A palavra de ordem nos carros mais recentes é conectividade. Vale mais ter a central multimídia mais moderna no painel do que airbags ou ABS, agora obrigatórios. E uma central dessas só merece menção se tiver um navegador por GPS integrado ou se puder espelhar um. Mas é um erro achar que a necessidade de indicações de navegação ao volante é nova. A ideia surgiu há pelo menos 50 anos. E só não se desenvolveu melhor porque faltava um negócio essencial: a eletrônica.
O primeiro navegador automotivo de que se tem notícia foi o Plus Four Wristlet Route Indicator, de 1927. Amarrado ao pulso, como um relógio, o dispositivo consistia de um suporte para um rolo de papel enrolado em duas pontas. Para saber o caminho, o motorista tinha de instalar o mapa correto e ir girando o mapa no sentido desejado à medida que avançasse com o veículo. O que ele deve ter causado de acidentes não está no gibi.
No começo dos anos 1930, surgiu uma evolução do sistema. Com o uso de um cabo, semelhante ao usado para mover velocímetros antigos, marcando distância e velocidade, o Iter Auto também dispunha de mapas em papel, intercambiáveis. Aliás, era preciso trocá-los sempre que se virava uma esquina. A exemplo do Plus Four, ele só mostrava o mapa, não a localização do veículo.
O primeiro sistema a mostrar a localização nunca foi vendido. Fazia parte do carro conceito Aurora, da Ford, criado em 1964. Segundo a Ford, o mapa se ajustava à localização do automóvel, mas não há explicação sobre como isso acontecia: se eram as linhas cruzadas que se mexiam sobre o mapa ou que o mapa é que se movia. O mais provável é que as linhas fizessem isso, indicando a localização do veículo.
Como o carro fazia isso é outro mistério. É possível que tudo fosse de modo mecânico, com uma indicação inicial do motorista, apontando o ponto de partida no mapa, e o movimento das rodas e do volante do carro guiasse as linhas de algum modo sobre o mapa. Nem o vídeo abaixo, feito sobre o conceito, esclarece essa dúvida.
Esse era mais ou menos o princípio usado pelo Honda Gyrocator, o primeiro navegador a ser efetivamente vendido em um carro de passeio, ou mais especificamente em agosto de 1981, como opcional do Accord de segunda geração.
Ele era composto de uma tela com mapas transparentes que tinham de ser substituídos pelo motorista. E também não era um sistema que indicava o caminho que o motorista tinha de seguir, mas sim onde o carro estava.
Ele fazia isso por meio de um giroscópio de gás hélio, para determinar a direção, e de um sistema ligado à transmissão que mensurava as distâncias.
Com isso, bastava determinar no mapa o ponto de partida para que ele mostrasse onde o carro estava em cada ponto do caminho. Mais ou menos como faria o sistema da Ford se tivesse sido fabricado.
O primeiro automóvel a ter um sistema de navegação por GPS propriamente dito também foi japonês: era o Mazda Eunos Cosmo de quarta geração, a chamada série JC, fabricada de 1990 a 1996. O sistema era incorporado ao console central, como se pode ver na imagem acima.
Além do GPS, o Cosmo tinha motor Wankel, mas não qualquer um: o dele tinha três rotores, 2 litros e 300 cv. Em 1990. Se o GPS não fosse uma maravilha suficiente para encher seu dono de orgulho, o desempenho do cupê certamente era.