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Proposta visa liberar postos sem frentista e carros a diesel no Brasil
Você deve ter visto que, nesta semana, o governo federal editou uma Medida Provisória que altera as regras da comercialização de combustíveis no Brasil, liberando a venda direta de produtores/importadores para os revendedores, sem passar pelos distribuidores. Tratamos dela há alguns dias, aqui mesmo no Zero a 300 (leia aqui).
Aproveitando a publicação da Medida Provisória, o deputado federal Kim Kataguiri encaminhou duas propostas de emenda ao texto inicial, visando extinguir a proibição da modalidade de auto-atendimento nos postos, o que dispensaria a contratação de frentistas, e a liberação da venda de carros de passeio movidos a diesel no Brasil. Segundo o deputado, as duas propostas visam contribuir com a redução do preço dos combustíveis.
O FlatOut já abordou o assunto diversas vezes no passado, incluindo a questão dos custos com os frentistas e as justificativas incoerentes para a proibição do sistema de auto-atendimento (leia abaixo). Segundo fontes ouvidas anteriormente pelo FlatOut, atualmente, os encargos trabalhistas são a segunda maior despesa de um posto de combustível, então a dispensa de frentistas poderia resultar em margens menores.
As justificativas da lei em vigor, criada em 2002, proposta pelo então deputado federal Aldo Rebelo e sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, argumentava que o manuseio das bombas exige treinamento específico e conhecimento de normas de segurança para a manipulação segura do equipamento. Além disso, argumentava que é preciso usar equipamentos de proteção individual devido à toxicidade dos combustíveis, em especial a gasolina, que contém benzeno “que é comprovadamente cancerígeno”.
Por estarem expostos continuamente aos vapores de combustíveis/benzeno e aos riscos inerentes à atividade, os encargos trabalhistas incluem adicionais de periculosidade, além de um adicional noturno (para aqueles que trabalham após as 22 horas) superior ao previsto pela CLT para trabalhadores de outros setores. Além disso, os frentistas precisam passar por um exame de hemograma semestral, custeado pelo empregador, pois a exposição constante ao benzeno e demais hidrocarbonetos pode desencadear diversos tipos de câncer, como linfomas e câncer de pele.
Ainda há um ultimo custo adicional: diferentemente de praticamente todos os setores do mercado, os postos têm por obrigação legal a lavagem dos uniformes dos frentistas ao menos duas vezes por semana.
Há, claro, questões sócio-econômicas e culturais. No campo sócio-econômico, a liberação de postos do auto-atendimento poderia causar uma onda de demissões em um momento crítico da economia global. Atualmente há cerca de 500.000 frentistas no Brasil e 14,7 milhões de desempregados. Se, hipoteticamente, todos os frentistas fossem demitidos, somente estas demissões provocariam um aumento de 3,5% no número de desempregados.
As questões culturais, contudo, podem impedir demissões. Afinal, há frentistas no mundo todo — mesmo nos EUA, onde os filmes nos fazem crer que esse trabalho não existe mais —, ainda que somente 14 países dispensem a obrigatoriedade de um funcionário para abastecer os carros. O serviço do frentista é um diferencial do atendimento do posto, não apenas pelo conforto e conveniência de não sair do carro, mas também para clientes que não desejam manusear o equipamento por quaisquer motivos — imagine, por exemplo, uma pessoa com roupas claras, pronta para um evento social, manuseando a bomba de combustível. Portanto, ainda que a obrigatoriedade seja derrubada, é certo que alguns postos optarão por manter seus frentistas.
Sobre os carros diesel, a segunda parte da proposta, a medida soa um tanto anacrônica. Ela faria sentido nos anos 1990 ou nos anos 2000, mas atualmente há um forte movimento para banir os carros a diesel da Europa a partir de 2035 (em 13 anos, na prática), onde eles são mais populares. Além disso, atualmente o diesel é subsidiado por ser o principal combustível do transporte de mercadorias e produtos. Retirar o subsídio poderia impactar negativamente o custo do frete e do transporte de passageiros, uma vez que o uso de diesel para carros de passeio não será universalizado de imediato.
Por que não temos carros de passeio movidos a diesel no Brasil?
Além do pedido de emenda feito por Kim Kataguiri, outros 30 deputados apresentaram mais de 70 emendas, incluindo a liberação de venda de combustível no sistema de entregas/delivery, proposta pelo deputado Felipe Rigoni. As propostas serão analisadas por uma Comissão de 12 deputados e 12 senadores, que irá editar o texto das propostas de acordo com critérios de relevância, urgência, mérito e viabilidade financeira das propostas. Da comissão, o texto irá a plenário para ser votado e, caso aprovado, segue para o Senado Federal, onde também será votado e, dali, encaminhado à presidência da República. Todo esse processo deverá acontecer entre 26 de setembro e 10 de outubro, data limite para definição da matéria, uma vez que a Medida Provisória entra em vigor a partir de 12 de dezembro. No gabinete, as propostas de emenda poderão ser vetadas ou sancionadas pelo presidente Jair Bolsonaro.
