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Rossion Q1R: este carro de corrida de fábrica com 327 cv e câmbio manual é um sonho purista de fibra de carbono

Um tipo de superesportivo que anda muito em evidência são os brinquedos de pista: carros às vezes (nem sempre) até usam modelos street legal como base, mas são desenvolvidos ao extremo para desempenho em pista e sequer podem rodar nas ruas. Aston Martin Vulcan, Ferrari FXX K, Lamborghini Sesto Elemento, Pagani Zonda Revolución, McLaren P1 GTR. São carros para um público bem específico – caras que têm muito dinheiro e podem pagar algumas centenas de milhares de dólares (ou mesmo milhões) para ter em seu galpão um track day toy com tecnologia de ponta.

O que estes superesportivos têm em comum, além do alto preço (US$ 3 milhões no caso da FXX-K, US$ 2,8 milhões pelo Zonda Revolución), é o fato de usarem tecnologia de ponta. Aerodinâmica ativa, sobrealimentação, tecnologia híbrida, câmbio de dupla embreagem, fibra de carbono em profusão e, em alguns casos, uma equipe de mecânicos fornecida pela própria fábrica para garantir que a diversão na pista seja tranquila e sem problemas técnicos. As coisas não eram assim há uns dez anos…

E se a gente pudesse reduzir a escala das coisas e conseguir o que realmente interessa na experiência de ter um track day toy, e ainda conseguisse o bônus de ter um carro muito mais acessível? E que ainda por cima fosse bonito?

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Eis a resposta: o Rossion Q1R. Quando eu vi a foto do carro, em fibra de carbono nua com detalhes vermelhos, já soube que ele era algo especial.

Você provavelmente conhece o Noble M600, o esportivo “alternativo” britânico que já caiu nas graças de gente como Jeremy Clarkson. O M600 foi lançado em 2010 e é movido por um V8 Volvo biturbo de 4,4 litros (o mesmo do SUV XC90 e do sedã S90) e 650 cv com câmbio manual de seis marchas, sendo capaz de ir de zero a 100 km/h em três segundos cravados e de atingir os 346 km/h. Pois seu antecessor, o Noble M400, foi fabricado em 2004 e 2007 e já trazia o mesmo conceito básico, porém era movido por um V6 Ford Duratec de três litros com componentes forjados e dois turbos Garrett AirResearch T28 para entregar 420 cv.

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Já faz tempo que o Noble M400 já não é mais produzido, e o M600 é um carro com conjunto mecânico bem mais potente e sofisticado. Por sorte, ainda em 2007 uma empresa chamada RP High Performance, de Palm Beach, na Califórnia, comprou os direitos sobre o Noble M400 e, em 2008, começou a fabricar uma versão modernizada e aperfeiçoada do carro chamada Rossion Q1 usando, a princípio, o mesmo V6 biturbo de 450 cv do Noble M600.

Em 2013 foi lançada a versão de pista, o Rossion Q1R. Desde então apenas três exemplares foram fabricados: um em 2015, outro em 2014 e o terceiro, que acabou de ser concluído e é o único com acabamento em fibra de carbono nua.

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Construído de forma artesanal, o Rossion Q1R tem estrutura tubular com painéis de alumínio colados e parafusados. A suspensão é por braços sobrepostos nos quatro cantos, com molas H&R e amortecedores ajustáveis do tipo coilover da Koni.

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O acabamento da carroceria parece impecável, com os vãos entre os painéis da carroceria selados para reduzir ruídos indesejáveis, faróis de dupla parábola com projetores e lanternas traseiras vindas diretamente do… Hyundai Sonata de quarta geração, que foi lançado em 2002, mas ainda é fabricado e vendido na China. As rodas de 18 polegadas são forjadas e abrigam freios Wilwood com discos de 330 mm ventilados e frisados.

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É um carro bonito, mas fica ainda mais interessante quando se abre a porta. A primeira coisa que se nota é a gaiola de poteção integral, que inclui travessas nas laterais – igualzinho é nos carros de competição, até mesmo na dificuldade para se entrar no carro.

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Os bancos concha fixos são da Sparco, com cintos de competição de seis pontas da OMP, e são preparados para receber o sistema HANS para proteger o pescoço do piloto.

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O painel de instrumentos também é típico dos carros de corrida, com fibra de carbono exposta e camurça. O cluster de instrumentos é digital, o volante é um OMP de base reta e saque rápido e todos os comandos para o piloto estão concentrados em um console de fibra de carbono com chaves etiquetadas – para os faróis, lanternas, setas, ventoinhas elétricas, bomba de combustível e limpadores de para-brisa.  Também há a chave de ignição, o acionamento do extintor de incêndio, o botão de partida e o seletor para ajustar o brake bias, isto é, a distribuição da força de frenagem entre a dianteira e a traseira.

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Revestimentos de porta também são simples, de fibra de carbono, e não há apoios de braço. Há um item muito mais interessante, porém: a pequena alavanca de câmbio com todo o mecanismo exposto, que comanda a caixa manual de seis marchas ligada a um diferencial traseiro com autoblocante.

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O motor é um Ecoboost 2.0 que, de acordo com a Rossion, entrega 327 cv a 5.500 rpm e 42,1 mkgf de torque a 2.500 rpm (aliás, a famíla Ecoboost da Ford tem se mostrado popular para projetos independentes como este).

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A Rossion diz que é o bastante para ir de zero a 100 km/h em 2,9 segundos – o que parece razoável em um carro que pesa 816 kg. É possível vê-lo em ação no vídeo abaixo:

Ao menos em aceleração o Rossion Q1R está no mesmo território dos hipercarros de pista. No mais, é óbvio que em termos de engenharia, orçamento e tecnologia estamos falando de dois mundos diferentes. Por outro lado, o Rossion Q1R custa uma fração do preço – ele parte de US$ 100.000, que ainda são 10% do que custava uma Ferrari FXX K ou um McLaren P1 GTR.

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No fim das contas o Rossion Q1R não é um carro extraordinário ou inovador, e alguns podem até achar que ele não tem absolutamente nada a ver com supercarros feitos para track days. Mas, para mim, é aí que está sua beleza: ele é um carro contemporâneo onde deve ser, e old school onde realmente importa. Não falta nada, mas também não sobra. Agora quero um.