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Car Culture Project Cars Project Cars #03

Project Trip #03: Mônaco, Nürburgring e o fim da viagem gearhead pela Europa

Olá novamente, amigos FlatOuters! Aqui quem escreve é Rodrigo Savazzi, e, depois de uma longa ausência, estou de volta (ÊÊÊÊÊÊ!!!) para o último capítulo (Ahhhhhhh…) deste Project Cars, ou melhor, Project Trip! Então pegue seu passaporte, troque alguns Euros e pegue uma carona no banco de trás da Maria, nossa simpática Passat Variant 2.0 TDI companheira de viagem.

Se nos outros capítulos já havíamos cruzado as Autobahnen a mais de 200 km/h e pagado multas na República Tcheca, atravessado os Alpes pelo Stelvio Pass e dado um rolê de Ferrari pelas ruas de Maranello, só falta uma coisa para completar a jornada… E assim, ao 23º dia em solo europeu, adentramos um pequeno vilarejo no extremo oeste alemão:

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Os mais atentos reconhecerão o local pelo castelo que dá nome à cidade, parcialmente visível no alto da colina à esquerda. Os outros vão ler a placa amarela na direita mesmo.

Isso mesmo, meus amigos! Nada como encerrar a nossa viagem com uma peregrinação ao templo máximo da religião Gearhead, a Meca para onde cada um de nós deve fazer o possível para visitar pelo menos uma vez na vida, o Vaticano dos devotos da velocidade e a Disneylândia dos que fazem exame de sangue e o resultado é em octanas. É claro que só posso estar falando de Nürburgring! (Trilha sonora triunfante tocando alto.)

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Ainda hoje recorro às essas fotos para ver se foi verdade mesmo ou algum tipo de delírio induzido por horas demais jogando Gran Turismo…

Mas antes (sempre tem um “mas antes” nesses textos, fazer o que, né?) vamos voltar alguns dias no roteiro, para uma estrada no sul da França, na região conhecida como Côte D’Azur, ou, em bom português, Costa Azul.

Separamos uma tarde, no meio do nosso trajeto entre as cidades de Gênova, na Itália e Marselha para dar um passeio por um pequeno país, chamado de…

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MÔNACO!

Essa pequena cidade autônoma, literalmente encravada no litoral da França, é mundialmente famosa pelos cassinos, iates e pelo (preciso falar mesmo?) Grande Prêmio de Fórmula 1. Se você, como eu, está viajando com sérias restrições orçamentárias e não está disposto a arcar com a hospedagem no local, não se preocupe! Um dia é mais do que suficiente para andar entre os iates de altíssimo luxo na marina, tomar um café à beira-mar enquanto aprecia o trânsito de carros esportivos exóticos e conhecer de perto algumas curvas do circuito de rua mais famoso do mundo.

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É interessante ver entre os jardins e nas praças alguns monumentos que remetem à ligação profunda que o principado tem com o automobilismo. No lugar dos costumeiros líderes políticos e heróis militares que vemos em outros lugares, temos um busto do piloto Louis Chiron e uma impressionante estátua de bronze em tamanho real de Juan Manuel Fangio ao lado de sua Mercedes Benz W 196 “Flecha de Prata”.

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Algumas das obras de arte que se encontram em cada esquina em Mônaco

Agora, com certeza, o ponto alto do dia foi percorrer partes do circuito de rua, reconhecer as paisagens que acostumamos a ver domingo de manhã na televisão e imaginar como seria estar por ali durante algum Grand Prix no final dos anos 80 e começo dos anos 90…

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A saída da Curva do Hotel.

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O famoso túnel

Bom, voltemos ao Inferno Verde… A propósito, o que começa agora é apenas o meu relato pessoal da experiência que eu tive, não tenho intenção de dizer o que ninguém deve ou não fazer ou mesmo escrever um guia de viagem com dicas aprofundadas sobre o tema. Mesmo porque, se eu o fizesse, não chegaria aos pés da impressionante e abrangente série do Flatout, escrita pelo Juliano Barata e referência obrigatória para quem pretende visitar Nürburgring.

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Visão comum nas estradas que levam a Nürburg

A programação previa a chegada em Nürburg tarde da noite, check-in no hotel e descanso para o grande dia, mas graças às velocidades que enfartariam o prefeito de São Paulo, mas perfeitamente normais nas estradas alemãs, chegamos no final da tarde e aproveitamos as horas “de brinde” com um rápido passeio pelos arredores do circuito para matar um pouco da curiosidade.

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Porsche 911 e o Castelo de Nürburg: duas figurinhas carimbadas da paisagem local

Fachada e algumas das lojas do complexo de Nürburgring

No dia seguinte aproveitamos a manhã para visitar o museu e baixar um pouco a ansiedade antes de entrar na pista, já que nossa reserva de veículo era apenas para o período da tarde. A exposição é muito interessante e cobre desde os dias históricos do circuito até os dias atuais. Tem também uma seção mais “feira de ciências” com exposições técnicas e interativas do tipo “como funciona”. Garanto que todos vão gostar, até quem não se liga muito em carros ou automobilismo.

Um dos pontos altos do museu, sem dúvida, é um Mercedes-Benz 190E 2.3-16 Cosworth que venceu em um dos eventos de inauguração do novo traçado sul do circuito, em 1984. Ao volante dos carros idênticos estavam grandes nomes da Fórmula 1, da época e do passado, mas quem acabou ganhando foi um jovem piloto brasileiro (até então) virtualmente desconhecido… Um pouco mais dessa história pode ser lido nesse post do FlatOut!

