Temos certeza de que vai ter leitor dizendo que guardamos o melhor para o final, mas não é bem verdade. Primeiro, porque ainda faltam duas categorias para terminarmos esta série. Segundo, porque não foi intencional, mas sabemos que os esportivos médios são os carros que muitos de nós queremos ter na garagem.
Não fizemos distinção por tipo de carroceria. Juntamos hatchback, sedã e cupê. Bastava que eles tivessem proposta esportiva e que não custassem mais do que R$ 300 mil. Por que R$ 300 mil? Apenas porque carros acima deste valor começam a entrar em uma outra escala de prioridades: marca, status, acabamento… enfim, são carros para quem sabe exatamente o que quer. E tem como pagar por isso.
Deste modo, estão nesta lista todos os modelos esportivos com entre-eixos de 2,60 m até 2,80 m e que não custem mais do que R$ 300 mil. Os VW Jetta TSI e Fusca TSI já entraram em outras categorias, por isso ficam de fora dessa.
Já falamos de sedãs médios, esportivos compactos, SUVs compactos, hatchbacks médios, compactos premium, dos carros com a melhor relação entre peso, potência e preço no geral e também das picapes médias.
A ideia, para quem não acompanha a série desde o princípio, é mostrar os modelos que cobram menos por carrocerias mais leves e motores mais potentes. Com o tempo, talvez criemos também uma levando em conta o torque, o 0 a 100 km/h e vários outros dados, mas, no momento, vamos focar apenas nestes três elementos. Foi o critério que adotamos para todos os modelos à venda no Brasil.
Vale repassar o raciocínio por trás do levantamento, que durou uma semana inteira para ser tabulado. E que nunca termina: a VW aumentou os preços do CC, de R$ 159.700 para R$ 160.100, e do Golf GTI, de R$ 111.680 para R$ 112.794,34. Mas foi, aparentemente, a única marca que alterou seus preços.
Voltando ao levantamento, ele chegou aos 471 modelos e versões que mencionamos no início. São os mais leves e mais baratos de cada carro à venda no Brasil, com cada um dos motores e das carrocerias que eles oferecem. Com os dados de peso, potência e preço de cada um. Nem todos aparecerão nesta série, especialmente os mais caros, que, como dissemos, seguem uma lógica própria. Os muito familiares, como minivans, também ficarão de fora. Fogem da proposta.
Consultamos engenheiros, economistas e contadores atrás da melhor fórmula que juntasse preço, potência e peso e a que eles nos sugeriram foi potência/peso/preço, ou, mais tecnicamente, (potência/peso)/preço. Eis a calculadora que criamos para esta conta:
Imaginamos como exemplo um carro de 200 cv, 1.500 kg e R$ 90.000. O resultado da divisão da potência pelo peso e disso pelo preço dá 14,81 x 10e-7, ou 0,000001481, mas preferimos a forma reduzida. Quanto maior é o número, melhor é o equilíbrio do carro entre os três fatores.
Experimente mudar a potência para 500 cv. Vai dar 37,04 (x 10e-7…). Ótimo! Experimente, agora, diminuir o peso para 900 kg. O resultado será 24,69, se os demais valores continuarem os iniciais. Por fim, diminua o preço para R$ 50.000. O índice pula para 26,67. Percebeu? Pode brincar à vontade com a calculadora acima. Inclusive para ver como se saem os carros que você anda considerando comprar.
Relembrando, essa lista, como as demais desta série, não é uma recomendação de compra. È apenas um estudo, ou mais um critério de decisão de compra, se você assim o desejar. Mas definitivamente não deve ser o único. O que ela pode lhe dizer é que esportivo médio cobra menos por mais potência e menos peso. E os resultados são os seguintes:
10º – BMW M235i (8,85)
O cupê da BMW, apontado com um herdeiro espiritual do M3 das primeiras gerações (pelo menos até a chegada do M2), tem o terceiro motor mais potente desta lista. Aliado ao peso relativamente baixo, de 1.470 kg, a relação peso/potência fica em 4,51 kg/cv, a terceira melhor desta lista. O que mata o BMW é o preço, o segundo mais alto. Colocando tudo na balança, resta ao “M3 espiritual moderno” o décimo lugar. Podia ter se saído bem melhor.
9º – Audi S3 e Mercedes-Benz A 45 AMG (8,91)
Assim como aconteceu com os sedãs compactos, temos mais um empate na série Preço-peso-potência: entre o S3 e o A 45 AMG. Ambos são caros à beça, o que explica a última posição, mas o A 45 AMG é 110 kg mais pesado do que o S3, um dos esportivos mais leves desta lista. Então, o que explica ele ter conseguido diminuir a desvantagem? Seus inacreditáveis 360 cv.
