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Zero a 300

Renault Kangoo de volta ao Brasil | O Landie do Lando | O Rimac do Rimac e mais!

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Renault Kangoo de volta ao Brasil

Agora finalmente é oficial. O Renault Kangoo está de volta ao Brasil. Infelizmente não teremos, como esperado, versão de passageiros por aqui: apenas o furgão de carga vem, importado da Argentina. Finalmente um concorrente para o Fiorino, que nadava de braçada por aqui, efetivamente sem concorrentes.

Um furgão desses, um veículo comercial afinal de contas, não devia ser notícia importante num site focado nos entusiastas. Mas olhe à sua volta. A vasta maioria dos carros normais, com preços ainda possíveis de se pagar sem ser milionário, são francamente mais chatos que um prato de chuchu cozido sem tempero. Sim, o carro modeno é confiável, econômico, confortável, ar-condicionado e automatizado em tudo; só não é bom para quem gosta de realmente estar no comando de sua máquina.

Resta alguma diversão, digo sem medo apesar de saber que serei mal-entendido, nos 1.0 aspirados com câmbio manual, na faixa mais barata do mercado, e só. Sim alguns 1.0 Turbo manuais, e aspirados de ligeiramente mais cilindrada, ainda existem por aí também, mas são raríssimos. Entre os zero-Km, nos restam então algumas picapes básicas, como as Fiat e a Saveiro 1.6 aspirada, veículos teoricamente de trabalho, para serem coisas interessantes também. Por isso, o Kangoo, mesmo de carga, com seu 1.6 litro DOHC/16v aspirado e câmbio manual, é uma notícia importante. Isso, claro, se você não se importa de passar a imagem de funcionário da companhia de força e luz de sua cidade.

Principalmente para quem lembra que, não muito tempo atrás, qualquer hatch com um 1,6 litros DOHC/16v era considerado um Hot-Hatch. Mas o Kangoo não é um Hot-Hatch, claro: é um carro basicamente de trabalho, extremamente simples e honesto, mas que, de novo para quem não se importa com imagem, pode ser extremamente útil na garagem de qualquer um também. Como uma picape, mas uma que guarda a carga da chuva e poeira, e dos amigos do alheio.

O Kangoo argentino que agora chega aqui é na verdade o Dacia Dokker europeu. Será vendido aqui numa versão única: Advanced. O preço é de R$ 120.800, apenas R$ 9.810 a mais que o Fiat Fiorino. Vem sempre com o motor 1.6 SCe flex de 115 cv trabalhando com um câmbio manual de 5 marchas.

O carro pesa 1196 kg em ordem de marcha, e carrega até 750kg de carga. O desempenho não é nada mau: 0-100 km/h em apenas 10,8 segundos, e uma final de 176 km/h. A Renault promete 7,5 km/litro na cidade e 8,0 km/litro na estrada com etanol, subindo para 11,3 km/litro e 11,8 km/litro com gasolina, respectivamente.

Apenas duas cores estão disponíveis, cinza e branco, tem apenas uma porta lateral deslizante, mas faz parte do equipamento básico pneus 185/65 R15 em rodas de aço, ar-condicionado, vidros elétricos, direção eletro-hidráulica, sistema multimídia Media Nav com tela touchscreen de 7’’, com o espelhamento de smartphone Android Auto e Apple CarPlay. Eu desmontaria e defenestraria a divisão cabine-carga, e seria um cara bem feliz com um desses. Do jeitinho que é. (MAO)

 

BAW 212 é cópia de Defender chinesa

BAW é uma sigla-nome fantasia de um produtor de automóveis chinês chamado Beijing Auto Works. Fazia parte da BAIC, mas se tornou uma marca independente em 2015. É lembrada principalmente por sua versão chinesa do jipe russo UAZ, o BJ212, conhecido como “Beijing Jeep”, lançado em 1965, quando a indústria automobilística chinesa era um anão menor que a brasileira. Era basicamente um veículo militar.

Agora, deite seus olhos na mais nova criação desta veterana chinesa. Se você sente que já viu isso em algum lugar, não está sozinho. É mais uma variação no tema Wrangler-G-class-Defender que já nos deu imitações de luxo modernas como o Ineos Grenadier. Não há como não dizer isso: É um Land-Rover Defender chinês.

As fotos do modelo, que se chama BAW 212, acabam de ser divulgadas, e francamente, parece-se muito com o Ineos Grenadier, com uma grade plástica diferente na frente. Então, basicamente, em aparência, é uma cópia da cópia. Disclaimer: algo pode ter se perdido na tradução do inglês de Sua Majestade para o mandarim.

Mede 4.705 mm de comprimento, 1.895 mm de largura e 1.936 mm de altura. A versão Special Edition vem com um para-choque dianteiro exclusivo e uma grade diferente. O fabricante também equipou o carro com pneus americanos de off-road BFGoodrich, bem como um snorkel, uma pequena entrada de ar no capô e arcos de roda pintados. O carro pesa 2.150 kg.

