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Project Cars Project Cars #210

Project Trip #210: uma viagem de costa a costa pelos EUA a bordo de um Mustang conversível – Parte 2

Olá, amigos! Sou Alexandre e vou contar a segunda parte da viagem que nos levou de costa a costa dos Estados Unidos a bordo de um Mustang conversível. Se você está conhecendo este Project Trip agora, sugiro que comece lendo a primeira parte aqui.

 

Getting our kicks

Como é difícil sair de Chicago em cima da 66. Parece que ela escorrega de baixo do carro, a todo o momento. O GPS, inconveniente, te direciona sempre para rotas mais rápidas, não há muitas placas e uma hora desistimos.

Seguimos pela I-55 até pararmos para abastecer em Dwight, e aí encontramos a ’66 de verdade. É triste ver que por aqui a original é que está apodrecendo ao lado da estrada que você pode andar e por muitas vezes ela some. Tivemos a impressão que a rota foi abandonada, com o asfalto em ruínas!

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Passamos por cidadezinhas minúsculas, que agradecem imensamente uma paradinha, e por desvios dentro de cidades um pouco maiores que acabaram com nossa paciência. Voltamos para a Interstate para ganhar o dia.

 

Saint Louis

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Gateway to the West, Saint Louis era o ponto de partida para os garimpeiros e exploradores do oeste americano. O centro da cidade é muito charmoso e o símbolo da cidade é o Gateway Arch, um grande arco com 192 metros de altura às margens do rio Mississippi. O maior monumento construído pelo homem nos Estados Unidos.

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Fizemos um passeio no rio com aqueles clássicos barcos a vapor (com pás na parte de trás) e visitamos os parques e monumentos do centro da cidade, e fomos almoçar no fim da tarde em um pub irlandês. Depois do almoço seguimos a movimentação de pessoas com camisas e bandeirinhas de time. Tem jogo! Baseball!

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Compramos ingressos na hora e entramos no estádio, St. Louis Cardinals vs Atlanta Braves. Jogo demorado, quase nenhuma rebatida empolgante, as pessoas ficam lá conversando, comendo. É uma festa, mas por vezes parece que ninguém realmente está lá para ver o jogo. O Cardinals perdeu por 7 a 2.

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Poderíamos seguir a Route 66 até Oklahoma City, mas decidimos fazer um desvio ao sul e conhecer Memphis e Dallas.

 

Rendendo amizades

Enquanto o Mississippi descia trançando seu ziguezague à nossa direita, a I-55 até Memphis tinha retas de 15, 25 e até uma com mais de 30 milhas de extensão (cerca de 50 km), sem nunca reduzir pra nada, já que todos andam praticamente na mesma velocidade e os caminhões raramente ultrapassam. No computador de bordo, a média de consumo acumulada do White Horse estava se consolidando em 27 MPG ou uns 12 km por litro. Nada mal.

Paramos pra almoçar em um Wendy’s no meio do caminho, observados com curiosidade por um casal de velhinhos de outra mesa que, tão logo terminamos, nos abordou perguntando sobre o Mustang e querendo saber se éramos de New York. Dissemos que somos do Brasil e eles, muito afetuosos, nos desejaram uma viagem agradável e segura pelo país deles. Depois de se despedirem, o velhinho ainda voltou a nossa mesa para comentar que depois que voltou da guerra da Coréia, ele teve um Mustang também. “Um dos primeiros”, disse.

 

Walking in Memphis

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Já tínhamos achado St. Louis diferente, aqui então os Estados Unidos são outra coisa. Mais quente, mais amistoso, mais bagunçado. Seguimos até a rua Beale, onde o jovem B.B. King costumava tocar e estava rolando uma espécie de “festa do barbecue”. Comemos uma deliciosa costelinha de porco ao barbecue num bar chamado “Pork with an Attitude”.

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Em 1968, Martin Luther King Jr. foi assassinado em Memphis, enquanto hospedado no Lorraine Motel. Visitamos o local que hoje é um museu dedicado à sua memória e aos Direitos Civis.

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O outro local que não poderíamos deixar de visitar é a casa do Rei do Rock. Graceland mostra como era a vida de Elvis Presley nos anos 70, com os cômodos da casa temáticos, salões com roupas de shows e de filmes e centenas de discos de ouro e platina.

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A mesma entrada dá direito a outras atrações. Um salão com automóveis que ele possuiu durante a vida (com o famoso Cadillac cor de rosa), os aviões Hound Dog II e Lisa Marie, e outros com vídeos emocionantes sobre passagens da carreira de Elvis e suas influências na música.Entre uma atração e outra, almoçamos numa hamburgueria no próprio local, decorada como um diner dos anos 50, onde colocamos uma moedinha no jukebox e almoçamos ao som de Blue Moon.

