Com seu cinco-cilindros turbo, tração integral e gente do calibre de Walter Röhrl ao volante, o Audi Quattro S1 sem dúvida é um dos carros de rali mais insanos já feitos. Mas sabe como deixá-lo ainda mais insano? Coloque nele um V8 biturbo de 900 cv e vá subir montanhas, como os caras da EPS Motorsport fizeram. Se ficou animal? É claro que ficou animal!
O autor desta violência toda é Dave Rowe, da EPS Motorsport. Há uma chance de você já ter ouvido falar nele por causa de seu Mitsubishi Evo IX – o EVO9RS, dotado de um motor de 2,3 litros com turbo e 750 cv. Dave participava de time attacks e subidas de montanha com o carro, que foi vendido recentemente.
Eis o EVO9RS subindo Pikes Peak em 2015
Antes, os dois carros até posaram juntos para uma foto!
Mas vamos tornar a falar do Audi. O ponto de partida foi a carroceria de um Quattro de rua, que teve o entre-eixos encurtado em cerca de 30 cm – exatamente como a própria Audi fez em 1984, a fim de tornar o carro mais ágil em curvas. Ele também ficou meio desproporcional, mas é impossível não ver beleza na função.
A carroceria também ganhou diversos componentes de fibra de vidro, como as portas, capô e componentes aerodinâmicos inspirados no Quattro S1 que Walter Röhrl pilotou em Pikes Peak em 1987 – e venceu!
Contudo, em vez do cinco-cilindros de 2,1 litros e mais de 600 cv do Quattro de Röhrl, o carro de Dave tem um V8 de 3,6 litros emprestado do sedã Audi V8 (o antecessor do A8), que originalmente entregava 250 cv. Naturalmente, o motor recebeu diversas modificações a fim de melhorar seu desempenho e resistência: componentes internos reforçados, comandos de válvulas (dois em cada cabeçote) mais agressivos, cárter seco, novo coletor de admissão e cabeçotes retrabalhados, além de um sistema drive by wire para o acelerador. A taxa de compressão é de 11:1.
No entanto, a cereja do bolo são os dois turbocompressores Garrett GT28 que, operando em sua capacidade máxima, levam a potência do bicho a mais de 900 cv. O objetivo inicial era algo entre 700 cv e 800 cv. No dinamômetro, o ronco proporcionado pelo sistema de indução e pelo escape feito sob medida é ensurdecedor. Sério.
O cofre do carro recebeu adaptações e reforços para abrigar o novo motor, que é acoplado a uma caixa sequencial de seis marchas vinda de um Audi S4. A potência é levada para as quatro rodas através de três diferenciais Gripper (dianteiro, central e traseiro).
A suspensão é uma das partes mais interessantes deste projeto: são braços triangulares sobrepostos vindos de um monoposto de Fórmula 1 das antigas. Infelizmente Dave não diz de qual carro eles vieram – apenas que as mangas dos eixos foram adaptadas para receber os freios e as rodas.
Aliás, os freios são Brembo, com pinças de quatro pistões na dianteira e na traseira, e as rodas são da britânica Image, de 16×11,5 polegadas, calçadas com pneus slick Avon. Tudo isto debaixo dos para-lamas alargados, feitos sob medida em fibra de vidro.
O interior, claro, é o de um carro de corrida: completamente aliviado, com dois bancos concha, instrumentos de competição, gaiola de proteção integral e um console central feito sob medida com todos os comandos do carro.
Este Quattro S1 é um verdadeiro monstro, disso não temos dúvida. Ainda mais sabendo que o projeto todo levou sete anos para ficar pronto, e vendo-o acelerar desse jeito:
O detalhe é que o carro tem nome: Walter. Apropriado, não?
Fotos: EPSMotorsport