A força motriz vem não de motores elétricos, como parece realmente ser a praia chinesa: vem com um quatro em linha de dois litros turbo de 250 cv, transmissão automática de oito velocidades, e tração nas quatro rodas selecionável, com reduzida. Há travamento dos diferenciais e desacoplamento de barras estabilizadoras, como os melhores off-roades modernos. Os detalhes de preço e disponibilidade do novo BAW 212 não foram anunciados. (MAO)

 

O Land Rover do Lando

Quem realmente pode escolher qualquer carro independente de preço, e quer um Land Rover Defender, não vai comprar a cópia quase que falsária chinesa né, gente? Na verdade esse cara vai desprezar o Defender moderno também, por motivos óbvios, e mesmo a cópia de luxo Ineos Grenadier vai ser ignorada, bem, por ser cópia né?

Não, quem pode, parece hoje simplesmente encomendar um restomod baseado no carro original, feito sob medida exatamente para o que precisa, em uma das várias empresas que se dedicam ao amado Landie, o Land Rover original. Como a JLR foi deixar esse mercado para outros sinceramente me escapa.

Mas foi o que fez Lando Norris. O senhor Norris já nasceu com os meios para ter o que bem entendesse, inclusive uma carreira na F1, então não é de se espantar que, ao comprar um Landie, Lando especificou exatamente o que desejava.

Criado pela empresa inglesa Retro Automotive, é um carro aberto de entre-eixos curto, 90 polegadas. O projeto começou com uma restauração abrangente de um Land Rover Defender 90, que levou 1.000 horas para ser concluído. Norris queria que seu off-road fosse completamente sem teto, deixando a cabine totalmente exposta para uma experiência de direção ao ar livre. Não há teto conversível. O modelo também tem para-lamas mais largos e unidades de iluminação LED modernas.

O exterior é pintado em uma mistura perolada exclusiva de Nardo Grey, com detalhes em metal preto e rodas de liga leve pretas de 18 polegadas calçadas com pneus BF Goodrich. O interior é revestido em couro num tom de azul com o nome chique de Muirhead Egyptian Blue, mas infelizmente, é costurado no batido padrão de diamantes, o que faz parecer um Fusca brasileiro com teto Ragtop.  O carro ganhou também uma unidade de mídia principal Pioneer com Apple CarPlay, acoplada a um alto-falante removível Marshall Kilburn II.

Removível para quando Lando vai pegar uma praia, provavelmente. O carro parece ser para isso: Há até um forno de pizza portátil da Ooni entre os bancos traseiros. Sério! Será que Lando sabe fazer pizza, ou tem gente para isso?

O nome de seu famoso proprietário foi impresso em 3D em placas de metal, e a suspensão é nova, a ar e de altura selecionável. Os freios são maiores, e o motor Rover V8 de alumínio com 3,9 litros e injeção é usado aqui. O carro de Norris tem transmissão manual e caixa de transferência reconstruída pela Hobsons Industries.

A Retro Automotive já entregou o Defender dele em Mônaco, onde deve morar o carro, e onde coisas assim esquisitas de rico são comuns. A empresa, originalmente fundada em 2018 em Yorkshire, constrói apenas 15 veículos por ano, e cada um é adaptado às preferências do cliente. A entrega geralmente leva seis meses, com o proprietário recebendo atualizações regulares durante o processo de construção de seu Land Rover. (MAO)

 

O incrível Rimac do Senhor Rimac

Mate Rimac tem apenas 36 anos de idade. Em 2006, aos 18 anos de idade, comprou um BMW E30 323i 1984, pois parecia ser a maneira mais barata de competir em pista na época. O motor explodiu numa grande bola de fogo logo depois; como era um inventor eletrônico já ali, decidiu transformar o carro em um elétrico. O início de um império que hoje engloba a fábrica de supercarros elétricos que leva seu nome, além da Bugatti. Suas patentes no campo dos carros elétricos são usadas através da indústria, inclusive pela Porsche, que normalmente vende patente, não compra.

O que faz um cara desses quando vai especificar seu carro particular? Aqui, o resultado é um Rimac Nevera simplesmente sensacional. Todo Nevera é especial, claro: apenas 150 serão feitos, cada um custando mais de US$ 2,2 milhões. É um dos carros mais velozes do mundo, com um par de motores elétricos e 1838 cv.

Mas o carro de Rimac é ainda mais especial. O exterior é o elemento que mais chama a atenção. Não é pintado, e sim tem a fibra de carbono exposta. Mas não fibra comum: é adornada com fibra de carbono vermelho escuro que foi colocada de forma intrincada para garantir que a trama continue ininterrupta em vários painéis. Contrastando com a fibra de carbono vermelha, há inúmeras peças com acabamento em fibra de carbono preta, incluindo partes do capô, elementos próximos às rodas dianteiras e acabamentos nas laterais.

