Salve galera do FlatOut! Meu nome é Samuel, tenho 19 anos, sou acadêmico de Engenharia Mecânica e representante da equipe Baja Cataratas no Project Cars. Quero dizer que todos os membros da equipe estão muito empolgados por terem a chance de mostrar para a comunidade gearhead um pouco da rotina da maior competição universitária do Brasil e do mundo, e principalmente todo o planejamento e dificuldades atrás da construção de um protótipo de Baja SAE.
Neste primeiro contato gostaria de apresentar a vocês o projeto Baja SAE, assim como expor a recente história da nossa equipe e mostrar um pouco o que queremos, e temos, para o Project Cars.
O Projeto Baja SAE
O projeto Baja SAE foi criado na Universidade da Carolina do Sul, Estados Unidos, sendo que a primeira competição ocorreu em 1976. Somente “alguns” anos depois, em 1995, era realizada a primeira competição brasileira na pista Guido Caloi, bairro do Ibirapuera na cidade de São Paulo. No ano seguinte a competição aconteceu no Autódromo de Interlagos, onde ficaria até o ano de 2002. A partir de 2003 a competição passou a ser realizada em Piracicaba, interior de São Paulo, no Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo – ECPA. Desde 1997 a SAE Brasil também apoia a realização de eventos regionais.
Nós, estudantes de engenharia, somos desafiados a desenvolver e construir um protótipo off-road utilizando conhecimentos adquiridos na sala de aula (ou fora dela). O objetivo disso tudo é que como alunos possamos encarar com um caso real de desenvolvimento de projetos, muitas vezes extrapolando os limites da universidade e botando a mão na massa ou melhor, na graxa. Os membros participam de todas as etapas da concepção do protótipo, busca de patrocínio, gerenciamento de projetos e parte burocrática – urghhh. Ninguém gosta da parte burocrática.
Participamos de duas competições por ano, uma regional e outra nacional, sendo que os três primeiros colocados do nacional ganham a oportunidade de participar das etapas Internacionais, que acontecem nos EUA. O Brasil sempre aparece em posições de destaque quando o assunto é Baja SAE, dando muito trabalho para as equipes internacionais.
A avaliação da equipe não é baseada apenas na performance do carro, mas também em suas características de projeto, como custos, estudos realizados, simulações computacionais e validações a partir de análises laboratoriais e testes em pista e bancada.
Estas avaliações se dão por meio de uma bateria de apresentações teóricas realizadas pelos membros da equipe para juízes responsáveis, muitas vezes engenheiros atuantes na área automotiva. As apresentações cobrem os subsistemas de suspensão e direção, freios, estrutura, acabamentos, eletrônica e transmissão. Eventualmente são criadas apresentações especiais que ocorrem em uma competição em particular.
A seguir o carro segue para uma avaliação de segurança e prova de motor, onde são checadas quaisquer características que estejam em desacordo com as normas da competição. Passamos também por uma prova eliminatória de frenagem, onde o protótipo deve travar as quatro rodas quando o pedal de freio for acionado. O baja também deve comportar adequadamente um juiz escolhido pela organização, que deve avaliar o conforto proporcionado pelo veículo. Caso ele não se prove apto nestas avaliações a equipe não poderá prosseguir na competição.
Por último são realizadas provas dinâmicas de manobrabilidade, aceleração, velocidade máxima, tração e S&T – suspension and traction — bem como um enduro de resistência com duração de três horas na etapa regional e quatro horas na nacional, onde poucos carros chegam ao final inteiros.
A Equipe
Embora tenha saído do papel apenas em 2010, a ideia de participar da competição existe na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste desde 2005, quando seis acadêmicos de Engenharia Mecânica deram início ao primeiro projeto Baja Cataratas de Baja SAE. Contando com alguns equipamentos cedidos de uma das oficinas da Itaipu Binacional, e apoio do engenheiro Roberto Queiroz, os alunos deram o ponta pé inicial nas atividades, que não foi levado a diante, devido a dificuldade na obtenção de patrocínios e parcerias, com isso os integrantes mesmo com muito entusiasmo, não tiveram outra opção, e tiveram que paralisar o projeto.