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Dallas

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Partimos para os próximos 750 km de viagem, cruzando o estado do Arkansas, parando apenas na capital Little Rock, para degustar uma saborosíssima costela de porco ao barbecue (de novo) no Whole Hog Cafe, conforme indicação dos nossos amigos, Tati e David, que nos hospedaram em Dallas.

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Dallas é grande, e é a cidade com trânsito mais caótico entre as que passamos. Várias estradas por todo lado, estradas em cima de estradas, o GPS parecia louco.Rodovias fechadas, viadutos em construção, muitos carros na rua a qualquer hora do dia ou da noite, muitos acidentes, muitos carros amassados, muita gente apressada. Já não estávamos mais acostumados com esse tipo de trânsito.

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Fomos ver o Sixth Floor Museum, que fica no lugar de onde foram disparados os tiros que mataram o presidente Jonh F. Kennedy e hoje é um museu em sua memória. Através de vídeos e objetos, vimos a cronologia da tragédia desde a primeira campanha presidencial de JFK, até Dallas, onde foi assassinado praticamente uma hora depois de sua chegada.

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Oklahoma City

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Como sempre, reservamos o hotel um dia antes (uma sexta-feira) e seguimos para o norte, para Oklahoma City. Quando chegamos ao nosso hotel, a reserva não estava lá. Tivemos que gastar o inglês até descobrir que Fernanda tinha feito a reserva para o sábado seguinte, mas a recepcionista foi compreensiva e adiantou a reserva para aquele dia, sem taxas adicionais.

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Oklahoma City é mais uma cidade tranquila, para nosso alívio, e passamos um domingo chuvoso bem agradável. Almoçamos em um restaurante italiano em Bricktown, um bairro onde praticamente todas as construções são de tijolos a vista, e a outra atração que escolhemos para ver aqui é um memorial de um atentado a bomba que ocorreu em 19 de abril de 1995.

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A área externa do Memorial pode ser visitada a qualquer hora e é composto por um espelho d’água (onde antes ficava a rua), com um portal de bronze em cada extremidade, onde em um deles se vê a inscrição 9:01 e no outro 9:03 (referenciando o horário de detonação da bomba em frente ao edifício Alfred P. Murrah), 168 cadeiras vazias (que representam as vítimas), e um Ulmeiro, símbolo dos sobreviventes, uma árvore que quase foi destruída, pela força da explosão e pelos destroços, e sobreviveu.

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Back to ‘66

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Deixamos Oklahoma City pela Rota 66. Diferente do trecho meio deteriorado que percorremos no estado de Illinois, por aqui a ’66 é uma estrada viva. Com postos de gasolina da época, e outras atrações de gente que tira seu sustento da rota histórica. Encontramos um Museu da Rota 66 e paramos para uma visita.

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A loja de souvenires tinha um velho Stingray com antigas bombas de gasolina e uma vovozinha muito gentil nos recepcionou no local e pediu que preenchêssemos o livro de visitantes. Quando viu que nossa residência era no Brasil nos perguntou empolgadíssima se estávamos percorrendo toda a extensão da Rota 66. Quando explicamos o plano e tudo que já havia passado, ela exclamou: “My godness! Vocês já conhecem mais do meu país do que eu já vi em toda minha vida”.

Ela nos disse que tinha duas notícias para nós. Uma boa e uma ruim. Prefiro sempre saber a ruim, e era que o museu estava em reforma e só reabriria dali a dois dias. E a boa?

“Oh… não tenho uma boa notícia”.

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De volta ao Texas pela Rota 66, nos deparamos com Texola, uma cidade fantasma na divisa.

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Amarillo

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Partimos rumo ao Velho Oeste americano atravessando a planície cada vez menos verde, até entrarmos novamente no Texas. Chegamos a um hotel na beira da estrada e fomos jantar em um lugar muito legal, o World Famous Big Texan Steak Ranch. Texano até o osso, aqui existe um desafio gastronômico. Você pede o “The Texas King” e se terminar em uma hora ou menos, não paga os 72 dólares, que é o preço do prato. São dois quilos de carne com pães, batata assada, um coquetel de camarão e salada. É tudo ou nada.

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No caso nada, por mais tentador que pareça, a fome não era tanta assim. Mas para finalizar a bizarrice, deixo aqui o recorde de tempo registrado para acabar com a refeição, na época da viagem era de 8 minutos e 52 segundos. Até que em 2014 apareceu uma mulher lá e, não só bateu este recorde, comeu dois Texas King’s em menos de 15 minutos. Sim, uma mulher comeu dois.

