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Project Cars Project Cars #519

Project Cars #519: a escolha da cor e a pintura do meu Ford Maverick V8

Por Roger Bueno, Project Cars #519

Aqui na segunda parte desse PC #519, eu vou contar um pouco das aventuras pelo mundo da restauração de um carro, e todos os acertos e roubadas que uma pessoa passa quando se envolve com algo dessa natureza. 

Uma vez o carro estando todo desmontado era a hora de iniciar a funilaria. Como eu estava tranquilo quanto a oficina que deixei o carro, eu relaxei quanto a essa parte, pois um Maverick sem o alinhamento correto é terrível. Pois bem, só de funilaria foram seis meses de muito trabalho, pois o carro estava muito judiado, mas como foi o que o dinheiro permitiu que fosse comprado, vamos em frente e fazer desse limão uma limonada.

Enquanto não havia muito o que eu pudesse fazer pelo carro naquele momento, eu fui começando a comprar peças para ele. Comecei garimpar algumas peças para o carro e também, encomendar peças nos EUA e pedir para que alguns amigos as trouxessem de lá. O mercado de peças para esse carro nos EUA é muito bom e você pode encontrar diversas coisas interessantes, sem contar que o preço que infinitamente melhor.

A cada dia que passava o alinhamento do carro foi melhorando, os podres foram saindo, o carro começava a deixar de ser uma carcaça velha e com vários pontos de ferrugem, para ficar um carro muito inteiro. Isso tudo foi possível, graças ao trabalho de um mestre funileiro, o Sr. Reinaldo, que com toda sua experiência reestruturou essa lenda do automobilismo brasileiro.

Em março de 2017, eu acabei entrando em férias e programei uma viagem para os EUA. Já fui algumas vezes ao país e sempre que ia, minhas malas voltavam com: roupas, tênis, celulares e outras bugigangas da moda. Mas dessa vez foi diferente, eu voltei com malas cheias de peças que já estavam me esperando na terra do Tio Sam. 

Entre as peças estavam:

  • Carburador Holley 600 CFM;
  • Tampas de válvulas como logo do Maverick americano e juntas; 
  • Alternador de 100 Amperes, Embreagem para o motor V8 302 5.0L; 
  • Fuel line para o carburador; 
  • Radio com Bluetooth (Retro);
  • Coletor de Admissão Edelbrock Performer;
  • Além de um monte de peças menores de acabamento e coisas que não pesariam no orçamento já estourado.

Tudo isso em malas muito pesadas, o que me rendeu muita dor nas costas de carregá-las. Posso dizer que tudo isso valeu muito a pena, pois trouxe coisas diferentes para o carro com valores muito melhores que eu pagaria no mercado local. Nesse período também chegou, através dos correios, o carpete central do carro, no padrão bouclê. Eu comprei nos EUA e mandei entregar no Brasil, pois o padrão americano deixa o carro com um acabamento superior, mas era um item que não consegui trazer devido ao excesso de coisas já encomendadas e compradas.

Apesar de várias peças legais que estavam guardadas, o carro ainda estava em processo de funilaria. E aqui, eu deixo uma dica para quem quer fazer um processo de restauração: compre um carro mais inteiro possível e com menos ferrugem/podre possível, esse não foi o meu caso, por isso o alto tempo na funilaria. Sabendo disso, o carro iria demorar muito mais que programamos inicialmente.

Isto porque, eu ainda não mencionei nessa descrição de projeto, que todos os sábados pela manhã eu ia visitar a oficina e acompanhar o andamento do projeto e não deixar que nada atrapalhasse o cronograma. E assim foi durante todo o período que o carro esteve por lá. A cada visita que eu fazia eu ficava imaginando como ficaria meu carro no futuro, qual seria a cor final, quais seriam as rodas e seus tamanhos/talas, o que mais iria colocar de bacana no carro e etc. Pensamentos de um projeto de longuíssimo prazo, mas que ainda não tinha todas as definições do projeto final.    

Quando foi próximo do final do mês de junho de 2017, nós tivemos um imprevisto no projeto. A oficina teve que mudar as pressas para um novo galpão e com isso, todos os projetos que estavam em andamento ficaram parados por 2 semanas. Infelizmente, mais prazo adicionado a um projeto que tinha data para sair. Nessa época, eu não via a hora do carro ter uma cor, pois ele estava quase todo alinhado e faltava pouco, mas não quis botar pressão, para que o projeto ficasse 100%.

No final julho de 2017, eu fui fazer um curso nos EUA e aproveitei para quê? Isso mesmo, resposta certa para quem arriscou um palpite na compra de peças par o projeto. Mais uma vez, fui fazendo uma listagem de peças “possíveis” de se trazer em 2 malas. Para isso, mais uma vez eu contei com a consultoria do Joãozinho Spadari, pois como ele já fazia comprar pela internet há muito tempo e também, como já havia tido vários Mavericks, ele me ajudou muito nos part numbers das peças. Fui com uma mala de mão e comprei 2 malas para trazer várias peças que comprei. 

