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Sessão da manhã

RS Fest – todas as gerações do Porsche 911 RS juntas em um único teste!

Poucos esportivos conservaram tão bem sua essência quanto o Porsche 911. Nestes mais de cinquenta anos de estrada (e pistas), o Nine-Eleven pode até ter mudado bastante, acompanhando os avanços da indústria automotiva, mas sua essência permaneceu a mesma. E isto provavelmente não vai mudar.

O que nos traz ao vídeo de hoje: os caras do Autoblog.nl deram um jeito de reunir vários 911, de todas as gerações, para um mega-teste. Detalhe: os carros representam todas as encarnações (ou seriam “encarrações”?)  do Porsche 911 RS — do Carrera RS original dos anos 1970 ao insano GT3 RS da geração 991.

Não se trata de um comparativo técnico, com tempos de volta e comentários elaboradíssimos a respeito da dinâmica de cada carro. No entanto, são mais de 30 minutos de vídeo e oito carros — sem dúvida, vale a pena, pois os apresentadores Wouter Karssen e Casper Heij acabam nos dando uma boa noção de como é dirigir cada um dos carros de uma forma bastante clara e fácil de entender. Além disso, se já é bacana ouvir o ronco de um flat-6 alemão, imagine então seis deles!

Detalhe: o vídeo é todo falado em holandês, mas tem legendas em inglês que podem ser traduzidas automaticamente para o português. Agora, nos desculpe se você planejava ter uma manhã produtiva…

O Carrera RS foi lançado em 1973, e o objetivo da Porsche com ele era o mesmo que deu ao mundo alguns de seus melhores esportivos: homologar um carro de corrida. A Porsche passou a apostar todas as suas fichas no 911 para manter sua boa imagem nas pistas, visto que o insano 917, que venceu as 24 Horas de Le Mans, não poderia mais competir.

O motor boxer, que no 911 comum era de 2,4 litros, teve o deslocamento ampliado para 2,7 litros e, adotando um sistema de injeção mecânica e pistões revestidos com níquel, entregava 210 cv e 26 mkgf de torque — bastante potência para um carro que pesava 975 kg e tinha 60% deste peso na traseira. O conjunto levava o Carrera RS 2.7 aos 100 km/h em 5,6 segundos, com máxima de impressionantes 243 km/h. Casper Heij diz que é fácil sentir como a dianteira é leve — ela parece querer flutuar mesmo em linha reta, e nas curvas é fácil perder a traseira.

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A Porsche não acreditava que seria capaz de vender os 500 carros fabricados por exigência da FIA para que o 911 Carrera RS 2.7 pudesse correr no Campeonato Europeu de Turismo. No entanto, quando o carro foi apresentado, a demanda foi tão grande que a fabricante decidiu ampliar a produção para cerca de 1.590 unidades. Uma vez disponíveis para encomenda, os carros se esgotaram em semanas.

O que nos leva a questionar o motivo de a Porsche ter demorado tanto para dar ao Carrera RS 2.7 um sucessor. Este só veio em 1991 como modelo 1992: o 911 964. Do ponto de vista racer, ele é o mais interessante: de série, vinha sem bancos traseiros, sem vidros elétricos, sem ar-condicionado, nem isolamento acústico ou rádio (ainda que este fosse opcional). Ele também tinha capô de alumínio, rodas de magnésio e vidros mais finos, com exceção do para-brisa.

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O resultado era um carro de 1.220 kg (ainda que uma versão com mais itens de conforto e mais pesada, chamada Touring, também estivesse disponível) que, além do baixo peso, se beneficiava de um motor maior, de 3,6 litros e 260 cv. Era capaz de chegar aos 100 km/h em 5,4 segundos, com máxima de 260 km/h. A impressão de Wouter é que o carro ficou mais dócil e fácil de guiar — apesar da idade, ele não tem o mesmo jeitão de “carro antigo” do modelo original. Ao mesmo tempo, trata-se de um RS, com suspensão firme, dianteira leve e personalidade arisca, como deve ser um Porsche clássico.

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O 964 Carrera RS teve vida curta — em 1993, a Porsche apresentou a geração seguinte, batizada como 993. O motor maior, de 3,8 litros, entregava 300 cv e era capaz de levar o carro até os 100 km/h em cinco segundos cravados, com máxima de 277 km/h. Sendo o último dos 911 com motor refrigerado a ar, o 993 é um dos mais adorados pelos fãs. No entanto, os apresentadores acreditam que ele tem muito mais potencial — ele é tão equilibrado na pista que é como se pedisse um motor mais potente. Além disso, seu visual está entre os melhores de toda a história do 911.

A partir da geração seguinte, a 996, o Porsche 911 RS ganhou o prefixo GT3. Os carros modernos são mais parecidos entre si, mas há quem diga que o GT3 RS da geração 996 foi o melhor de todos, apesar de seu visual controverso graças aos faróis de Boxster adotados para conter custos. Para começar, a potência deu um salto: o motor de 3,6 litros desenvolve 381 cv, e é capaz de levar o carro (que pesa 1.360 kg) até os 100 km/h em 4,5 segundos, com máxima de 306 km/h.

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Curiosidade: o coletor de admissão do tipo Ram-Air na traseira, em teoria, adiciona 15 cv à potência, totalizando 396 cv. No entanto, a Porsche não conseguiu medi-la em dinamômetro, com o carro parado — o ar extra só é admitido para o motor com o carro em movimento.

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A geração seguinte, a 997, é representada por três carros. Isto porque o GT3 RS 997 passou por duas atualizações ao longo dos anos. O primeiro modelo, de 2006, conhecido como 997.1, tinha um motor 3.6 de 415 cv com comandos de válvulas variáveis e a capacidade de levar o carro até os 100 km/h em 4,2 segundos. No entanto, seu maior trunfo é a aerodinâmica muito mais eficiente que, auxiliada pela bitola traseira maior (cortesia da carroceria mais larga, emprestada dos 911 de tração integral), garante muito mais estabilidade nas curvas.

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Em 2009, o 997.2 GT3 foi apresentado, com um motor de 3,8 litros e 435 cv (que era capaz de levá-lo até os 100 km/h em quatro segundos cravados) e novos componentes aerodinâmicos. Por fim, em 2011, veio o GT3 RS 4.0 que, como diz seu nome, teve o deslocamento ampliado para quatro litros — o maior já usado por um 911 legalizado para as ruas. São 500 cv que levam os 1.360 kg do caro (olha só como ele engordou pouco, considerando a idade e o aumento das dimensões em geral) até os 100 km/h em 3,9 segundos. Nos três casos, a velocidade máxima é de 310 km/h.

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O último dos carros, o GT3 RS 991, é quase um bônus. Isto porque até então, o 997 GT3 apresentou uma evolução linear e manteve um espírito old school, com câmbio manual, suspensão firme e traseira arisca. A geração atual, por sua vez, adotou a caixa PDK de dupla embreagem e sete marchas e incorporou um sistema de esterçamento das rodas traseiras (4WS) — tudo para torná-lo ainda mais capaz na pista (demos muito mais detalhes neste post).

No entanto, a impressão que os apresentadores passam no vídeo é a mesma que você já deve ter ouvido muitas vezes por aí: apesar de ser um carro mais eficiente e avançado, o GT3 RS 991 não tem o mesmo envolvimento. No entanto, é um grande carro, e a partir do momento em que você aprende a apreciar o que ele oferece, fica mais fácil admitir que sim, o atual GT3 RS é o ponto alto da linhagem.

No fim das contas, porém, cada um dos apresentadores escolhe seu favorito. Se fosse uma escolha racional, talvez o 991 fosse a opção de ambos. No entanto, são os modelos antigos que despertam mais paixão. Acaba sendo quase óbvio.