Nunca, nunca vamos parar de admirar projetos de engine swap bem feitos — trocas de motor bem executadas e adaptadas, que muitas vezes transformam carros que já são bem legais em verdadeiros monstrinhos. É o caso deste aqui: um Mazda MX-5 Miata (que já é bacana por si só) transformado em um dos sleepers mais incríveis do pedaço graças a um V8 Chevrolet LS3 de 532 cv.
É o Project Thunderbolt, idealizado e executado por Tom Tharp, da . Sua oficina no Tennessee é especializada em projetos turbinados, especialmente nos carros da Mitsubishi, como o Mirage e o Lancer. Contudo, para seu projeto pessoal, ele decidiu seguir por um caminho diferente: prestar uma homenagem aos clássicos roadsters com motor V8, como o Shelby Cobra.
“O mantra do carro pequeno com motor grande sempre me intrigou, desde que eu me lembro”, são as palavras do próprio . “Meus favoritos são os roadsters V8 de dois lugares — esportivos potentes e equilibrados que te dão aquela viciante descarga de torque quando você pisa no acelerador.” Não dá para discordar da proposta.
Antes/depois
O projeto foi iniciado em janeiro de 2015, com previsão para ficar pronto em maio. Como sabemos, porém, quando se está com um project car na garagem, as coisas nem sempre vão como se espera. Contudo, tendo sido concluído em julho, diríamos que o atraso de dois meses é perfeitamente aceitável.
O carro que serviu como base não foi um Miata qualquer: trata-se (ou tratava-se) de um Mazdaspeed Miata 2004, edição limitada a pouco mais de 5.000 unidades produzidas em 2004 e 2005. Seu maior diferencial era o motor 1.8 turbo de 178 cv, capaz de fazê-lo acelerar até os 100 km/h em 6,2 segundos. Além disso, ele tinha rodas e pneus maiores, visual ligeiramente mais agressivo e acabamento diferenciado no interior.
Tom encontrou um exemplar muito bem cuidado para realizar a troca de motor — daqueles que até dá pena de desmontar. Mas nós, entusiastas, não devemos ter piedade. Não nestes casos.
Ao longo dos meses, o Project Thunderbolt foi atualizado no YouTube, no canal da Tom’s Turbo Garage. Todo o processo foi documentado em vídeo, da desmontagem do carro à conclusão, em uma série com dez episódios. Caso você esteja com tempo, vale a pena assistir:
De acordo com Tom, a maior preocupação dos que conheciam o projeto era um provável prejuízo ao equilíbrio dinâmico do carro, por causa do peso extra na dianteira. O mecânico, contudo, discorda. “Se feito da forma correta, o swap mantém a dirigibilidade do MX-5 intacta. O ronco do motor V8 e a grande injeção de potência simplesmente completam o pacote.”
Tom tomou todos os cuidados para que a adaptação fosse feita da melhor maneira. O mais próximo quanto fosse possível de um Miata V8 de fábrica. O V8 small block, apesar do deslocamento de 6,2 litros, é compacto o bastante para caber no carro, em uma posição relativamente recuada, com modificações relativamente simples no cofre, na parede corta-fogo e no túnel central. O subchassi dianteiro original foi descartado e substituído por outro, sob medida, permitindo o reposicionamento dos componentes da suspensão dianteira. O subchassi traseiro, contudo, foi aproveitado — e modificado para receber o diferencial do Cadillac CTS-V, com relação final de 3,42:1.
O motor escolhido é a versão mais potente do LS3, o V8 de 6,2 litros do Camaro SS. Totalmente original, rende 532 cv a 6.300 rpm e 67,6 mkgf de torque a 4.400 rpm. É praticamente o triplo da potência do quatro-cilindros turbo original. O V8 foi acoplado à transmissão Tremec T56 Magnum, manual de seis marchas, que já foi usada em gerações passadas do Corvette, do Mustang e do Viper.
Além das modificações mecânicas, diversas outras providências foram tomadas para que a experiência de dirigir um Miata V8 fosse a mais natural possível. Por isso, Tom fez questão de instalar um kit de ar-condicionado original Chevrolet, feito especialmente para o motor LS3; além de dar uma atenção especial à parte elétrica e eletrônica — incluindo a troca de sensores para garantir que os instrumentos originais do Miata funcionassem em perfeita harmonia com o motor.
O isolamento acústico entre o cofre e a cabine garantem que o ronco do V8 seja ouvido na medida certa pelos ocupantes — nem inaudível, nem barulhento demais. A trilha sonora perfeita.
É óbvio que o novo conjunto de motor e câmbio não foi a única mudança no Miata. Houve modificações na suspensão para impedir que ele fosse apenas um foguete nas linhas retas, incapaz de contornar curvas. Contudo, elas foram simples: o sistema multilink recebeu novos braços na dianteira e na traseira, além de buchas mais firmes e amortecedores ajustáveis do tipo coilover. Os freios agora usam discos de 36 mm na dianteira, com pinças Willwood na dianteira e pastilhas especiais da Hawk Performance na traseira. Completam o pacote rodas de 16×7,5 polegadas calçadas com pneus Falken Azenis RT-615K de medidas 215/45.
O resultado é um carro realmente muito bonito, claro, mas também muito mais veloz do que era há alguns meses. O vídeo do shakedown — o último episódio publicado no YouTube — não deixa dúvidas.
Agora, resta saber qual será a próxima que a Tom’s Turbo Garage vai aprontar…