nao importa se e turismo monoposto ou prototipo carros de corrida quase nunca possuem velocimetro alem do cronometro o instrumento de referencia de desempenho sempre foi o conta giros por diversas razoes ele nao apenas e uma referencia para troca de marchas no limite mas tambem auxilia o piloto a manter o carro sempre na estreita faixa util de maxima performance de um motor de competiçao tambem tem utilidade fundamental para a equipe buscar as relaçoes de marcha ideais para determinado circuito especialmente quando nao ha telemetria caso o piloto quisesse saber se esta indo mais rapido naquele trecho em relaçao a uma passagem anterior ou se conseguiu uma boa performance de reta bastava checar o conta giros no mesmo ponto da volta anterior mais rotaçoes na mesma marcha significa mais velocidade o quao mais rapido nao importa tanto pois a referencia final e o tempo de volta e para aferir o ganho naquele trecho em especifico existem as parciais tambem e essencial monitorar no minimo a pressao de oleo de turbo quando aplicavel temperatura d agua e quantidade de combustivel isso sem falar nos ajustes adicionais on board se na epoca de senna basicamente havia os ajustes de carga das barras estabilizadoras traseira e dianteira e a valvula de distribuiçao de força de frenagem hoje em dia ha uma infinidade de ajustes como o bloqueio do diferencial alteraçao da curva de torque grau de atuaçao do sistema de regeneraçao dos freios pois altera sensivelmente a dinamica e claro o boost via ers e o sistema de reduçao de arrasto drs com tantas demandas saber a velocidade exata a bordo seria mero detalhe e na pratica ate hoje nao e visto com muita relevancia a formula 1 por exemplo nao usa velocimetro mesmo atualmente um estranho pedido que ficou ainda mais complexo por esta razao quando um certo piloto alemao com apenas 24 anos de idade e sequer uma temporada completa na formula 1 pediu aos seus engenheiros de equipe a instalaçao de um velocimetro em seu benetton a equipe estranhou num primeiro momento nos rimos pilotos de corrida usam o conta giros relembra o engenheiro willem toet em depoimento ao fox sports australia schumacher explicou o seu capricho [caption id= attachment_213425 align= aligncenter width= 999 ] michael schumacher em 1992 sua primeira temporada completa na formula 1 aos 24 anos [/caption] se eu sair de uma curva em 3ª marcha ou se eu sair da mesma curva em 2ª marcha eu quero saber qual escolha trara a maior aceleraçao eu consigo uma velocidade maior no fim da reta ou o ganho de aceleraçao em 2ª marcha e perdido no instante em que eu troco de marcha e se nos trocarmos a relaçao de marchas todas as referencias se perdem porque eu so tenho o rpm a vista isso e um fato uma simples mudança de relaçao de diferencial acaba com a referencia de velocidade se tudo o que voce tem de leitura e o conta giros claro o piloto pode conferir a telemetria depois mas por que nao conferir na hora podendo fazer testes no calor do momento como os que o alemao mencionou sem conseguir contra argumentar os engenheiros da benetton atenderam ao pedido instalando o no topo do cockpit para facilitar a sua leitura pela visao periferica como podemos ver na foto abaixo contudo schumacher logo descobriu que aplicar a teoria na pratica nao era tao simples de acordo com toet pouco tempo depois o alemao lhe disse no meio de uma curva quando estou passando pelo ponto de tangencia quase sempre o ponto mais lento da curva e um pouco dificil de checar a velocidade as coisas mudam rapido demais entao nao da pra observar o velocimetro e ter a certeza de que eu vi a velocidade mais baixa registrada na curva e se eu quero checar minha velocidade maxima no fim da reta nao e facil de observa la tambem porque e preciso estar de olho nos pontos de referencia para a frenagem em resumo rapidamente schumacher descobriu que o velocimetro seria util para muito mais que apenas aferir ganhos de velocidade no fim de reta testando esta ou aquela marcha na saida de curva ele ja estava fazendo testes mais avançados com isso deixando a equipe ainda mais perplexa em vez de desistir do instrumento o novato pediu mais dois deles tres velocimetros lado a lado inacreditavel sabendo que toet exigiria uma argumentaçao bem embasada para uma solicitaçao que envolveria tempo de diversos membros da equipe schumacher ja emendou a sua justificativa ao pedido eu quero manter o velocimetro em tempo real no centro a esquerda quero um marcador da minha velocidade minima na curva ele preservar esta informaçao ate eu tocar nos freios novamente quando ele devera registrar novamente minha nova velocidade minima a direita