Dessa vez eu trouxe: 

  • Kit Comando de Valvula 255/263;
  • Bomba de Gasolina cromada;
  • 4 Pinças de freio Wilwood ( com duplo acionamento);
  • Pastilhas de freio Wilwood;
  • Cilindro Mestre de Aluminio Wilwood;
  • Bomba d’agua – Alto volume;
  • Distribuidor Spectra Premium;
  • Jogo de juntas do Motor V8;
  • Cabos de vela e bobina de ignição MSD;
  • Maçanetas novas e cromadas e trincos de portas;
  • E várias outras peças pequenas e que compõe a montagem mecânica.

E cada vez mais, novas peças iam parar no guarda roupa que virou um almoxarifado do projeto. Elas ficaram guardadas até o momento que fossem ser utilizadas. Loucuras de quem mora em apartamento e não tinha onde guardar.

E qual não foi minha surpresa quando voltei dos EUA? O carro já havia iniciado o processo de preparação de pintura. Graças a Deus a funilaria havia acabado!!! Pensei agora será rapidinho…. só que não!

Foi aí que se iniciou mais um processo demorado, pois uma pintura para obter um ótimo resultado final, deve ter uma excelente preparação. E assim foi, durante mais de dois meses. Enquanto eu exercitava a paciência de esperar, eu ainda tinha uma dúvida que eu não tinha sanado desde que se iniciou esse projeto: qual seria a cor do carro?

Desde o meu primeiro Maverick, que comentei sobre ele na parte 1 desse PC, eu sempre sonhei em ter um Maverick Laranja. Como o primeiro eu comprei pronto, pois queria curtir rápido o carro e ele era azul, eu deixei esse sonho para ser realizado mais adiante.

Mas havia um dilema que eu precisava resolver: manter a cor original do carro e da plaqueta ou colocar uma nova cor? Deveria configurá-lo como GT ou mantê-lo como Super Luxo? 

Para me ajudar, eu criei um grupo no facebook, chamado: Maverick – A construção de um sonho: o MAV8, com a finalidade de registrar todo o projeto e também, aproveitei para criar algumas enquetes e coloquei em votação a cor do carro, assim meus amigos poderiam me ajudar na decisão. A essa altura eu já havia decidido configurá-lo como GT, mas a cor ainda era uma questão por ser resolvida.

Então, eu estabeleci três cores como possíveis: Vermelho Cadmium (cor da plaqueta), Azul Portela e o Laranja Califórnia. Claro que o Vermelho venceu, pois é a cor que a maioria das pessoas gostam, mas nesse momento falou mais forte a voz do coração: o Laranja Califórnia foi a cor escolhida. Essa é uma história muito louca, pois vi um PC que um amigo aqui da FlatOut havia feito e escolheu essa cor, e o carro dele apresentou um resultado sensacional. E outro motivo que também fortaleceu a escolha, essa era uma cor de catálogo da Ford para o Maverick 78.

Mas ainda faltava alguma coisa com relação a cor, porque eu gostei muito de carros de pintura sólida, achava que faltava um pouco de brilho para valorizar o desenho daquela carroceria. Então, um dia estava eu conversando com o pintor que iria fazer o carro, ele me mostrou uma tinta com flake metálico que um outro cliente havia colocado em seu carro. Pronto! Era isso! O Laranja Califórnia seria a cor base da pintura e teria essa tinta com flake metálico laranja bem discreto no acabamento. Essa seria a pintura do meu caro. Ele teria uma cor sem brilho na falta de luz, mas com a incidência dela o brilho ressaltaria e daria todo o destaque que um clássico como esse merecia ter.

Sem sombra de dúvidas, quando você começa a ver cor em um carro que você só estava vendo na lata, e você vê a cor final que você tanto sonhou, isso traz um sentimento de prazer incrível. Até hoje lembro-me da emoção que foi ver esse carro pintado pela primeira vez. Após a pintura total do carro, foi a vez da aplicação das faixas do GT. Elas foram adesivadas na lateral e o capô foi pintado, por conta da alta temperatura que vem do motor. O processo de pintura total foi finalizado no meio do mês de outubro de 2017, pois além da carroceria, havia a pintura das peças restauradas que foram colocadas interna e externamente no carro. 

O dia que o carro saiu da funilaria e pintura, e seguiu para a montagem foi um dia muito feliz, pois nessa hora você vê que seu sonho começa se concretizar e não é apenas um projeto. 

Existem outras fases muito emocionantes também, que vieram a seguir, mas essas eu vou contar no próximo capítulo desse Project Car. Até a próxima galera!