foto pedro meurer/flickr antes de 1990 carros importados nao tinham espaço nas ruas do brasil automoveis que nao fossem fabricados aqui eram simplesmente proibidos de entrar no pais boa parte dos automoveis que saia das fabricas era de projetos com dez anos de idade ou mais atrasados em relaçao ao resto do mundo mas as fabricantes de eram criativas e na maioria das vezes conseguiam manter seus modelos atualizados ao longo dos anos valendo se de facelifts inspirados em carros vendidos la fora e atualizaçoes mecanicas nos motores que ja existiam e claro que com o tempo ficou evidente que nossos carros estavam ultrapassados mas isto nao significa que alguns deles nao fossem memoraveis foto ennyus/flickr uma soluçao alternativa para quem queria um carro diferenciado era comprar um fora de serie os modelos produzidos com base em carros que ja existiam por companhias menores geralmente de forma artesanal e em menor escala por um misto de falta de recursos e desejo por exclusividade começamos uma serie especial sobre os fora de serie brasileiros na semana passada falando do bianco s e agora chegou a hora de revisitar outro classico entre os carros nacionais alternativos a estrela de hoje e o elegante santa matilde sm que foi produzido entre 1978 e 1988 no entanto costuma se chama lo apenas de santa matilde mais ou menos como se faz com o delorean dmc 12 que e mais conhecido apenas como delorean foto lucas alcantara/flickr a ideia para o santa matilde nasceu em 1975 quando teve inicio a proibiçao de carros importados no brasil antes disto era possivel comprar um carro la fora e traze lo para ca o empresario humberto pimentel por exemplo ele tinha um porsche 911s targa no entanto mesmo que ja tivesse um esportivo importado na garagem a proibiçao das importaçoes era uma ma noticia para ele isto porque era inevitavel que com as importaçoes de automoveis proibida a disponibilidade de peças para estes automoveis no brasil tambem fosse afetada foto lucas alcantara/flickr humberto pimentel era presidente da companhia industrial santa matilde fundada em 1916 na cidade de conselheiro lafaiete/mg o ramo principal da empresa era a metalurgica e sua especialidade eram os vagoes ferroviarios como conta ze carvalho do clube de proprietarios sm clube a soluçao encontrada por pimentel para a possivel escassez de componentes para seu porsche e outros carros importados antes de 1975 foi criar um esportivo com componentes nacionais ele teria sido inspirado tambem pela boa fama do puma que ja era o mais bem sucedido fora de serie brasileiro e havia acabado de ganhar uma versao mais potente e sofisticada o puma gtb enquanto o puma lançado em 1967 usava chassi e motor volkswagen o puma gtb aproveitava a mecanica do chevrolet opala com um seis em linha de 4 1 litros e 130 cv instalado em um chassi desenvolvido pela propria puma o gtb apresentado em 1973 no salao do automovel era um carro inspirado nos muscle cars americanos feitos para competir com o proprio opala e mais tarde com o maverick e cobrava caro pela exclusividade so nao custava menos que o ford landau maior e mais luxuoso automovel produzido no pais naquela epoca ha quem diga que humberto pimentel estava na fila para comprar um puma gtb mas como a espera era muito longa decidiu fazer seu carro por conta propria outros dizem que foi uma versao brasileira do conflito entre enzo ferrari e ferruccio lamborghini pimentel teria sugerido modificaçoes no projeto do puma gtb mas como nao foi ouvido decidiu mostrar aos caras como e que se fazia [youtube id= rfyzvovy1bo width= 620 height= 350 ] o caso e que o santa matilde tambem tinha o motor do opala o desenvolvimento do carro teve inicio ainda em 1975 quando o primeiro chassi foi projetado usando componentes estruturais como as longarinas e de suspensao do opala porem com dimensoes e desenho proprios o primeiro prototipo ficou pronto em 1977 mas o carro tinha dirigibilidade aquem do esperado por pimentel e por isso o chassi teve de ser reprojetado a ideia era apresentar o carro no salao do automovel de 1978 e por isso as mudanças tinham de ser elaboradas e executadas em pouco tempo para isto pimentel montou um novo time de engenharia e deu sequencia ao trabalho o novo chassi novamente usava componentes do opala incluindo a suspensao por braços sobrepostos na dianteira e por eixo rigido com barra panhard na traseira porem tinha