Passamos a noite e pegamos a estrada no outro dia, não sem antes visitar o que nos fez parar em Amarillo: o Cadillac Ranch.

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O Cadillac Ranch fica às margens da Interstate 40, é só estacionar o carro na estrada marginal e ir lá. Não existe nenhum centro de visitantes, nem ninguém cobrando a entrada. São 10 Cadillacs de diferentes anos de fabricação, enfileirados, igualmente espaçados, enterrados até a metade, todos no mesmo ângulo, pixados pelos visitantes com latas de tinta spray, que geralmente estão espalhadas pelo terreno.

 

Albuquerque

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Até o fim do Texas, plantações a perder de vista. E seguindo encontramos Adrian, uma cidade que é o ponto médio da Rota 66: 1.139 milhas até Chicago, 1.139 milhas até Los Angeles.  Depois disso a vegetação vai escasseando, as poucas árvores vão encolhendo até se tornarem arbustos retorcidos, e o solo fica pedregoso.

Assim chegamos a Albuquerque, um lugar tão seco que seus olhos ardem, e seu nariz sangra e sua boca seca como numa ressaca infinita. Bônus de mais uma hora pelo fuso horário.

Visitamos o National Museum of Nuclear Science, que conta a história desde o descobrimento do potencial energético do Urânio, até a construção de Usinas Nucleares e das Bombas da Segunda Guerra Mundial. Lá tem réplicas das bombas Little Boy e Fat Man, que destruíram Hiroshima e Nagasaki, entre outros mísseis e armamentos, curiosidades sobre a Guerra Fria, e um quintal com bombardeiros, como o B-29 e o B-52, e peças de submarinos.

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O museu é aqui porque em Trinity (90 milhas ao sul de Albuquerque) foram realizados testes com bombas atômicas, três semanas antes de elas serem lançadas no Japão.

Ficamos felizes de ouvir o português, quando no hotel encontramos um grupo de brasileiros no café da manhã. Pareciam estar viajando com motocicletas e estavam discutindo o caminho pela Rota 66 até Los Angeles. Fernanda insistiu para fazermos contato e eu fui lá me apresentar.

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Pareciam nada amistosos para pessoas que estavam até àquela hora reclamando que o principal problema era o inglês. Cheguei disposto a compartilhar alguma informação de viagem, mas conversamos bem pouco. Pareciam muito orgulhosos de dizer que já haviam percorrido 1800 milhas, e quando dissemos que New York já tinha ficado a quase 4500 milhas atrás fomos excluídos da conversa deles, ao que desejei uma boa viagem, quem sabe não nos encontraríamos outra vez? Recebi algum grunhido de volta.

 

Deserto

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O caminho entre Albuquerque e Flagstaff pela Rota 66 é um deserto. Vez em quando você vê um grupo de motos, às vezes um carro perdido e mais ninguém. A paisagem vai se tornando avermelhada, familiar de certa forma. Até que… claro! Arizona é a terra do Papa Léguas e o do Coyote.

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Desviamos da rota para ver duas grandes atrações do deserto neste trecho.

O Petrified Forest National Park, uma área colorida do deserto também chamada de Painted Desert, onde um dia uma floresta foi encoberta por sedimentos. Os sedimentos reagiram com as células das arvores, por milhares de anos, e cristalizaram formando verdadeiros “troncos de pedra”.

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Meteor Crater é outra jóia do deserto americano, há 50 mil anos um meteoro se chocou contra esse planalto, no que hoje é uma cratera com 1,6 km de diâmetro com bordas elevadas como uma flor desabrochando. É tão grande que dos mirantes da borda não é possível fotografar toda a cratera. É impressionante e é difícil imaginar a força necessária para causar esta mudança no terreno. Como aqui não chove, esta é a cratera de meteoro mais bem preservada do planeta.

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Flagstaff

Flagstaff é uma cidadezinha acolhedora, onde muitos viajantes se hospedam como ponto de partida para visitação do Grand Canyon.

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Acordamos no outro dia às 6:30h da manhã, quando nos demos conta que ganhamos mais uma hora do fuso horário e isso nos desregulou. Texas, New Mexico e Arizona: três estados, três mudanças de horário. Queríamos ver o pôr-do-sol no Grand Canyon e agora teríamos o dia inteiro de ‘nada’ para fazer. Procuramos na internet alguma atração natural do local e encontramos a Grand Falls. Dizia que nos meses de março até meados de maio a neve descongela do topo das montanhas e desce, lavando o deserto até cair em um cânion no meio do deserto aqui perto. Em Grand Falls, a água chega tão barrenta ao cânion que isso lhe rendeu o apelido de Cascata de Chocolate.

