Nosso tipo de maluco, claro! Quer dizer, a gente sabe que certos carros são preciosidades e a gente até lamenta quando vê um carro raro, valioso ou especial sendo modificado de forma muito radical, mas no fundo sabemos que carros foram feitos para serem usados. E a verdade é que não há como não admirar um Rolls-Royce, sinônimo de luxo sobre rodas, com para-lamas alargados e pintura fosca dando derrapagens controladas em um autódromo.
Isto porque é sempre fascinante ver um Rolls fazendo qualquer coisa que um Rolls não costuma fazer. Se você não conhece a história de Jules, o Rolls-Royce que participou do Rali Dakar de 1981, leia agora. E depois dê uma olhada no vídeo abaixo, com um Rolls-Royce Wraith, cortesia do velho conhecido Tax the Rich — para ir se acostumando com a ideia, sabe?
A real é que não precisamos de argumentos para defender o que o responsável por este Silver Shadow de dorifuto fez. Olha só como o carro ficou, cara!
O “culpado” se chama Shane Lynch. Ele é piloto da equipe britânica de drift Team Japspeed, e normalmente usa um Nissan 370Z equipado com um V8 Infiniti supercharged de 4,5 litros e cerca de 650 cv. Olha só ele em ação:
Deu para ver que o cara sabe o que faz ao volante de um carro de drift. Mas por que diabos um cara que pilota um 370Z com motor V8 foi se meter com um Rolls-Royce? Aparentemente ele é fã da marca e não dá a mínima para o que os outros pensam. Ou ao menos foi o que ele disse ao The Irish Sun em maio de 2015, quando perguntado a respeito de possíveis reações negativas a respeito de seu Rolls-Royce de drift:
Olha, o que eu tenho para dizer para qualquer um que tenha algum problema com isto: vá se fod*r, e eu digo com todo o respeito do mundo. Existem muitos Rolls-Royce parados em gramados sem ninguém para dirigi-los, então deixe que falem o que quiserem. Eu construo o que eu quiser e meu Rolls-Royce está vivo agora.
“Com todo o respeito do mundo”, talvez Lynch não precisasse ser tão incisivo na explicação, mas até dá para entender: não é todo mundo que aceita um Rolls-Royce transformado em carro de drift, mesmo que ele tenha vindo do Reino Unido, onde um carro antigo de alto luxo custa muito menos do que aqui no Brasil, por exemplo.
O azulão aí em cima, por exemplo, do Reino Unido por £ 9.995 — cerca R$ 58 mil, em conversão direta
Mecanicamente, o carro não tem muito segredo: Lynch decidiu deixar a mecânica praticamente original, ou seja, o motor ainda é um V8 de 6,7 litros que, originalmente, entrega 190 cv, e o câmbio é exatamente o mesmo automático de três marchas. O que muda é o mecanismo de troca fornecido pela JW que permite que se controle as velocidades manualmente e impede o kickdown automático do câmbio — algo que atrapalharia bastante o andamento do drift.
Shane não revela se realizou modificações mecânicas mas, honestamente, isto é só um detalhe. Olha só como o Silver Shadow tem passado os últimos meses:
Aparentemente (e infelizmente) este é o único vídeo que existe do carro no momento. De qualquer forma, ele também impressiona quando está parado. A começar, claro, pelo visual da carroceria. As formas do carro não foram alteradas, não há adesivos de patrocinadores ou pinturas de corrida.
Claro, ficaria bacana assim, também, mas a gente gostou bastante do preto fosco (que é tinta, e não adesivo), da ausência de cromados (incluindo os para-choques) e dos alargadores rebitados nos para-lamas, que dão um toque meio “JDM” ao carro — bem como as rodas de tala 10, que são as originais alargadas, e os pneus stretched (cujo visual agrada a muita gente, mas não são muito nossa praia).
Só que aí você abre a porta do carro e topa com couro e Alcantara bordô, costura em padrão de losangos (o famoso “matelassê”), bancos do tipo concha e todos os revestimentos e forrações a que um Rolls-Royce têm direito — incluindo o acabamento de madeira de lei no painel, complementado pela alavanca do do freio, que é feita em billet de alumínio e, além de formar a silhueta do famoso adorno da Rolls-Royce, traz as emblema “RR” em baixo relevo. É um constraste bacana.
O detalhe é que, aparentemente, o carro não foi feito para competições sérias. Suas aparições públicas (como no Campeonato Irlandês de Drift, onde o vídeo foi gravado) são para puro entretenimento — do piloto e do público, temos certeza. A gente até toparia um passeio, desde que pudéssemos sentar ao volante…