Não foram poucas as vezes em que exaltamos o quanto a cultura automotiva japonesa é única, diversificada e viciante. E isto inclui, obviamente, sua “fauna” automotiva que, sem sombra de dúvida, é uma das mais interessantes do mundo. Por isto, queremos saber: qual é o carro japonês mais icônico de todos os tempos?
Para nós, assim de bate-pronto, a resposta é clara: o Nissan Skyline GT-R, especialmente em sua geração R32, considerada a mais clássica de todas. E por uma boa razão.
Seguindo os passos de seus ancestrais da década de 1970, o GT-R R32 nasceu das pistas, utilizando uma versão amansada do motor RB26DETT que era usado no carro de corrida do Campeonato Japonês de Turismo, o JTCC. Em especificações de competição, o seis-em-linha biturbo de 2,6 litros entregava cerca de 430 cv.
Com isto, o Skyline R32 simplesmente dominou todas as corridas que participou, quebrando recorde atrás de recorde com Kazuyoshi Hoshino ao volante, ostentando a clássica pintura de corrida azul patrocinada pela Calsonic. Em 1990, ele venceu o Grande Prêmio de Macau com 30 segundos de vantagem e, no ano seguinte, ficou no lugar mais alto do pódio das 24 Horas de Spa-Francorchamps.
Com o sucesso no automobilismo, a Nissan estaria desperdiçando uma bela oportunidade se não lançasse uma versão de rua. E, por seu desempenho aterrador nas pistas, o esportivo Skyline GT-R R32 acabou ganhando o apelido de Godzilla – que, como todos sabem, foi herdado pelo já veterano (porém ainda em muito boa forma) Nissan GT-R atual. Só isto já o torna um ícone, na nossa humilde opinião.
Mas tem mais: o motor RB26DETT, que estreou no GT-R R32, é uma das grandes obras da indústria automotiva. Com comando duplo no cabeçote, 24 válvulas, corpos de borboleta individuais e dois turbos operando a apenas 0,7 bar, ele é capaz de entregar 280 cv declarados a 6.800 rpm, enquanto o torque de 36 mkgf aparecia às 4.400 rpm — o bastante para conseguir levar o carro de 1.430 kg aos 100 km/h em 5,6 segundos. Hoje, é sabido que a potência real era de pouco mais de 300 cv. E tem mais: como típico caso de over-engineering japonês, o RB26DETT era projetado para entregar muito mais potência. Isto se traduz em um potencial enorme para preparação, e não é comum que alguns motores ultrapassem os 500 cv com modificações relativamente simples, como aumento na pressão dos turbos e reprogramação eletrônica.
A transmissão, com câmbio manual de seis velocidades e um sistema de tração integral computadorizado chamado ATTESA E-TS, que distribuía eletronicamente o torque entre os eixos, também era seu ponto forte, garantindo envolvimento na condução e estabilidade excepcional. Na verdade, era tão bom que o sistema de tração do Nissan GT-R atual uma evolução daquele encontrado no R32 – claro, com eletrônica atualizada, muito mais eficiência e acoplado a uma caixa de dupla embreagem.
No departamento estético, ele também se sai muito bem. É um tanto datado, claro, com seus três volumes e proporções bastante contidas para os padrões modernos, mas seus aparatos aerodinâmicos, sua dianteira limpa, suas lanternas traseiras circulares e seu kit aerodinâmico relativamente discreto – além da bela interação entre o tamanho das rodas, as medidas dos pneus e a altura da suspensão – tornam seu visual nada menos que inesquecível.
E há, ainda, o fato de o GT-R R32 ser um legítimo representante do JDM, o Mercado Doméstico Japonês. Ele era feito exclusivamente para o Nihon e alguns países vizinhos, como Hong Kong, Austrália e Nova Zelândia, mas acabou indo parar em outros países por importação independente, e nem sempre dentro da lei – algo que, necessário dizer, repetiu-se nas outras gerações.
Você já deve ter entendido o motivo para escolhermos o Skyline GT-R R32 como exemplo, não é? Mas é claro que as sugestões são suas! Então, diz aí: para você, qual é o carro japonês mais emblemático que já existiu?