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Partimos pela I-40 até a entrada de estrada de terra, abrimos uma porteira, avançamos por entre as propriedades, numa “costela de vaca” infinita onde não conseguíamos avançar a mais de 40 km/h, até que a estrada se tornou uma vaga lembrança. Era até estranho aquilo estar tão bem mapeado no GPS. Ali não era o lugar de um Mustang, muito menos de um conversível, mas enfim chegamos. Grand Falls era de fato impressionante, mas estava completamente seca.

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Iniciamos nossa volta pelo caminho mapeado que era mais longo até a cidade, mas chegava mais rápido em uma estrada de asfalto. Tentei ignorar, o máximo que pude, um símbolo que nunca havia visto no painel de um carro, até que tive que parar. Tínhamos um pneu furado. Sem telefone, nem uma viva alma no raio de 10 quilômetros, retirei nossas bagagens do porta-malas e comecei o processo de troca do pneu direito traseiro. Substituí um pneu aro 17’’super largo por outro finíssimo, enquanto um vento constante ia enchendo tudo de areia. E quando eu digo tudo, digo que a areia se infiltrou pelo zíper da mala e pelas frestas da capota do carro.

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“Meu momento borracheiro… ignorem o cofrinho”

O carro era um silêncio só, enquanto empoeirados rezávamos mentalmente para que os pneus aguentassem até o asfalto. De volta ao hotel não tive alternativa, tive que superar meu medo de falar ao telefone e ligar para a central de atendimento.

“Então, eu aluguei um carro com vocês em New York e o pneu furou… estou em Flagstaff, no Arizona”
“Onde?”

Apesar do meu medo de falar inglês pelo telefone, foi tudo tranquilo. Em minutos ele me retornou com três lugares em Flagstaff que estariam me esperando para trocar o pneu. Escolhi um deles, onde realmente já estavam mesmo me esperando e deixamos o carro lá. Saímos pra almoçar a pé e quando voltamos o atendente estava no telefone com o pessoal da central de atendimento da locadora realizando o pagamento do serviço. Entregaram-me a chave e saímos com o Mustang conversível cor de areia, com capota cor de areia, com pneus dianteiros cor de areia, e novíssimos pneus traseiros pretinhos.

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Passamos o resto da tarde no South Rim do Grand Canyon, acompanhados de uma paisagem espetacular até presenciar o pôr-do-sol de tirar o fôlego.

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Las Vegas

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Depois de mais um trecho pela ’66, desviamos ao norte para seguir até Las Vegas. No caminho paramos na Hoover Dam, uma usina de energia hidroelétrica incrível, construída em 1935, com mais de 220 metros de altura, dentro de um cânion no rio Colorado.

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Na primeira noite em Las Vegas ficamos em um hotelzinho chulé no norte da cidade. Isso porque no outro dia queríamos estar bem pertinho do autódromo, o Las Vegas Motor Speedway. No estacionamento do autódromo, a Exotics Racing construiu uma pista e você pode alugar um supercarro para umas voltas.

Exotics

Aluguei 570 hp de Lamborghini Superleggera, para cinco voltas por 399 dólares.Depois de um briefing sobre frenagem e ataque de curvas, me colocaram um capacete, mas com 1,80 de altura e na posição que o instrutor queria o banco fui sem capacete mesmo. Parti para a pista com o V10 gritando atrás de mim.

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Sim, tem um instrutor que te acompanha no carro, mas não pense que ele é como aquele seu instrutor chato de autoescola. Existem vários instrutores e cada um é especialista em um carro, então você está com um expert. “Pé na tabua” e “não freie ainda” foram as coisas que mais ouvi. Vale cada centavo e você pode conferir essa experiência abaixo:

Eu estava muito nervoso pra conferir o velocímetro, mas no fim da reta é possível chegar a 200 km/h.

 

Agora sim, Las Vegas

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Se você pretende vir aos Estados Unidos curtir mais que compras, Las Vegas é o lugar. Nos hospedamos no Stratosphere, ao preço de R$ 54 a diária. Eu não escrevi errado: 54 reais foi o preço que pagamos pela diária em um dos hotéis mais tops em Las Vegas.

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O Stratosphere tem cassino, piscina e uma torre altíssima, considerada a maior torre de observação dos Estados Unidos com 350 metros de altura. No alto da torre há um restaurante giratório e uns brinquedos insanos: o Sky Jump, o Big Shot, o Insanity e o X-Scream. Eu não saberia descrevê-los, procure “Stratosphere rides” no Google ou no Youtube para saber o que eu quero dizer com “brinquedos insanos”. O acesso à torre é livre para hóspedes e é desnecessário dizer que a vista lá de cima é espetacular.