Bandeiras croatas foram pintadas à mão nos espelhos laterais e um motivo de relâmpago está sob o spoiler traseiro, servindo como uma homenagem às tempestades repentinas do Mediterrâneo na costa croata que deram o nome ao Nevera.

No interior, o fundador da empresa optou por um design assimétrico com a maior parte do lado do motorista em preto, enquanto o lado do passageiro é em vermelho. O couro Nappa adorna muitas superfícies da cabine, mas também há bastante Alcantara por toda parte. O metal é usado nas maçanetas das portas, botões do volante e controles de infoentretenimento. O encosto de cabeça do passageiro lê ‘K8’, enquanto o encosto de cabeça do motorista tem ‘M8’ bordado nele. O ‘K’ é para Katarina, esposa de Rimac, e uma placa entre os assentos revela que este Nevera é o número 013 das 150 unidades planejadas para produção.

Completando os toques personalizados estão motivos bordados de Solinjanka, uma escultura de uma mulher encontrada no Museu Arqueológico de Zagreb.

“É uma experiência meio louca ser cliente da sua própria empresa, e eu provavelmente também não fui o cliente mais fácil”, diz Rimac. “Assim como com todos os nossos clientes, existe um processo de co-criação; compartilhar ideias, desenvolvê-las e, finalmente, aperfeiçoá-las até que você tenha um Nevera que se destaque e fale com você pessoalmente. O resultado não só parece ótimo, mas conta uma história importante para mim.” (MAO)

 

Volkswagen continua a investir em motores de combustão

Há um índice infalível para se medir o comprometimento das pessoas com o discurso que elas proferem. Trata do índice SNR, sigla para “seu na reta”. Quanto essa pessoa perde se o que ela está dizendo estiver errado? Desconfie de quem diz que alugar casa é melhor que comprar, mas mora em um belo apartamento próprio. Vale para os carros também. Tanto para a questão do aluguel, quanto para qualquer outra tendência. A da eletrificação dos veículos é uma delas.

Olhe para as fabricantes e seus investimentos globais: quanto eles ainda estão investindo em motores de combustão interna? A publicidade é sobre eficiência e futuro asséptico e vida eterna, mas lá nos últimos andares da matriz, na salinha do departamento financeiro, boa parte das contas a pagar ainda são do pessoal de P&D (ou R&D se quiser a sigla estrangeira) dos motores de combustão interna.

Antes de ficar indignado, respire e leia: não se trata de hipocrisia. É mera questão de sobrevivência em uma realidade extremamente segmentada. Você precisa agradar esposa, filhos, amigos, colegas de trabalho e vizinhos. As fabricantes também têm esses compromissos com seus diferentes nichos de público. Mas se você olhar por trás da máscara social, encontrará o que ela pensa de verdade — as ações contam mais que palavras, não é mesmo?

No caso da Volkswagen, por exemplo, do investimento de 180 bilhões de euros anunciado em 2023 para desenvolver a próxima geração de veículos elétricos, a Volkswagen pretende usar cerca de 60 bilhões para desenvolver motores de combustão interna. Ou seja: uma clara mudança nos planos da marca.

A informação veio do diretor financeiro e de operações da própria Volkswagen, Arno Antlitz, que disse à Reuters em Munique, que “o futuro é elétrico, mas o passado não acabou”, uma afirmação muito boa por sua dose forte de realismo. Não haverá uma ruptura, nem pode haver. É preciso haver uma transição, e ela irá levar o tempo que a realidade permitir. É por isso que cerca de um terço do orçamento que iria desenvolver novos carros elétricos, agora será usado para tornar os motores de combustão interna mais eficientes.

Além dessa afirmação de Antlitz, as outras marcas do grupo Volkswagen também já deram sinais de que esse futuro elétrico talvez não esteja tão próximo como parecia há alguns anos. A Porsche é uma das maiores investidoras no desenvolvimento de combustíveis sintéticos, enquanto a Bugatti planeja pontos de abastecimento que possam ser instalados na casa dos proprietários de seus carros — usando combustível sintético, claro. A Lamborghini está apostando em combustíveis alternativos para seus motores, enquanto a Bentley também explora combustíveis “neutros” em carbono, além de ter adiado seus planos de se tornar 100% elétrica para 2033 e não mais 2030.

Está cada vez mais claro que as fabricantes estão repensando as estratégias para o futuro dos carros elétricos (ou ao menos colocando em prática o que já planejavam de forma não-oficial por questões de relações públicas). Como vimos em diversas ocasiões, os carros elétricos ainda têm muitos desafios pela frente antes de serem a única opção de transporte individual motorizado. O público percebe isso, a indústria também. (Leo Contesini)