Por mais que sejam gastos milhões em pesquisa e desenvolvimento de um carro, nem sempre o que o time de engenheiros e designers julgam bom satisfaz a crítica e o público. Nesse caso, é preciso descobrir voltar à prancheta e corrigir tudo na geração seguinte, ou ao menos tentar. Quando dá certo, a evolução é notável — quase uma revolução. Por outro lado, existem aqueles carros que são bons logo de cara, mas conseguem ficar ainda melhores quando mudam de geração.
É exatamente disto que se trata a pergunta de hoje: qual foi a evolução mais significativa de uma geração para outra?Aquele carro que era ruim e, na geração seguinte, teve suas falhas corrigidas; ou aquele modelo que era aceitável e, ao mudar de geração, ficou realmente competente e até divertido de guiar — ou, ainda, um carro que já era bom e ficou ainda melhor?
Nós temos um exemplo clássico: o Volkswagen Gol. À esta altura você certamente já sabe (e se não sabe, prepare-se para encarar a realidade) que o carro que a VW (e todo mundo) chama de Gol “G6” na verdade é um facelift da terceira geração. Esta confusão começou em 2000, quando a VW apresentou o Gol “Geração III”, que na verdade era o Gol de segunda geração reestilizado.
O fato é que a primeira e a segunda gerações têm vários componentes em comum e dividem o mesmo layout de motor longitudinal — tecnicamente, o Gol “Bolinha” (apelido da segunda geração) é uma reestilização de luxo do simpático carrinho quadrado lançado em 1980, ainda com o motor 1300 refrigerado a ar emprestado do Fusca. A plataforma básica e o conjunto mecânico (que incluía o motor AP de 1,6, 1,8 e dois litros e, nas versões mais baratas, o Ford CHT 1.0) permaneciam os mesmos, mas o entre-eixos era 11 cm mais longo (uma bela adição ao espaço interno), todos os painéis da carroceria deram lugar a peças arredondadas e elegantes, e o interior foi inteiramente renovado.
A questão é que a segunda geração do Gol permaneceu à venda até o ano passado, com direito a uma nova reestilização em 2005, menos abrangente, que modernizou o visual ao mesmo tempo em que passou a empregar materais mais baratos e acabamento mais simples (especialmente no interior), e ficou conhecido como “G4”. Sua missão agora era ser o modelo de baixo custo, visto que em 2008 havia chegado a terceira geração de fato do Gol.
Conhecido como “G5”, o novo Gol foi o carro que trouxe a verdadeira evolução — a começar pela plataforma, que finalmente deixou de ser aquela derivada do Passat nos anos 80. Para adequar-se aos tempos modernos, foi adotada uma variação a chamada PQ24, vinda do VW Polo e compartilhada com o Fox. O motor agora é transversal, ocupando uma área menor na dianteira do veículo e revertendo o espaço economizado para os passageiros, além de reduzir a potência “roubada” pelo antigo sistema de transmissão longitudinal.
O Gol também recebeu novos motores 1.0 e 1.6 — já empregados na família Fox e, no caso do 1,6-litro, no Golf — e acerto de suspensão dianteira diferenciado. Aliás, apesar de a suspensão traseira ainda não ser independente, utilizando eixo de torção, a Volkswagen acertou a mão no comportamento dinâmico — que até hoje, sete anos depois, ainda é um dos melhores entre os compactos nacionais.
O design e o acabamento, por dentro e por fora, também deram um belo salto — tanto a carroceria quanto o interior ficaram bem mais modernos e a melhora na qualidade de construção foi inegável, algo notado pelos vãos entre os painéis mais estreitos e regulares. Fora as mudanças que não se vê: mais pontos de solda e zonas de deformação programável, com testes de impacto realizados em simuladores computadorizados e, segundo a VW, resultados confirmados em testes reais.
Ainda que a Parati tenha morrido na segunda geração (a perua saiu de linha em 2012), o novo Gol também deu origem a uma nova Saveiro e à volta do Voyage — que, de acordo com a fabricante, foi desenvolvido simultaneamente ao hatchback para garantir perfeita harmonia entre as linhas dos dois carros.
Melhor acabado, moderno e bonito, o Gol de terceira geração também recebeu muito bem sua primeira reestilização, em 2012, que deu a ele a identidade visual atual da Volkswagen e também trouxe a aguardada carroceria de duas portas — complemento perfeito para aqueles que, com a dinâmica aprimorada e o visual muito bem acertado, exergam no Gol um carro com belo potencial para divertir ao volante. E é por isso que sua evolução foi verdadeiramente notável.
Agora, queremos saber: que outros casos você conhece de carros que evoluíram de maneira significativa de uma geração para outra? Carros que eram ruins e ficaram bons, ou que até eram bons mas ficaram incríveis — algo além da melhora natural que já costuma acontecer entre uma geração e outra, claro. A caixa de comentários, seguindo a tradição, é toda sua!