Em matéria de atualização do Clio eu ando um tanto quanto relaxado. Não é só aqui no FlatOut não, galera. É um abandono pessoal devido a muitos problemas que andei passando com o carro nos últimos tempos. Acho que todo mundo que encara um “Project Car” já deve ter passado por um surto de desânimo ao longo dos anos, mas como estamos em um novo ano, vamos retomar a história e mostrar o saldo (positivo, pois ao longo desses meses nem tudo foram rosas) de tudo o que já rolou desde a minha ultima aparição por aqui. Então se acomode bem por que a história é longa!
No último post eu comentei sobre o término do swap, as primeiras impressões com o carro e a ajuda dos amigos nessa etapa tão importante. Foram meses de muitas alegrias e algumas tristezas. Prometi não falar das partes ruins do projeto (o foco são as vitórias), mas esse pedaço eu preciso contar pois foi a alavanca que faltava para que eu pudesse me dedicar um pouco à estética do carro.
Em dezembro de 2013, cerca de um mês após o termino do swap eu resolvi viajar com os amigos para Ilha Bela (litoral sul de São Paulo). No caminho foram mil maravilhas, ter um carro com torque bom é um show à parte nas subidas e retomadas em serra. Eu estava radiante com o desempenho do carro na estrada pois era a primeira viagem que eu fazia com ele desde a minha volta de Belo Horizonte/MG onde realizei o swap. O fim de semana foi tranquilo até então.
Mas após um passeio pela ilha, quase na volta para a casa onde estávamos hospedados eu acabei perdendo o controle do carro e bati. Minutos depois da colisão ainda não havia caído à ficha do que tinha acontecido, mas com o passar das horas eu comecei a perceber o tamanho da encrenca. Por sorte, nem eu nem o amigo que estava comigo no carro sofremos nada, apenas escoriações leves. Após a batida, sai rapidamente para analisar os danos do carro, por sorte, nada relacionado à mecânica havia sido afetado, mas a lataria…
Passado o susto, chamei o guincho do seguro e após o fim de semana o carro já está de volta a São Paulo. Nesse meio tempo já havia contatado meu grande amigo Luciano que, mesmo com a oficina cheia, de prontidão abriu as portas para receber o carro e assim dar início aos reparos.
Com o carro na oficina, comecei a pensar nos gastos que eu teria e nas ideias que ainda tinha com o carro. Todo mundo aqui já deve ter percebido que o meu objetivo para o Clio é chegar o mais próximo possível de um autêntico Renault Sport Clio, mas confesso que desanimei muito ao ver o tamanho da lista de peças que eu precisaria trocar para deixar o carro como original. Imagine então continuar o projeto.
Mas nesse momento, entraram novamente em cena a ajuda e os conselhos do Bruno que foi uma das pessoas mais importantes na lista de incentivadores da etapa “swap” e que não podia ficar de fora dessa fase, ele que já passou por poucas e boas no seu projeto, me deu diversos conselhos e alternativas para continuar com o meu. Agradeço demais o apoio e incentivo não só dele, mas de todos os meus amigos que acompanharam essa etapa chata que vivi.
Passado esse pequeno surto de desanimo, começamos os trabalhos. Cotamos cores, batemos códigos, listei a lista de peças a serem trocadas, a mão de obra de funilaria e pintura e finalmente me decidi. Era o momento certo para mudar a cor do carro e deixa-lo o mais próximo do meu objetivo.
De todas as cores existentes, o Azul Mônaco é a cor Renault Sport que eu mais me apaixonei. Sem dúvidas foi a minha melhor escolha dentre todas as opções que eu tinha. O Bruno, com seu vasto conhecimento da família Renault, conseguiu os códigos e a empresa que trabalhava com as mesmas marcas de pigmentos da cor original que infelizmente não veio para o Brasil em nenhum veículo Renault se quer. Então foi só questão de tempo entre preparar a cor com os pigmentos necessários e enviar para são Paulo para que o carro pudesse ser pintado.
Foram cerca de três meses entre a entrada do carro na oficina e sua saída, tempo relativamente normal para um trabalho desse tamanho (foi realizado a desmontagem de vidros e acabamentos, funilaria da batida, funilaria dos ralados decorrentes da idade do carro e a pintura completa), mas para mim foi uma eternidade.