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O ideal para passear por aqui é alugar um carro. Os estacionamentos dos cassinos são enormes e gratuitos. Além do Stratosphere, vimos o show das fontes do Bellagio, um espetáculo à frente do Treasure Island, visitamos o Circus Circus e o The Venetian com seus canais e gôndolas, e assistimos a um espetáculo do Cirque du Soleil no MGM. Fizemos compras, comemos e bebemos muito bem, jogamos nos cassinos e ganhamos seis dólares! E não vimos nem metade de Las Vegas, mas chegou a hora de partir para dentro da Califórnia, rumo a LA.

 

Los Angeles

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A estrada é outro espetáculo, 500 km enquanto desce 600 metros vai se tornando verdejante até entrar no aglomerado de cidades que fazem parte da área metropolitana de Los Angeles. Fomos direto a Venice Beach, curtir um pôr-do-sol com nosso companheiro pelo resto da viagem, o Pacífico.

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Circulamos pela cidade, visitando os principais pontos: a calçada da fama, o Kodak Theatre, o letreiro de Hollywood, o Griffith Park (cinco vezes maior que o Central Park em NYC), a Rodeo Drive em Bervely Hills (a rua mais cara do mundo), e o Santa Monica Pier, o fim turístico da Rota 66.

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Exaustos, voltamos a ser criança em um dia inteiro na Disneyland, que fazia 57 anos em 2012. E mais cansados ainda, passamos um dia inteiro nos parques da Universal. Imperdíveis.

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Não iria ter graça nenhuma sair de Venice Beach até a ponte Golden Gate pela Interstate 5. Saímos pela California State Route 1.

 

California 1

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Para nós, California 1 é a estrada mais bonita dos Estados Unidos, com o litoral recortado e uma paisagem de cair o queixo a cada curva da estrada.

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E, como na Rota 66, é preciso um pouco de concentração para permanecer nela, pois cada vez que você passa por uma cidade, o GPS tende a mandar você de volta para a pista que te leva em menos tempo até o destino.

 

“Morro Bay: óbvio”

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Antes de chegarmos aqui, planejávamos fazer a rota em um dia, mas é um desperdício passar tão rápido por esta estrada espetacular. Dormimos uma noite em Morro Bay, lugar que dividia na metade o trecho que percorremos, mas a California 1 pede por ser aproveitada em até quatro dias. A névoa pesada das manhãs, faróis cinematográficos, leões marinhos, o pôr-do-sol no Pacífico e os morangos (ah! os morangos).

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San Francisco

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Foi por muito pouco que perdemos o pôr-do-sol quando chegamos à Golden Gate. Foi emocionante atravessar a ponte, pois este era o marco de que a viagem tinha chegado a seu destino final. O White Horse ainda iria nos levar para passear em San Francisco, mas seus dias parceria conosco, de velocidade constante roncando pelas florestas e cascatas, desertos, planícies, cânions, rios e pelas maiores cidades dos Estados Unidos tinha chegado ao fim. Vimos escurecer do outro lado antes de voltarmos pela ponte até o nosso hotel em Daly City.

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San Francisco é uma cidade muito agradável, nossa impressão foi de que seus cidadãos são muito simpáticos quando na nossa primeira parada para estacionar na The Embarcadero, um senhorzinho nos cedeu sua vaga na calçada, dizendo que já havia pagado o parquímetro e podíamos aproveitar os 50 minutos que ainda restavam.

Passeamos pelo centro da cidade, passamos pela Pirâmide Transamérica, a prefeitura, a Coit Tower, descemos pela Lombard Street, almoçamos em Chinatown e fizemos um passeio de barco que passava por baixo da ponte Golden Gate e circulava a ilha de Alcatraz.

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Deixamos nosso companheiro com placas de New York na California. Na despedida, o White Horse até parecia triste, nós com certeza estávamos. Só trouxemos uma foto com a distância final: 6.616,4 milhas. Missão cumprida. Missão comprida. 42 dias nos Estados Unidos e 10.648 quilômetros embaixo de nossas rodas.

 

Mais?

Passaram-se meses desde o fim da viagem, 2012 já estava chegando ao fim e eu andava agitado. Cruzar os Estados Unidos de costa a costa havia sido uma experiência incrível, mas e todos aqueles lugares que ainda estavam lá esperando para serem descobertos? Tínhamos que voltar lá, queríamos mais. Vocês estão preparados para mais?

Por Alexandre Souza, Project Cars #210

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