entre eixos mais curto 2 38 m contra 2 66 m e motor mais recuado assim o santa matilde era capaz de mudar de direçao mais rapido que o opala o entre eixos mais curto reduzia a inercia polar e tinha os 1 240 kg melhor distribuidos entre a dianteira e a traseira sendo assim um carro mais estavel nas curvas [gallery columns= 2 size= medium link= file ids= 141629 141630 ] de acordo a carroceria do santa matilde sm tinha capo longo e traseira curta tipica dos grand tourers europeus suas linhas foram assinadas por uma mulher ana lidia pimentel filha de humberto pimentel o sm tinha quatro farois circulares setas triangulares e carroceria de visual limpo sem exagero de elementos cromados e outros detalhes as lanternas eram horizontais estreitas e retangulares esteticamente o santa matilde estava alguns anos a frente das tendencias da epoca o interior tambem era influenciado pelos carros europeus apresentando um design simples e bem resolvido com painel de instrumentos bastante completo e revestimento de couro a qualidade de construçao e acabamento era prioridade de pimentel com o seis em linha do opala e seu cambio manual de quatro marchas o santa matilde sm era capaz de chegar aos 100 km/h em 12 segundos com maxima de 180 km/h desempenho bastante satisfatorio para a epoca e suficiente para que o carro fosse considerado um esportivo fotos pedro meurer/flickr no total o santa matilde tinha 4 18 m de comprimento os ja citados 2 38 m de entre eixos 1 71 m de largura 1 32 m de altura e bitolas de 1 41 m so levava duas pessoas o tanque de combustivel era pequeno 54 litros e o preço era alto a versao topo de linha com o motor 250 s de 171 cv brutos chegava a custar o dobro de um opala diplomata e ate mais do que um ford landau ainda assim 88 carros foram vendidos em 1978 um otimo numero para um fora de serie ao longo dos anos o sm foi recebendo melhorias em 1979 sistema de direçao hidraulica; em 1980 ar condicionado novos para choques e maçanetas no ano de 1981 foi introduzido o motor quatro cilindros do opala como opcional mas o mesmo nao fez sucesso e deixou de ser oferecido dois anos depois em 1982 o carro deixa de ser um hatchback e com uma traseira mais longa e tampa do porta malas a parte do vigia traseiro torna se um cupe mais imponente foto gabriel gonzales/flickr o ano de 1984 trouxe a aguardada versao conversivel cujo projeto da capota foi feito com inspiraçao no mercedes benz 450slc havia uam capota de lona que ficava guardada atras dos bancos e uma capota rigida com janelas de vidro indicada para dias de chuva a carroceria recebeu os devidos reforços e a fabricante dizia que nenhum outro conversivel produzido no brasil era rigido como o sm alias as portas de todos os modelos tinham uma chapa de metal no miolo que era mais resistente do que a fibra de vidro no caso de uma colisao na lateral o santa matilde recebeu um novo painel em 1985 com linhas mais harmonicas e perdeu os farois redondos no fim de 1986 adotando os mesmos usados pelo volkswagen santana em 1986 alias o sm bateu seu recorde absoluto de vendas com 207 exemplares emplacados conta se que ao longo de toda a produçao que passou dos 900 exemplares pimentel acompanhou de perto cada atualizaçao do carro e fazia questao de conferir pessoalmente o andamento do processo de fabricaçao diz se que quando insatisfeito com o acabamento da pintura que o empresario riscava o carro para que os funcionarios tivessem de refaze la e que aplicava o mesmo tratamento ao interior se o revestimento de couro dos bancos nao estivesse a seu contento prontamente pimentel sacava um estilete e cortava a peça foto ennyus/flickr em seus ultimos anos o santa matilde se mostrava um carro ainda competente e atraente a quem queria exclusividade pimentel ate planejava a criaçao de uma versao seda da qual foi feito um prototipo no entanto em 1988 a companhia industrial santa matilde entrou em crise em meio a greves de funcionarios da divisao ferroviaria e de maquinas agricolas que discordavam das condiçoes de trabalho ao mesmo tempo o mercado para foras de serie tinha seu fim anunciado em breve o brasil reabriria as portas para carros importados como reflexo disto apenas seis carros foram fabricados em 1988 quando a produçao em serie foi encerrada o santa matilde foi produzido sob encomenda ate 1997 porem de forma esporadica
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