Em 2010, Um novo grupo retomou a ideia inicial da equipe Baja, construindo o primeiro protótipo da equipe, o RQ-1. Que recebeu as iniciais em homenagem ao engenheiro Roberto Queiroz que veio a falecer em 2008. Deste então a equipe segue com o planejamento e construção dos protótipos, como o bem sucedido RQ-2.1. Atualmente o RQ-3 está em fase de projeto, e é sobre ele que gostaríamos de falar nos próximos posts do Project Cars.
A equipe Baja Cataratas atualmente é formada por acadêmicos de Engenharia Mecânica, Elétrica e Ciências da computação, contando ainda com o apoio de professores.
Histórico dos carros
Segue agora uma série de fotos que mostra os protótipos que já foram construídos até agora pela equipe até chegar no nosso atual RQ-2.1, quais as mudanças que foram ocorrendo e qual as expectativas para o RQ-3.
RQ-1 — O Passado
O primeiro protótipo da equipe era como uma limusine na competição, pena que era uma competição off-road. Brincamos até hoje que dava para levar a família inteira e o cachorro para passear. Ele foi usado em 2011 na 1º competição nacional que a equipe participou. Devido à falta de experiência, não se obteve resultados significativos, porem a adrenalina e excitação da competição invadiu o sangue dos membros, e a partir daquele dia o projeto nunca mais foi o mesmo.
RQ 1.1
O aprimoramento do seu antecessor, ainda é considerado um sedã para a categoria. Com redução de tamanho e peso assim como ajustes dinâmicos o projeto foi utilizado na etapa sul de 2011 e redeu o 1º lugar na prova de tração e a 9º colocação geral. O carro é utilizado ainda hoje para o treinamento de calouros.
RQ-2
Com a experiência obtida com os caros passados foi criado um novo projeto, agora mais sofisticado, leve e resistente que o anterior. Utilizado nas etapas Sul e Nacional de 2012, não cumpriu desempenho esperado na etapa nacional devido a problemas com o montante do motor, que nos deixou na mão logo nas primeiras voltas do enduro. Porém na Etapa Sul rendeu o 2º lugar em S&T e 6º colocação geral, assim como o título de destaque das equipes paranaenses.
RQ-2.1 — O Presente
Deriva de ajustes na dinâmica e estrutura, e continuando a tradição de redução de massa dos seus antecessores. Obteve a posição de vice-campeão da etapa Sul 2013, ficando em primeiro lugar em aceleração, 2º em S&T*, 2º em conforto. Participou ainda da 20º competição Nacional, realizada em 2014. Voltamos de lá com a 13º colocação geral entre 72 equipes, um resultado muito significativo para nós. Assim como 2º Lugar na Prova de Mud bog que foi realizada para comemorar o 20º aniversário da competição, e o 4º Lugar em S&T.
O Futuro
Atualmente estamos projetando o RQ-3, que contará com mudanças significativas nas suspensões, com a adoção do sistema multi-link, sistema de direção mais esportiva e caixa de transmissão com adoção de marchas e outros acertos na dinâmica do carro.
Esta experiência de projetar e construir o novo carro que gostaríamos de compartilhar com vocês, senhores leitores do FlatOut, apaixonados por tudo que se mova com ajuda de um, ou mais motores!
Estaremos iniciando a construção do novo protótipo em junho, com data de finalização prevista para outubro de 2014. Atualmente estamos finalizando o projeto do veiculo em software de desenho (CAD) e realizando algumas simulações e estudos para finalizar esta etapa. É muito importante que iniciemos a construção com o projeto inteiramente definido, cada peça, componente por componente evitando assim surpresas, como peças que não se encaixam, dificuldades de construção e produção das peças entre outras, evitando assim as famosas reparações técnicas de emergência chamadas pelos mais íntimos de “gambiarras”. Segue uma imagem do novo protótipo em sua fase inicial de modelagem:
Bom pessoal é isso que gostaria de falar para o primeiro post, se vemos em breve!
Much torque! So powerful! Wow!
Por Samuel Dianin, Project Cars #97