Lembra do PolyStation? O console chinês era uma cópia descarada do PlayStation, imitando até mesmo o design da logo, o formato dos controles, tudo. Mas ao abrir a tampa vinha a verdade: em vez de um leitor de CD, havia um slot para cartucho de 8 bits, do mesmo tipo usado pelo NES. Nos anos 2000 um “PolyStation One” custava R$ 60 (acabo de descobrir que ainda custa), e por alguma razão aquilo virou uma febre no Brasil há alguns anos.
O PolyStation era até bacana se fosse encarado como realmente era: um console retrô muito acessível, que muitas vezes trazia na memória clássicos dos anos 80 como Super Mario Bros., Excitebike, Road Fighter, Pac-Man ou o primeiro Bomberman.
A embalagem imitava o Nintendo 64, e incluía dois controles, uma pistola para jogar Duck Hunt, cabo AV e a fonte. Pensando bem, um PolyStation é mais autêntico do que um NES Classic, visto que este é apenas um emulador em uma casca de NES em miniatura, enquanto o PolyStation era um console de verdade
Mas no fim das contas ele era uma mesmo uma imitação chinesa de um produto consagrado que entregava bem menos que o original. Mais ou menos como as cópias chinesas de supercarros que foram apresentadas nesta semana. Até mesmo na quebra de propriedade intelectual…
A questão é que qualquer um que entendesse o mínimo sobre videogames saberia que o PolyStation era uma cópia fajuta – como um PlayStation de verdade custaria R$ 60 (aliás, ainda custa)? Da mesma forma, qualquer um que entenda um mínimo de carros vai saber que as aberrações abaixo não são um Bugatti Veyron e um Audi R8 de verdade.
Os faróis parecem lanternas genéricas de LED
Não é novidade que a indústria automotiva chinesa tem certa tendência a copiar o design dos carros de outras marcas. Aqui mesmo no FlatOut não falta material a respeito. Os carros chineses que vemos rodando no Brasil podem até ser originais, mas as fabricantes da China gostam de manter em casa as cópias. Ainda que existam exceções – como o Lifan 320, assumidamente inspirado pelo Mini hatch – é preciso ir à China para encontrar os plágios mais gritantes. Um exemplo recente foi o caso do Landwind X7, SUV desenvolvido em parceria com a Chery que imita sem pudor o Range Rover Evoque.
A Jaguar Land Rover chegou a abrir um processo contra a Landwind junto às autoridades chinesas, que preferiram cancelar as patentes locais de ambos os modelos – o que, de certo modo, favorece a fabricante local, pois o governo chinês costuma fazer vista grossa para este tipo de violação da propriedade intelectual.
A bola da vez é a Shandong Fengde, que oferece estas “””””réplicas””””” do Bugatti Chiron, do Audi R8 e do Lamborghini Gallardo. Colocamos cinco aspas porque os carros parecem cópias caseiras feitas por diversão, e não carros que podem ser comprados em lojas.
Na verdade até mesmo chamá-los de “carros” é meio que forçar a barra. Os modelos da Shandong Quilu Fengde são LSEVs – sigla para Low-Speed Electric Vehicles, ou “Veículos Elétricos de Baixa Velocidade”. Não é preciso ter habilitação para dirigir um deles, mas não se trafegar por rodovias e a velocidade máxima é limitada a 50 km/h.
Boa sorte procurando as especificações técnicas detalhadas destas coisas – sequer encontra-se fotos de divulgação oficiais. O pessoal do Carscoops dissecou alguns detalhes: os três a mesma estrutura e o mesmo motor de 4.000W e potência equivalente a 5,3 cv (para se ter uma ideia, uma Honda Pop 110i tem 7,9 cv).
Todos medem cerca de 4.100 mm de comprimento, 1.800 mm de largura e 1.400 mm de altura. O interior traz um design genérico, que poderia ser visto em qualquer outro carro pequeno atual, com materiais de qualidade visivelmente duvidosa. O acabamento geral da carroceria de vidro também é irregular, com encaixes tortos e superfícies onduladas. Ao menos todos têm painel digital e som com tela colorida para reprodução de vídeo.
Repare como a cabine parece espaçosa – o espaço entre as soleiras e os bancos denuncia
O banco traseiro está mais para uma almofada encaixada no espaço traseiro – melhor guardar as compras ali
Apesar do acabamento porco (não há outra palavra, foi mal), ao menos o porta-malas tem amortecedores telescópicos em vez dos “pescoços de ganso” que algumas pessoas realmente detestam
A Shandong (vamos abreviar, ok?) diz que, apesar do limite de 50 km/h imposto pelas leis de trânsito chinesas, seus carros chegam aos 65 km/h sem o limitador eletrônico, o que implica que ele pode ser removido.
Se você se tem 32.000 yuan chineses sobrando, o que dá cerca de R$ 18.300… bem, conseguimos imaginar outras formas de gastar esta quantia. Você pode, sei lá, comprar 300 PolyStation e ainda sobra uma graninha.