Com o carro em mãos novamente, o animo para continuar o projeto ganhou um gás descomunal… Fiquei empolgado com o novo visual do carro e resolvi das inicio ao “Stage II” da mecânica para ficar um pouco mais perto do meu objetivo (mecânica FULL do Clio RS172).
Como contei no segundo post, até então eu só havia realizado o swap… O F4R (sigla dos 2.0 16v Renault) ainda usava muitas peças compartilhadas do antecessor 1.6 e não tinha extraído ao máximo a potencia que o 2.0 era capaz de gerar.
Como não disponho de grana a vontade, tive novamente que recorrer às planilhas do projeto para começar a listar os itens que precisaria para o upgrade e assim fazer tudo isso caber no meu orçamento. Foram longos Nove meses de aquisições e parcelamentos para conseguir tudo (ou o essencial) para concluir a segunda fase.
Depois de muita luta, adquiri a tão sonhada injeção programável… Finalmente sairia a injeção original para a entrada da FuelTech FT500 e todos os seus acessórios necessários para montagem. Com a ajuda dos amigos do “Mundo Renault”, também consegui cabeçote e comandos originais de Clio RS172 vindos da Inglaterra para se juntar o coletor de admissão (que particularmente eu acho a cereja do bolo para esse motor) que havia importado a quase 1 ano atrás.
E depois de tanta peça comprada e um acumulo gigante de embalagens em casa, eis que chegam as férias de 2014 para por tudo isso em funcionamento… Era uma etapa bem corrida, pois envolvia a montagem da injeção que foi feita em casa mesmo com a ajuda do amigo Thiago da P9 e a montagem do cabeçote e demais peças mecânicas que seriam montadas na Só Renault de Belo horizonte (sim, viajei novamente 600km para montar as peças no carro).
Quatro dias após a conclusão da montagem da injeção em casa (foram dias corridos, viramos duas noites e finalmente concluímos a montagem sem maiores dores de cabeça, agradeço D+ ao apoio e empenho do Thiago da P9 Power Factory que além de muito amigo, foi um profissional sensacional ao se comprometer a entregar o carro), arrumei as malas, embalei o restante das peças e fui pra BH, alguns me chamaram de louco por viajar pra tão longe para fazer um serviço relativamente “simples”, mas sou metódico com as coisas e sempre penso que “em time que tá ganhando, não se mexe”.
De volta a São Paulo, é hora de arrumar os detalhes mínimos que ficaram para trás. Dei uma geral no cofre, montei intake, filtro, mudamos a bateria de lugar, coloquei um novo coletor de escape (sai o 4×1 de copa clio, entra um 4x2x1 feito sob medida) refiz, refiz as curvas e instalei as tão sonhadas OZ F1 (este modelo é original dos Clios RS172 Fase 1 e foram importadas da Inglaterra) para fechar o visual dessa fase.
Apesar de algumas peças terem sido compradas a quase um ano, tudo isso aconteceu entre outubro e dezembro do ano passado. Em dezembro consegui fazer um acerto básico do carro para melhorar o consumo e um pouco da performance… Ainda existem detalhes que preciso resolver, pois atualmente o carro está com um pouco de falta de combustível em alta sendo necessários novos bicos de maior vazão.
No mais, estou bem contente com o resultado, pois são três anos de projeto e 80% de conclusão. Só agora eu posso dizer que está acabando.
Vou ficar devendo os vídeos do dinamômetro, mas essa parte eu deixarei para um próximo post onde contarei um pouco melhor sobre a etapa de acerto, receita escolhida e ajustes da mecânica para chegar no estágio em que ele está.
Bom, é isso. Neste ano pretendo resolver as ultimas pendências desse estágio II, fazer manutenção no sistema de freios e partir para a etapa de suspensão que com certeza renderá muito conteúdo para o Project Cars. Agradeço de coração ao espaço do FlatOut e a sua paciência de ler esse extenso (para não dizer gigante) relato de um gearhead.
Abraços e até a próxima!
Por Diego Santiago, Project Cars #78