Alguns projetos são tão emblemáticos que acabam famosos mundialmente e acumulando milhares de fãs pelo mundo. Muita gente conhece o Porsche 911 “277” de Magnus Walker; a Ferrari P4/5 de Jim Glickenhaus ou, mais recentemente, o Mustang de 860 cv do Ken Block.
Entre a galera do stance, um destes projetos lendários era Rusty Slammington, um BMW Série 5 E28 rat rod que foi em 2010 por Mike Burroughs, um dos caras por trás do site Stanceworks. Seu estilo de customização pode não ser muito bem a sua praia, mas aqui no FlatOut a gente sempre tenta abrir espaço para todas as subculturas. E o carro era realmente famoso, aparecendo em diversos sites e revistas que ficou pronto.
Foto: Mike Burroughs
Seu nome não foi escolhido à toa: Rusty Slammington era um carro enferrujado (rusty, que também é um apelido para Russell) e rebaixado (slammed). E dá para entender seu apelo: antes de se transformar em um project cars, o Série 5 era mais um monte de ferro velho do que um carro capaz de rodar. Faz sentido, então, a opção por transformá-lo em um rat rod.
Agora, se você acha que o cofre recebeu um bom e velho V8 americano (um small block Chevrolet certamente faria seu papel muito bem), você não conhece Rusty Slammington. Debaixo de seu capô estava um 1JZ-GTE, versão de 2,5 litros do famoso 2JZ-GTE (de três litros) usado no Toyota Supra. Pensando bem, o fato de ser um seis-em-linha é até interessante, considerando que foi exatamente esta configuração que se tornou marca registrada dos BMW.
Além do motor japonês, Rusty chamava a atenção por seu visual. O que começou com uma customização leve e de bom gosto se tornou uma personalização muito mais extrema, com carroceria enferrujada, suspensão a ar, muita cambagem negativa e inspiração nos nose arts dos caças da Segunda Guerra Mundial, com uma enorme boca cheia de dentes afiados e um par de olhos ameaçadores pintados nos para-lamas dianteiros.
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Foi um projeto que levou três anos para atingir sua forma final, com direito a um tópico documentando todo o processo de transformação. No entanto, quando dizemos “forma final”, falamos sério. Em 2011, a garagem onde o carro ficava guardado pegou fogo, e isto foi tudo o que sobrou:
Rust in peace
No entanto, Rusty era um carro tão querido por seu dono (e por toda uma comunidade de fãs) que, em maio de 2013, Burroughs anunciou que sim, ele reconstruiria o BMW todo novamente. E mais: prometeu que o carro ficaria “maior e melhor do que antes”.
Agora, pouco mais de dois anos depois, no chão do SEMA Show 2015, Rusty está de volta. E a promessa foi cumprida!
O carro está, de fato, maior do que antes. E, para muita gente (nós, inclusive), ficou melhor também. Claro, ainda estamos olhando para um BMW Série 5 E28 rebaixado, enferrujado e decorado com nose art, mas diríamos que o tempo lhe fez muito bem. Note os para-lamas alargados, feitos de metal, e as rodas BBS que, de acordo com Burroughs, vieram direto de um Porsche 935 (sim, do mesmo tipo que venceu as 24 Horas de Le Mans de 1979): o Rusty Slammington renascido é inspirado nos carros de competição do Grupo 5 de turismo. Mais especificamente, nos Série 3 E21 que competiam nos EUA, no campeonato da IMSA.
Eles eram equipados com motores de dois litros que, turbinados, eram capazes de chegar aos 650 cv tranquilamente. E isto nos lembra outro aspecto do “novo” Rusty: agora, seu motor é um seis-em-linha BMW. Mais precisamente, um S38, o mesmo que era usado no M5 E34 e, originalmente, entregava respeitáveis 315 cv.Uma foto publicada por Arvid Schwartz (@schwartz28) em
O motor foi todo refeito, mas ainda não há muitas informações a respeito — apenas que deslocamento foi ampliado de 3,6 para 3,7 litros e que os componentes internos são forjados, com direito a pistões com taxa de compressão de 14:1. Burroughs diz que a inspiração foram os BMW 3.0CSL e M1 que competiam nos anos 70 e 80. Será que dá para esperar algo em torno de 600 cv, então?
O trabalho de recuperação começou para valer em março de 2014. Partindo apenas da carroceria original, Burroughs construiu um chassi tubular sob medida e encurtou o entre-eixos em 30 centímetros. Agora o carro só tem duas portas e ficou muito mais largo.
Visualmente, o resultado ficou impressionante — a mistura de carro de corrida e rat rod deu certo. A suspensão a ar deu lugar a um sofisticado sistema pushrod, com componentes H&R, e o resultado é um carro que, pelo menos aparentemente, ficou muito mais funcional apesar do stance agressivo proporcionado pelas rodas de 16×11” na dianteira e 19×14,5” (!!!) na traseira.
Uma foto publicada por StanceWorks (@stanceworks) em
O interior do Série 5 segue a linha racer encontrada do lado de fora, com bancos que parecem mais cadeiras elétricas, uma gaiola de proteção que fica a centímetros de qualquer parte do corpo de quem ousar entrar dentro dele e completa ausência de acabamento ou itens de conforto e conveniência. A não ser que, para você, a ideia conforto e conveniência seja exatamente a ausência de tais itens…
A chegada do carro ao SEMA 2015 causou furor entre os presentes, mas o detalhe é que ele ainda não está pronto: ainda faltam alguns ajustes finos no motor e acertos no visual. De qualquer forma, é muito legal ver um carro tão famoso ressurgir depois de, literalmente, acabar-se em cinzas.