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Project Cars

Project Cars #535: os primeiros passos do Del Rey 2.0

Por Felipe Leonardo da Silva, Project Cars #535

Olá. No texto anterior contei sobre como surgiu a ideia de ter um Del Rey com motor AP e como foi o processo da compra. A primeira manutenção já foi feita no próprio dia da compra, troquei o óleo e filtro do motor, filtro de ar do carburador e pneus traseiros.

Usei o carro no decorrer da semana, e claramente seria necessária uma revisão geral. A sensação era de que o carro fazia tudo o que precisava para andar, mas nada muito bem.

Para facilitar a realização da manutenção, decidi lavar o cofre do motor com lavadora de alta pressão. O resultado da limpeza foi bom, porém cometi um vacilo que trouxe um problema não planejado.

Removi a bateria, protegi com plástico a caixa de fusíveis, carburador e alternador, apliquei um daqueles desengraxantes líquidos e depois água.

Fiz esse processo pouco antes do almoço num dia de sol. Deixei o capô aberto para dar uma secada, saímos para almoçar, e na volta recoloquei a bateria e removi os plásticos. O motor ligou sem problemas, mas na hora de engatar as marchas, a alavanca “não entrava”, e o pedal estava estranho, até o meio do curso ia livre e depois encontrava uma resistência. Esse problema só ocorria com o motor ligado.

Resumindo: o disco de embreagem ficou encharcado de água/desengraxante e acabou “colando” no volante do motor. Vi alguns vídeos na internet de pessoas que tiveram o mesmo problema por passar em enchente ou coisas do tipo, e bastaria ligar o motor com o câmbio já engatado. Ocorreria um tranco, mas depois que começasse a andar a embreagem descolaria.

Tentei esse método, mas como o motor ainda estava com funcionamento ruim (afinal, ainda não havia feito a manutenção adequada) não tinha “força” para ligar já engatado em primeira marcha ou ré. Por sorte, um amigo do trabalho tem praticamente uma oficina em casa e se ofereceu para levarmos o Del Rey para lá e darmos um jeito.

Guinchamos o carro e acabamos aproveitando para tirar o motor fora para a manutenção. Quanto a embreagem, surpreendentemente ainda estava ok, então só limpamos e montamos novamente.

Nesse momento trocamos o coxim lado direito, velas de ignição, cabos de vela, filtro de combustível, rotor e tampa do distribuidor, selos e retentores do motor, kit correia dentada, correia do alternador, mangueiras do radiador, fluido de arrefecimento, válvula termostática e cabo de embreagem.

Segui utilizando o carro, comprei um kit de reparo para o carburador 2E e fiz uma limpeza e regulagem básica. Com todas essas manutenções o desempenho do motor já melhorou perceptivelmente, mas o consumo de óleo já denunciava que o motor não estava nos seus melhores dias.

Para o meu uso estava ok. Mantinha a atenção no nível de óleo e ia completando conforme necessário.
 Precisei trocar o para-brisas para conseguir passar na vistoria e concluir a transferência para meu nome. O original do carro estava trincado, o que já impossibilitava aprovação na vistoria.

Nesse período de uso também me incomodei um pouco com o funcionamento da ventoinha do radiador, estava montado o cebolão errado (especificação para gasolina, sendo que o correto era o te temperatura maior para álcool).

A bateria também estava muito ruim, as vezes só pegava no tranco. Fiz a troca por uma nova e mais um problema foi resolvido.

Feitas todas essas manutenções que praticamente “garantiam” que o motor estaria tudo em ordem, parti para a “depenação”.

Foram retirados do carro: reservatório do limpador de para-brisa, mangueiras do sistema de ar quente, manta termo-acústica da parede corta fogo, suporte do filtro de combustível, bancos traseiros, forros de porta, moldura lateral do console do câmbio, carpete e tapetes traseiros, puxadores de porta, frisos, para-choque dianteiro, molduras das maçanetas internas, entre outras coisas pequenas.

Durante o processo fui pesando as coisas que iam saindo, não vou listar tudo detalhado aqui, mas somando o que tenho de registros foi algo próximo dos 60 Kg.

Esses dois vídeos registram como o carro ficou logo após esse processo:

 

Dessa forma o carro já mudou drasticamente na questão de percepção ao dirigir. O barulho do motor agora invadindo totalmente o interior do carro. Claramente o conforto sumiu completamente, mas para dar aquele passeio mais entusiasmado pelas estradinhas da região valia muito a pena. Essa experiência de um carro “sem filtro”, ainda mais sendo uma versão sem praticamente nenhum tipo de assistência se mostrou bem interessante.

Inclusive, num desses passeios noturnos com alguns amigos, numa troca de macha mais “enérgica” o trambulador acabou quebrando.

Foi necessário deitar embaixo do carro pra engatar a segunda marcha lá por baixo. Assim deu para voltar para casa sem guincho. Na mesma semana já comprei o kit de peças e fiz o reparo.

O próximo passo foi a revisão de suspensão e freios. Foram substituídos os pivôs, terminais de direção, bieletas, buchas da barra estabilizadora, bandejas, flexíveis, reparo das pinças, fluído de freio, rolamentos de roda, sapatas de freio, panela de freio traseiro, discos de freio, pastilhas de freio (instalando as TECPADS), prisioneiros e porcas das rodas.

Meu uso do carro até a conclusão da manutenção dos freios e suspensão era basicamente ir para o trabalho quando estava chovendo (em dias de sol eu costumava ir de bicicleta), ir ao mercado, casa de algum amigo, alguns passeios para locais aqui da região sem necessidade de pegar rodovia e carregar coisas que eu não carregaria nos outros carros.

Para as viagens acabávamos usando o Opala ou o Ka. Mas, sabendo que agora tinha realmente uma segurança maior pelos freios e suspensão nova, tirei um dia para testar o carro em rodovia. Ao manter o carro acima dos 100km/h por alguns minutos, eis que a luz de óleo acendeu no painel e não apagou mais.
 Encostei num posto de combustível, o nível de óleo estava próximo do mínimo na vareta, completei e liguei novamente.

Consegui andar mais alguns quilômetros, mas logo a luz acendeu novamente e o motor começou a falhar. Encostei novamente e o motor não ligou mais. Tive que voltar para casa de guincho e comecei a planejar a retífica completa do motor, já com a preparação que tinha em mente.

Na próxima parte vou contar como foi o processo de retífica do motor e qual a preparação realizada, além da funilaria parcial que foi feita no mesmo período. Obrigado pela leitura e até mais!


 

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