podem ser montadas nos tubos em casa.
As anilhas metálicas das conexões fornecem a vedação perfeita.
Injeção
No começo, como já disse na postagem anterior, meu projeto inicial era utilizar uma injeção original pelo meu orçamento apertado. Consegui utilizar um modulo de Ford Courier ECC-V 1.6 gasolina , Reprogramado pelo Junior da Overspeed, que me atendeu perfeitamente.
Só que o módulo original tem alguns detalhes que não faziam o carro ficar bem acertado. O pior problema dele é o mapa de marcha-lenta. No meu motor o atuador de marcha lenta compensava muito pouco a entrada de ar necessária para os comandos de válvulas SWR, então utilizei durante três anos uma torneira ligada ao vácuo do coletor — uma solução que acabou ficando adequada e a marcha lenta equalizada.
Com o tempo ao me organizar a necessidade de uma injeção programável tinha vindo, então após pesquisar optei por utilizar uma Fueltech FT450, e também mudei para usar etanol. Foi feita toda a instalação por minha conta e o acerto pelo Diego Venzon.
Obtive 190 cv com 20 kgfm de torque, um excelente resultado para a mudança de uso para o etanol e um incrível bom resultado para um motor com miolo e cabeçote original , apenas trocando os comandos de válvulas e bem com um Enquadramento perfeito pelo Leonardo Represas! Um conhecedor desse motor!
Futuro
Depois de muito tempo usando o carro, viajando muito e fazendo coisas do dia-a-dia com ele, algumas coisas vem fazendo falta. São 20 anos com o mesmo carro, coisas que são essenciais: no verão fica muito difícil dirigir o carro por conta do calor que está cada vez pior, então comecei a juntar as peças para colocar ar-condicionado no carro.
Outra coisa que é ruim no dia-a-dia, mas na estrada não faz muita diferença é a direção hidráulica. Sim, irei utilizar direção hidráulica no meu carro, mas possivelmente com uma bomba eletro-hidráulica do Mercedes Classe A de primeira geração, utilizada em muitos projetos!
Interior
Com a finalização desta parte do projeto , com o tempo irei partir para a reforma do interior do carro , Restauração de forros de porta , bancos , talvez o uso de couro nos bancos da cor do interior do carro para manter a originalidade , Mas isso só será possível após a instalação do ar condicionado , e também outros mimos para o carro , Como o Retrovisor elétrico com Lentes desembaçadoras que comprei de um grande amigo.
Quanto a preparação do motor, não penso por enquanto mais mexer no motor, até por que estou preparando o carro para andar em Track Days também, mas futuramente penso em melhorar o motor começando pela atualizações ninjas no cabeçote.
Esse carro atingiu um patamar que eu jamais sonharia , realmente minha dedicação fez valer a pena esse sonho realizado que tenho hoje! Por isso vale a pena cada atualização, cada coisa que mudo, cada item que instalo.
Esse carro realmente é especial para mim pois é uma terapia de vida. Como em outras histórias de outros Project Cars, fica como uma história de vida , algumas fases da minha vida foram melhores graças a esse hobby. Mas a continuação desta história fica para o Próximo Project car e Não desistem dos seus sonhos!