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Pergunta do dia Zero a 300

Qual sua opinião mais controversa sobre carros?

Você já deve ter ouvido algo sobre a burrice das unanimidades não? A mais famosa é a frase de efeito cunhada por Nelson Rodrigues nos anos 1960, para resumir a ideia de que se alguma ideia é aceita por todos, é porque não foi muito questionada ou não houve reflexão sobre ela. Dizem que isso acontece porque para ir contra uma ideia amplamente aceita é preciso um bocado de raciocínio temperado por coragem para um confronto. Infelizmente, às vezes defender firmemente uma ideia pode ser tão ofensivo quanto uma agressão nesses dias politicamente corretos.

As unanimidades estão por todos os lugares, incluindo no universo automotivo, onde clichês, chavões e ideias fixas sobre determinados carros, culturas, pilotos, técnicas, práticas ao volante, práticas de manutenção e até marcas e modelos são mais frequentes que discussões construtivas e esclarecimentos. Será que carro X é mesmo uma bomba? Será que aquela marca tão “raiz” não é meio “nutella” se você parar para pensar? Fazer tal coisa pode danificar seu carro realmente?

Pensando nisso, e inspirados pelo pessoal do Jalopnik, decidimos perguntar a vocês qual é sua opinião mais controversa sobre carros. Aquela opinião que desafia o senso comum e vai contra quase todo mundo. E sendo uma pergunta do dia é claro que demos nossas próprias opiniões antes de perguntar as de vocês.

 

Race look é o novo ricer – Juliano

Caras, antes de mais nada: cada um com a sua loucura, com o seu sonho, com os seus problemas. Quem sou eu pra dizer o que você pode ou não pode fazer com o seu Project Car?

Mas se você, numa mesa de bar, me encurralar perguntando qual a tendência entre alguns entusiastas que têm me incomodado no âmbito pessoal, a resposta é ver um carro todo “race look” andando menos que um OEM. Não falo de um projeto incompleto, que pode ter começado na carroceria e que ainda não foi preparado. Ah, você sabe bem o que eu quero dizer.

Um chora-boy não tenta ser aquilo que não é. Você vê um Golzinho com as caixas de roda recortadas, suspensão fixa, usando as ruas como fresadora para deixar as paredes das longarinas mais finas, entalando em lombadas e rampas, com 50 mil reais em som, e não há emulação. Por pior que você ache, ele é autêntico, suas intenções são transparentes.

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Mas quando vejo um carro “race look” manco e feito do começo ao fim com peças falsificadas, não há preto no branco. Há uma apropriação de tudo aquilo que deveria ser funcional sendo usado pra emular algo que não é. Meio como injetar silicone nos braços para emular músculos e querer andar no meio de halterofilistas. Se parar pra pensar, qual a diferença de um “race look” sem função com os tunados “ricer” do começo dos anos 2000?

Há quem se satisfaça com 100% de parecer e 0% de ser. Entendo e respeito, cada um com a sua loucura. Pessoalmente, contudo, eu gastaria essa grana toda (sim, porque quando você junta 20 toneladas de Ali Express, dá uma baita soma) pelo menos com um baita jogo de pneus e melhorando o fluxo do motor. Ou até um kit bem básico de turbo. Mas talvez eu esteja ficando velho demais pra algumas coisas.

 

Não curto superesportivos – Dalmo

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Minha opinião controversa sobre carros talvez nem seja tão controversa assim. É o seguinte: eu não curto muito superesportivos. Não a ponto de topar com um Lamborghini Aventador na rua e fingir que não vi, mas eu simplesmente não imagino que, caso tivesse uma conta bancária infinita, fosse gastar minha fortuna com algo assim.

Talvez eu pense assim porque nunca estive ao volante de um. Mas eu também nunca dirigi um Renault Mégane RS, e pode apostar que ele teria muito mais chance de um dia habitar minha garagem do que um Pagani ou McLaren caso eu fosse multimilionário.

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Sinceramente não acredito que precise de muito mais que 200 ou 250 cv, dinâmica bem acertada e um câmbio manual para me divertir para sempre com um automóvel. Óbvio que eu não perderia a chance de acelerar um supercarro caso ela surgisse, mas prefiro vê-los e admirá-los de fora. São carros que têm muito para apreciar em termos de tecnologia, design, materiais utilizados em sua construção e filosofia de marca e, para mim, isto basta.

 

O Corolla é melhor que o Civic – Leo

Historicamente o Honda Civic tem uma imagem mais apelativa ao entusiasta que seus rivais, em especial o Toyota Corolla. Nos anos 1990, por exemplo, enquanto a Honda trazia uma veia mais jovem e esportiva para o Civic com o VTi e o Del Sol, o Corolla se mantinha sóbrio e racional. Depois, em 2007, a Honda ousou no visual da oitava geração do Civic, enquanto o Corolla se manteve conservador como sempre foi. Quando o Si passou a ser oferecido no Brasil, a Toyota nem se preocupou em responder, afinal, o Corolla não precisou de um esportivo para ser líder de vendas.

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Graças a esse background o Corolla sempre foi visto como a opção sem graça do mercado, o carro-eletrodoméstico, o sedã prata genérico e sem sal, enquanto o Civic tem essa aura de esportividade — especialmente nas gerações nas quais a Honda acertou a mão na dinâmica do carro — que faz dele uma das escolhas dos entusiastas na hora de comprar um carro mais racional para o dia-a-dia. Corolla é o carro do vovô. Civic é o carro do neto.

Mas a verdade é que o Corolla é um carro melhor que o Civic em praticamente todos os aspectos. O Civic desfruta do know-how da Honda no automobilismo e na linhagem Type R, e por isso sempre tem, no mínimo, uma dinâmica  bastante correda e até divertida. Mas sua superioridade em relação ao rival não vai além disso. Nas três últimas gerações, o Civic mostrou uma ergonomia inferior, um isolamento acústico menos eficiente, uma suspensão menos confortável e mais ruidosa, e na oitava e nona gerações, um mau aproveitamento do espaço interno.

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No Civic de nona geração, por exemplo, o trilho dos bancos dianteiros é curto a ponto de impedir que um motorista/passageiro de 1,85 m estique suas pernas — algo que é possível fazer em carros menores, como o Honda Fit e até o VW Up. A suspensão é firme porém confortável, mas faz questão que você ouça seu trabalho — assim como a carroceria, que deixa passar o barulho do vento e da chuva que ela impede de entrar no carro. A sorte da Honda é que o Corolla não é um carro tão atraente.

 

Agora é com vocês: qual é sua opinião mais controversa sobre carros e afins? Lembre-se que uma opinião precisa ter um argumento para embasá-la, ou ela vira só uma trollagem ou um palpite. Vamos lá, a caixa de comentários é toda sua.