Eles só perdem para os 406 cv do Camaro, que tem um V8 6.2 sob o capô. Apesar de tantas variáveis, os dois hatchbacks médios esportivos chegaram à mesmíssima nota: 8,91. O Audi faz uma escola de mais leveza e preço menor. O A 45, da ignorância completa: em peso, potência e preço. E da melhor relação peso/potência desta lista, com 4,32 kg/cv. Um bom critério de desempate talvez seja quanto morre. Neste caso, o Audi certamente levaria a melhor.
8º – Chevrolet Camaro SS (9,40)
O Camaro, outro cupê, é o mais potente desta lista. Também é, disparado, o mais pesado. Mas é o modelo com a segunda melhor relação peso/potência: 4,41 kg/cv. Tinha tudo para se dar bem melhor do que foi se não custasse tanto. Ainda mais considerando que sua sexta geração já foi apresentada nos EUA. Ele está com excelentes descontos nas revendas, o que torna seu preço oficial quase ilusório, mas é nele que nos baseamos.
Se a GM quisesse, poderia reduzir os preços da tabela, como já fez com outros modelos, mas isso provavelmente não acontece para não enfurecer os clientes que pagaram tabela cheia. Não se pode negar sabedoria à decisão, ainda mais considerando o dano que faz à imagem da marca queimar os importados, como a Fiat acabou fazendo com os Alfa Romeo no Brasil.
7º – BMW M135i (10,32)
A versão mais nervosa do Série 1 não é exatamente barata, mas ficou muito à frente dos concorrentes empatados porque cobra um preço relativamente honesto. Também se beneficia de ter um motor de seis cilindros sob o capô, uma potência excelente, de 320 cv, e a quarta melhor relação peso/potência desta lista, com 4,97 kg/cv. Sua tração traseira também é digna de nota. Para se dar melhor do que foi, só ele ele tivesse um preço mais baixo.
6º – Subaru WRX STi (10,49)
Outro que fez sua lição de casa direitinho, o Subaru WRX STi tem a terceira melhor relação peso/potência da lista, um motor de 310 cv e um peso mediano. Foi o preço, no espectro mais alto dos que constam aqui, que o colocou atrás de seu irmão mais tranquilo, o WRX. Na ponta do lápis, segundo nossos critérios, menos (incluindo preço) é mais.
5º – Volvo V40 T5 R Design (10,58)
Como pode o V40 ficar melhor do que o STi nesta lista, especialmente considerando seu peso alto (1.554 kg)? Preço explica. Ele é o quinto menor, pouca coisa mais alto do que o do WRX de entrada. Por isso ele também fica pouca coisa atrás do concorrente japonês.
4º – Subaru WRX (11,94)
O quarto preço mais baixo desta lista vem acompanhado de um peso relativamente alto (1.529 kg) e de um motor de 270 cv, que faria bem mais bonito com uma carroceria mais leve. Se emagrecesse, o WRX certamente teria pontuado melhor e iria para posições melhores, mas não dá para reclamar de um quarto lugar que leva em conta tantos fatores relevantes. Só saber que seria possível ir bem melhor.
3º – Honda Civic Coupé SI (12,22)
O terceiro lugar da lista deve ter o terceiro preço mais baixo, correto? Neste caso, o raciocínio valeu. Mas só ele não explica a boa posição do Civic Coupé SI. O carro também é extremamente leve, quando comparado aos concorrentes, inclusive àqueles que seriam teoricamente mais leves, como alguns hatchbacks. O preço, neste caso, foi exatamente o que impediu o Honda de se sair melhor.
2º – Fiat Bravo T-JET (13,24)
Eis aqui o mais barato. Não, senhores: o mais barato não é o que seu deu melhor, mesmo sendo o terceiro carro mais leve da lista. Tudo porque não basta ser leve. É preciso que haja potência suficiente para o peso não se tornar um fardo. E, no caso do Bravo T-JET, foi exatamente isso que ele virou para os 152 cv de seu motor 1.4 turbo. O Fiat, além de ser o mais barato, é também o carro com a pior relação peso/potência desta relação, com 9,44 kg/cv. Barato, mas pouco potente, ele acabou ficando em segundo lugar. Só não perdeu do Civic porque o cupê canadense é bem mais caro.
1º – VW Golf GTI (14,96)
O grande campeão, talvez previsivelmente, é um hatch médio com plataforma modular e peso baixíssimo em relação ao de seus concorrentes. Com 1.317 kg, o Golf GTI é o esportivo médio mais leve do país. E não é dos mais fracos, ficando à frente do Civic, do Bravo e do CC. Seu preço, de R$ 112.794,34, não é uma pechincha, mas é, surpreendentemente, o segundo mais baixo entre os concorrentes. Isso permitiu que o carro, mesmo com a quinta melhor relação peso/potência, de 5,98 kg/cv, levasse a melhor sobre seus concorrentes.
Para ver a posição de todos os compactos premium que entraram nesse ranking (as versões mais leves e mais baratas para cada motor oferecido na linha), confira a tabela abaixo: