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Car Culture

RS2 Avant: quando a Porsche e a Audi inventaram as super peruas

Se há um tipo de carro que mexe com a imaginação de qualquer entusiasta, são as peruas — especialmente as esportivas. Até dá para entender: supercarros, esportivos e até hot hatches são meio óbvios, mas uma perua potente e com dinâmica de primeira é algo mais inesperado. Por isso, algumas são verdadeiras lendas — como a Audi RS2 Avant, primeiro carro da linhagem RS de esportivos dos quatro anéis, há exatos 20 anos.

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Audi S2 Coupe

A história da linhagem RS começa quando a Audi decide aproveitar o sucesso do Audi S2, que já era uma versão bacana do 80 cupê (e depois, da perua e do sedã), equipada com um cinco-em-linha de 2,2 litros com 20 válvulas e turbo, capaz de entregar 230 cv e 35,6 mkgf de torque. Com câmbio manual de cinco marchas e tração integral quattro, o carro chegava aos 100 km/h em 5,7 segundos com máxima de 246 km/h.

Se o “S” do S2 significava Sport, a designação “RS” adotada para o RS2 significava RennSport, ou Racing Sport. Já deu para entender as intenções da Audi, não é? Se hoje a Audi é amplamente reconhecida como uma fabricante de automóveis que aliam a praticidade ao alto desempenho, boa parte disto se deve ao RS2, que tirava proveito do fato de a Audi e a Porsche pertencerem à mesma empresa.

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O logo da RS2 Avant traz os quatro anéis da Audi acima do letreiro da marca de Stuttgart, mas a parceria foi muito além de uma simples grife: na verdade, a Audi fabricou todos os componentes básicos, mas a montagem do carro e boa parte das modificações do motor era feita no complexo Zuffenhausen da Porsche em Stuttgart, que recebia as carrocerias que vinham de Ingolstadt.

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Sem dúvida, o maior trunfo da RS2 Avant é seu motor — que começava a vida como um 2.2 de Audi S2, mas recebia injetores de alta vazão, sistema de injeção retrabalhado acompanhado de um novo módulo Bosch, comando de válvulas mais agressivo e sistema de escape retrabalhado. A cereja do bolo era um turbo KKK 30% maior que o original.

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O resultado era uma verdadeira usina capaz de entregar 315 cv a 6.500 rpm e 41,75 mkgf de torque já aos 3.000 rpm, moderados por um câmbio manual de seis marchas que entregava a força às quatro rodas através do sistema de tração integral quattro — que tinha um diferecial traseiro com blocante ativado manualmente. O resultado era um carro capaz de chegar aos 100 km/h em apenas 4,8 segundos, com velocidade máxima de impressionantes 262 km/h. Era um verdadeiro halo car, status que o atual herdeiro RS4 detém até hoje.

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Outro dado impressionante era sua aceleração de 0 a 50 km/h — segundo um teste realizado pela revista britânica Autocar, levava apenas 1,5 segundo. É mais rápido que o McLaren F1, para se ter uma ideia.

Mas não era só isto, e os outros aspectos do carro também receberam a atenção da Porsche. Os freios eram da Brembo, com discos ventilados de 304mm na dianteira e 299 mm na traseira, todos com pinças de quatro pistões (havia ainda a opção por discos de 322 mm nas quatro rodas). A suspensão continuou usando um sistema McPherson na dianteira com braços sobrepostos do tipo double wishbone na traseira, acompanhados por barras estabilizadoras, porém tinha amortecedores retrabalhados pela Porsche e era 40 mm mais baixa, o que garantia um comportamento dinâmico mais condizente com a potência a mais.

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Visualmente, o carro recebia novos para-choques e alguns componentes da Porsche, como as rodas “Cup” de 17×7 polegadas do Porsche 968 e os retrovisores do Porsche 964, fora os emblemas que deixavam a parceria bem evidente.

Por dentro, o visual era mais discreto, predominantemente preto, com bancos Recaro e volante de três raios opcional; havia também a opção por madeira ou fibra de carbono nos detalhes do painel e do console central.

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O plano era que fossem fabricadas 2.200 unidades, mas a forte demanda elevou o número de unidades para pouco menos de 2.900 carros, todos produzidos entre março de 1994 e julho de 1995. Destes, 180 tinham o volante do lado direito e foram destinadas a mercados como o Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul.

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Não era um carro barato — custava o equivalente a mais de R$ 180 mil na época, e também não era o melhor equilibrado: a própria Autocar criticou a violência na atuação do turbocompressor e a dinâmica um tanto neutra demais.

Contudo, seu visual que equilibrava agressividade e discrição na medida certa, a excelência de seu conjunto mecânico e, claro, o ronco do cinco-cilindros, a tornaram um clássico absoluto — e a super perua favorita de nove entre dez entusiastas, mesmo que a Audi tenha aperfeiçoado a receita nos modelos seguintes. Nada mais justo para o primeiro de todos os Audi RS — se você curte o RS3 ou o TT-RS, pode agradecer a esta perua com alma de Porsche.

[ Fotos: Audi, ooppeeddrroo/Flickr (interior e carro cinza) ]