Considerando que as propostas serão analisadas por uma comissão parlamentar, diríamos que é pouco provável que a proibição do auto-atendimento seja considerada relevante, urgente ou viável neste momento por questões já mencionadas acima. Apesar da possibilidade de reduzir o preço dos combustíveis, existe um risco alto de demissões que certamente será considerado pela comissão.
Land Rover Defender 130 é flagrado em testes
Se você achou o novo Defender 110 um tanto apertado por dentro, saiba que você não foi o único. E falo com a propriedade de quem viajou nos banquinhos dobráveis do porta-malas do Defender 110 antigo, apesar de medir 1,85 m na vertical e ter uma circunferência robusta dos ombros ao quadril. O problema, contudo, está perto de ser resolvido com a chegada do novo Defender 130, que foi flagrado nesta semana.
Apesar do nome (90, 110 e 130 eram designações de entre-eixos, em polegadas, do Defender original), o modelo não terá entre-eixos mais longo que o 110, mas será 34 cm mais longo no total, o que significa que o espaço extra virá justamente onde o 110 fica devendo — na terceira fileira de bancos. O carro, supostamente, terá espaço para oito pessoas, mas nos parece mais provável que ele seja um 5+3, para usar a denominação da Land Rover. O modelo deverá ser lançado em algum momento de 2022 e chegará as lojas no primeiro semestre do ano.
Lingenfelter lança Corvette C8 de 600 cv
Enquanto o Corvette Z06 não chega, quem quiser mais que os 502 cv dos pacotes opcionais do esportivo, agora tem uma opção da Lingenfelter, a tradicional preparadora americana do Corvette. Batizado 60th Anniversary Cunningham C8 Corvette, o carro traz alguns upgrades para comemorar a vitória de classe do Corvette de Briggs Cunningham na 24 Horas de Le Mans de 1960.
Serão feitas 60 unidades do carro, que é baseado no C8 3LT. As mudanças começam por fora, com uma pintura exclusiva com destaques vermelhos e as tradicionais faixas azuis de corrida — uma invenção de Briggs Cunningham justamente para a 24 Horas de Le Mans.
Racing Stripes: a origem das faixas de corrida dos carros americanos
Além do visual, o carro recebeu um conjunto de rodas forjadas HRE, inspiradas nas rodas do Corvette de Le Mans, um par de snorkels na lateral traseira, sobre as caixas de roda (a Lingenfelter não explicou para que eles servem, infelizmente). Completando o pacote, está a asa traseira suspensa por suportes tipo “pescoço de cisne”.
Chegando à parte que nos interessa de verdade, o motor recebeu um novo coletor de admissão feito de fibra de carbono, coletor de escape Corsa e sistema de escape de maior diâmetro e com abafadores modificados. O corpo de borboleta agora tem 95 mm e os freios receberam discos/pinças da Alcon. No fim das modificações, o motor passou a produzir 608 cv — um ganho considerável ante os 502 cv dos pacotes opcionais. Cada um dos 60 exemplares custará US$ 160.000.
Hennessey Venom F5 já está esgotado
A Hennessey ainda nem entrou na briga dos 500 km/h pra valer, mas nem precisou desse tipo de ação técnico-comercial para emplacar toda a produção do seu Venom F5, o concorrente ao posto de “carro mais rápido do mundo”. A marca levou alguns exemplares do modelo ao The Quail, em Pebble Beach, no último fim de semana, e anunciou que todos os 24 exemplares previstos para a produção já foram vendidos.
A versão final do modelo foi revelada somente no fim do ano passado, a um preço de US$ 2.100.000, já com 12 unidades vendidas. Nestes oito meses desde a apresentação do carro, as outras 12 unidades foram vendidas — aparentemente as últimas foram reservadas no The Quail, pois o anúncio foi feito durante o evento.
O Venom F5 usa um V8 biturbo de 6,6 litros, capaz de produzir 1.842 cv e 164,6 kgfm, o que faz dele o carro produzido em série mais potente do momento. Além disso, ele pode atingir, teoricamente, mais de 500 km/h. Teoricamente, porque a Hennessey não mencionou nenhum teste de velocidade máxima do carro. Depois do que aconteceu com o Tuatara, talvez seja melhor manter esse número no campo da possibilidade não concretizada mesmo.