Fala Galera do Flatout! Me chamo Filipe Soares, sou engenheiro de produção e assim como vocês sou gearhead desde criancinha. Apesar do nome, todos me conhecem como Pitão (apelido de infância). Tudo que eu sempre quis foi aumentar o tamanho dos brinquedos. A escala veio subindo com o tempo: slot cars, R/C e finalmente carros de verdade.
Falando dos brinquedos 1:1, acho que peruas foram a minha sina. Sou um fã inveterado de coupés, mas a maior parte dos meus carros foram peruas. Eu diria que tenho certo fraco por traseiras voluptuosas, talvez seja compulsivo… só muita terapia pra resolver.
Meu primeiro carro foi uma Caravan L 1985 (quatro cilindos), depois outra Caravan (1978, também quatro cilindros.), um Diplomata (1988, finalmente um seis cilindros) e em seguida algumas coisas mais “normais”. Enfim, como a galera gearhead costuma falar sempre usei “dorgas” automotivas das mais variadas ao longo do tempo.
Um grande amigo meu, Rodrigo Kishi sempre fazia o papel de “consciência externa” sobre meu daily driver. Na época eu dirigia um Audi A4 B5 e ouvia constantemente dele: “Pitão, larga esse Audi e compra uma E36. Tu não vai se arrepender“. Nem preciso comentar que não foi muito difícil me convencer. Como todo ex-opaleiro a combinação seis cilindros com tração traseira me faz feliz, muito feliz! Adicione a essa felicidade duas aptidões que meus Opalas nunca tiveram: Fazer curvas e frear. A E36 era o “pacote completo” pro meu bolso.
Como na época eu queria um carro mais novo que o A4 e fui direto nas E90 e E46. Só que rolava o seguinte dilema: ter um visual mais moderno ou andar rápido? Na época eu estava solteiro e todos os meus hormônios diziam pra eu pegar uma E90 320 manca e ir pra balada atrás de todas as Marias Gasolina do Rio, enquanto meu lado jalop berrava “tá maluco? TEM QUE TER NO MÍNIMO 6 CILINDROS! ‘I WANNA GO FAST!'” (Citando Ricky Bobby).
Passei uns seis meses pesquisando, entrando igual um louco nos fóruns do Brasil e de fora. Pesquisando sobre manutenção, cotando as peças que teria que trocar logo de cara, idealizando o “pacote inicial” de manutenção preventiva e tentando não me assustar sobre os problemas já conhecidos desta plataforma. Enfim, fui ver uns carros — sedans, coupés, touring nas versões 325 e 328 manuais e automáticas. Eu estava sem foco algum e a combinação 328 + câmbio manual + coupé + preço razoável + bom estado de conservação nunca aparecia. Se com tudo isso já era difícil, aparecer da cor certa (preto, lógico), era mais difícil ainda.
A oferta de E36 no mercado é bem grande e não dá para estipular um preço “médio”. O preço vai do estado do carro. Geralmente carros baratos tiveram sua manutenção negligenciada, mas a gente sempre tem a esperança de fazer um achado milagroso. E para aqueles que persistem, acontece!
Eu tentava me convencer que quando procuramos um importado usado a abrimos mão de cor, modelo, quantidade de portas. E que o importante é pegar um veículo integro, e que seja uma boa base para um projeto de longo prazo. Porém, no fundo eu queria um coupé preto (ou branco), 328 e manual em bom estado.
Todo dia eu acessava o Webmotors, OLX e outros classificados. Resolvi aumentar o escopo da busca por qualquer coisa em bom estado/preço que fosse: 328 com câmbio manual. Isso já me dava algum foco. Essa é uma plataforma com muitos upgrades disponíveis, grande oferta de peças dentro e fora do Brasil e não tem tanta eletrônica embarcada quanto os modelos mais recentes. Era conscientemente meu primeiro passo no “Bimmer World”. Mundo este que só sairei quando eu tiver grana pra um Porsche, mas isso é outra história.
Depois de algum tempo, e do Rodrigo me torrar a paciência por meses para ir ver esse carro, eu tomei a decisão correta: fui ver certa Touring que estava mofando há meses em uma loja em Teresópolis.
Fui a Terê num sábado e foi amor à primeira vista, tudo estava certo: o carro, a cor, o cambio, a tração e principalmente: o preço. Na hora eu até pensei “Putz, mais uma perua na minha vida…”, mas em pouco tempo depois eu já estava “HELL YEAH!!! MAIS UMA TOURING NA MINHA VIDA!!!”,.
Voltei pra casa, pensei, fiz umas contas e liguei pra lá reservado o carro. Na quarta feira seguinte fiz o TED pra a loja pela manhã e na hora do almoço sai do trabalho rumo à rodoviária. Chegando à rodoviária eu só pensava “Terê ai vou eu de busão! Mas volto de Bimmer!”.
Os minutos da viagem de ida não passavam. Eu dormia, acordava e somente cinco minutos haviam passado. Eu estava ansioso demais, quando acordava destas sonecas eu já achava que iria ver o pórtico da cidade. Enfim, o tempo não passava. De longe foi à viagem mais “longa” que eu fiz pra Teresópolis.
Eu costumo fazer muito esse trajeto entre o Rio e Teresópolis, mas eu garanto pra vocês que a volta pra casa foi um dos melhores momentos da minha vida! A suspensão do carro estava a uns 60% e nos primeiros quilômetros eu assumo que estava com “certo medinho”. Depois que peguei algum costume com o carro eu vim igual um louco, um louco feliz! Alias, continuo louco e feliz!
Desde que fiz essa decisão por uma 328 MT eu havia decidido que eu iria participar de algum track day. Essa é uma vontade que tenho há muito tempo, mas o Rio não ajuda muito. Alias, morar no Rio não ajuda nada neste sentido, nem autódromo temos. Sabendo do potencial deste chassis e da distância pro autódromo mais perto eu amadureci a ideia da seguinte forma: “quero um carro que eu possa ir rodando para um track day em SP, com o ar gelando e minha bunda num banco de couro de bisão (assumo, afrescalhei), participar do track day e voltar com o ar gelando pra casa”. Como pretendo fazer isso? Aguardem os próximos capítulos.
Desde que a Val, chegou aqui dei um banho de loja nela. Afinal, aquela jovem senhora estava muito comportada. Assim como toda balzaquiana merece um par siliconado para reconquistar a glória de sua adolescência, a Val merece se tornar mais divertida e será melhor usada agora do que pelos seus donos antigos.
Por fim, por que Valkyrie? Bem, além de maluco por carros, sou louco por mitologia nórdica e por heavy metal (ALERTA: NERD!!! NERD!!! NERD!!! PRA PIORAR: NERD GUITARRISTA!). Sou muito fã de Manowar e não tem nada mais legal do que andar pelo transito berrando:
“Strong winds, magic mist
To Asgard the Valkyries fly
High overhead, they carry the dead
Where the blood of my enemy lies”
(Manowar – Blood of my enemies)
Esse carro é uma espécie de Valquíria Mecânica. Se eu morrer dentro dele, vou direto Valhalla. Serei recebido por Odin, que sentado em seu trono vai se levantar com as chaves de uma M1 nas mãos falando: “filho, volta pra Midgard e bota pra f***!”.
Acho que por enquanto é só, espero que tenham curtido e até a próxima!
Filipe Soares, Project Cars #08