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O piloto e seu carro, em destaque na exposição

E chegou a tarde e o momento de acelerar pela primeira vez no Grüne Hölle! Nos dirigimos para a Rent4Ring, uma das diversas locadoras de veículos específicos para acelerar no circuito. Escolhemos esta loja pelo preço, bastante razoável, e pelo pacote de aluguel que já incluía o primeiro tanque de combustível e entrada para seis voltas. 

A Rent4Ring e sua frota, composta quase que totalmente de Suzuki Swift

Pegamos um Suzuki Swifit Stage 2, basicamente um Swift Sport com um leve preparo no motor para chegar perto dos 140 cv, pneus semi-slicks, suspensão Öhlins, freios redimensionados e interior depenado, com santo-antônio e bancos concha. Carro muito divertido de guiar, comunicativo e bastante ágil.

Uma dica: durante as touristenfahrten, os dias e horários em que o circuito está aberto para o público, ele pode ser acessado por qualquer veículo regular, logo ninguém vai te impedir de entrar com o seu carro da Hertz, da Avis ou de qualquer outra locadora. Mas não faça isso sem antes ler MUITO ATENTAMENTE se o seu contrato de locação permite. Além do seguro não cobrir eventuais acidentes, muitas locadoras proíbem que seus carros sejam usados em circuitos e quase sempre eles têm instalado um rastreador por GPS que pode te dedar e você pode acabar recebendo uma cartinha como essa:

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Tradução: você foi um menino malvado e nós nunca mais vamos deixar você dirigir um carro nosso

Continuando, depois de um breve briefing de segurança, regras gerais de condução no ‘Ring e o famoso o-que-fazer-se-der-merda, te entregam as chaves do seu carro e te desejam boa sorte. Isso mesmo, você sai pelas ruas da cidade dirigindo um carro de pista recém-alugado sozinho em direção à entrada do circuito. É meio surreal, mas ajuda a ir se acostumando com a posição de dirigir de dirigir do carro e com o peso dos comandos antes de cair na pista de verdade.

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Entendeu tudo? Então bora pra pista!

E chega a hora de encarar os mais de 20 km de asfalto. Nenhum jogo ou simulador pode te preparar para a experiência real. Pode te dar uma noção geral do traçado, das sequencias de curvas, mas é só. As curvas são cegas de verdade, as zebras são verdadeiros degraus na beira do asfalto e a adrenalina bate forte. Resumindo: impossível não sair com um sorriso travado no rosto! É, verdadeiramente, uma sensação única.

Infelizmente não tenho uma filmagem decente do dia. Em 2011 não era permitido durante as touristenfahrten filmar as voltas, de forma que fixar uma Go Pro ou equivalente no carro estava totalmente fora de cogitação. A solução foi entrar com uma câmera semi-oculta e tirar fotos e fotografar escondido. Muitas fotos ficaram boas, mas a filmagem não.  Paciência.

O tempo estava ótimo e pegamos a pista livre quase o tempo todo. Excelente!

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A entrada da curva mais famosa: o Caracciola Karussell, ou simplesmente, Carrossel

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O Carrossel visto de dentro…

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… e, ao mesmo tempo, de fora. Cortesia de um dos inúmeros spotters que batem ponto no circuito e colocam as fotos on-line depois

Como tudo que é bom dura pouco, antes que pudéssemos perceber já estava na hora de devolver o carro e ir embora. Depois dos trâmites da devolução, os clientes da Rent4 Ring são convidados a deixar suas assinaturas em peças de lataria de carros que tiveram pequenos encontros com o guard-rail no circuito.

Hora de devolver o carro e deixar um autógrafo na parede

Finalizando, gostaria de deixar uma última dica que eu considero fundamental para alguém que, como eu, tem pouco tempo para andar em Nürburgring e experiência em pista limitada a meia-dúzia de track-days: escolha um carro que esteja bem abaixo de suas habilidades. Mesmo que o seu orçamento permita alugar um superesportivo, alugue um carro que você consiga dominar em poucas curvas. Tenha em mente que no Inferno Verde a estrela é a pista e não o carro, logo você vai querer se concentrar no traçado e aproveitar a experiência de dirigir num lugar único e saborear cada uma das 73 curvas do traçado e não perder tempo tentando domar um monstro de 500 cv.

E é isso pessoal. No dia seguinte voltamos para Frankfurt para devolver a Maria e pegar nosso voo de volta, encerrando nossa viagem e também este relato. Um abraço e até a próxima!

 

Agradecimentos

Primeiramente gostaria de agradecer ao FlatOut! pela oportunidade de contar essa história e pela paciência com a demora nos envios. É extremamente gratificante ver seu texto publicado num site com esta importância para todos nós que vivemos a cultura automotiva. Além do mais, quero agradecer ao FlatOut! Pelas horas e mais horas de conteúdo e entretenimento de qualidade que proporciona para todos nós e por ser essa verdadeira válvula de escape para o estresse diário.

Em segundo lugar eu gostaria de agradecer a todos os leitores dos meus textos pelo apoio e comentários. Este site não seria o mesmo sem o engajamento dos leitores e quantas vezes já me peguei rindo alto dos comentários.

Por último e mais importante, quero agradecer à Bárbara, minha amada esposa e companheira de aventuras que sempre topou encarar essa e muitas outras viagens malucas ao redor do mundo. Ah, e que também tirou as fotos deste post de dentro do carro em Nürburgring enquanto eu pilotava. Morrendo de medo, mas tirou.

Por Rodrigo Savazzi, Project Cars #03

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Uma mensagem do FlatOut!

O que dizer, Rodrigo? Você fez a viagem dos sonhos dos gearheads, curtiu e conheceu lugares sagrados de todo fã de carros e, de quebra, presenteou os leitores do FlatOut com um belíssimo guia para quem quiser repetir a viagem. Parabéns e obrigado!