Mais de 200 carros. Mais de 200 motores. Nenhum pistão. Foi assim a última edição do Rotary Reunion, que rolou no último fim de semana no circuito de Bruce McLaren Motorsports Park, em Taupo, na Nova Zelândia. Um épico.
É o maior encontro de carros com motor rotativo do país. Na verdade, em seu site, os organizadores do Rotary Reunion dizem que é o maior evento do tipo no hemisfério sul, e que sua história é recente – a primeira edição foi realizada em 2015, e contou com a presença de cerca de 50 carros. Agora, mais que o quádruplo dos participantes se reuniram, e o resultado foi uma massiva sinfonia de rotores girando a mais de 8.000 rpm.
Você deve ter notado uma coisa. Quando se fala em motor Wankel, a primeira imagem que vem à cabeça é a de um Mazda RX-7 de terceira geração (FD, a mais arredondada, que ficou famosa em Gran Turismo, Need for Speed e “Velozes e Furiosos 3: Desafio em Tóquio”) preparado, com um ronco furioso. No entanto, se você observar todo o desfile no circuito de Taupo, vai notar que a seleção de carros é bem mais diversa.
Isto porque o RX-7 FD, na verdade, foi um dos últimos modelos da Mazda a empregar o motor Wankel (só não foi o último porque, depois dele, veio o RX-8, fabricado entre 2003 e 2012). A história do motor Wankel começou em 1965, quando foi lançado o Mazda Cosmo, com seu motor de dois rotores, 982 cm³ e 110 cv. Desde então, a fabricante não parou mais: o motor Wankel foi usado em esportivos, compactos, picapes e vans. O alto consumo de combustível e de óleo, aparentemente, não incomodava quem só queria a alta potência específica e o ronco agudo dos rotores em movimento. Porque a experiência conta mais do que os números.
Ao longo das décadas, a configuração mecânica exótica dos modelos da Mazda atraiu milhões de admiradores e entusiastas em todo o planeta. A Austrália e a Nova Zelândia, sendo próximas do Japão e também adeptas da mão inglesa, receberam modelos com motor Wankel em massa por décadas. E é por isso que há tantos carros diferentes juntos no evento: o sedã Mazda Familia, os cupês RX100, RX-2 e RX-3, peruas e sedãs da linha RX-4 e até o luxuoso Mazda Luce – nenhum deles movido por pistões.
Alguns deles ficavam estacionados, exibindo sua pintura reluzente e seus cofres impecáveis – estes, ocupados por motores bem menores do que estamos acostumados a ver. Outros ficavam no centro de rodas de dezenas de pessoas, deixando marcas no asfalto enquanto eram cobertos por nuvens de fumaça de pneus.
Houve também corridas de arrancada e sessões de voltas rápidas no circuito de Bruce McLaren Motorsports Park. Na pista, projetos variados: race cars puros e funcionais, street cars com pintura impecável, porém vocação para acelerar em autódromos, e até carros originais, cujos donos aproveitaram a oportunidade para dar umas esticadas.
Rolou até uma bateria de shakedowns com carros de competição que correm no circuito australiano de turismo e drift – provando a importância do evento para a cultura automotiva e de pista da Nova Zelândia.
É difícil falar de um evento ao qual não se compareceu (e, acredite, se fôssemos neozelandeses ou se tivéssemos a condição, estaríamos lá), mas por sorte os caras não economizaram em fotos e vídeos cobrindo tudo. Se você aprecia um bom enxame de abelhas furiosas, deleite-se com as fotos no Facebook e com os vídeos que colocamos ao longo deste post!