quero um marcador que exiba a velocidade maxima obtida ate eu voltar a acelerar 100% do pedal por um periodo maior que um ou dois segundos de forma que eu possa ver a velocidade maxima que atingi na reta anterior parece confusa a explicaçao confira a montagem que fizemos abaixo note o cockpit com velocidades hipoteticas inseridas e a sequencia de aproximaçao e saida de um cotovelo a direita nesta encenaçao o carro de schumacher encontra se ja depois da curva no ponto 3 a 227 km/h e a velocidade em tempo real o velocimetro da direita apresenta 328 km/h congelados que e a velocidade maxima obtida na reta anterior ponto 1 o velocimetro da esquerda apresenta 132 km/h congelados que e a velocidade minima atingida na curva anterior ponto 2 buscando registros on board da epoca podemos ver que em 1994 de fato o benetton de schummy tinha tres velocimetros exatamente como na foto acima contudo ao relembrar a historia mais de duas decadas depois willem toet pulou um passo intermediario em 1992 schumacher utilizou dois velocimetros o da esquerda marcava a velocidade em tempo real e o da direita combinava duas funçoes ele congelava a velocidade maxima na reta anterior na hora que os freios eram acionados entrada de curva e substituia este dado pela velocidade minima da curva acima que o acelerador era buscado novamente saida de curva velocidade maxima e minima a funçao destes dados saber a velocidade maxima nos trechos de reta e a velocidade minima em cada curva sao duas informaçoes que alimentam um universo maior do que se pensa em um primeiro instante apesar de via de regra os carros de formula 1 nao possuirem velocimetro suas velocidades sao transmitidas a equipe e ficam armazenadas de forma detalhada na telemetria junto com uma montanha de outros dados o conhecimento destas velocidades permite que os engenheiros ajustem uma serie de parametros no monoposto seguem tres exemplos classicos [caption id= attachment_213398 align= aligncenter width= 999 ] schumacher em sua estreia na f1 gp da belgica de 1991 saindo da chicane bus stop [/caption] escalonamento de marchas a velocidade minima e a maxima obtidas no traçado sao importantes para desenhar os limites do escalonamento o carro precisa contornar o grampo mais fechado e fechar a reta mais longa com o maximo de performance em ambos os cenarios isso feito o escalonamento considerara tambem as aproximaçoes e saidas das curvas mais importantes buscando a melhor relaçao entre aceleraçao tracionamento e evitando degraus de rotaçoes grandes entre cada marcha ha compromissos e exceçoes um piso acidentado ou de baixa aderencia pode exigir marchas intermediarias mais longas que o teoricamente ideal para se prevenir destracionamentos [caption id= attachment_213399 align= aligncenter width= 999 ] na mesma pista um ano depois o mitologico grampo la source que da acesso a descida para a eau rouge [/caption] angulos de asas o chamado grip aerodinamico e essencial para curvas de media para cima mas ha um toma la da ca com menos asa o monoposto desenvolve mais velocidade em retas mas a consequencia e uma reduçao de aderencia de fonte aerodinamica com isso a velocidade minima e media nestas mesmas curvas acaba sendo menor estas informaçoes de velocidade servem para buscar o melhor compromisso que varia de pista para pista um circuito como spa francorchamps ou suzuka embora tenha retas longas apresenta muitas curvas de media e alta velocidade que exigem boa pressao aerodinamica ja para um traçado que alterna retas enormes com curvas lentas trabalhar com o minimo de asa pode ser o ideal carga e geometria de suspensao o famoso grip mecanico especialmente importante para o carro entrar e deslanchar bem de curvas de media e de baixa embora seja complementar a aderencia de fonte aerodinamica ha interesses antagonicos normalmente se obtem mais aderencia mecanica com cargas menos rigidas de molas e amortecedores mas isso resulta em mais rolagem do monoposto nas curvas e isso altera o fluxo aerodinamico do assoalho reduzindo o grip aerodinamico e a capacidade de aceleraçao lateral total em retas um monoposto macio pode comprimir demais a suspensao com o downforce e danificar o assoalho ou desgastar a prancha de madeira ali presente para alem da tolerancia especificada pela fia ao longo da prova [caption id= attachment_87287 align= alignnone width= 999 ] 1994 o ano de seu primeiro titulo em uma polemica dividida com damon hill [/caption] caso schumacher laboratorio de tecnicas e abordagens mas se estas informaçoes ja estao na telemetria e os ajustes acima sao feitos nos boxes para que schumacher queria saber a velocidade minima e maxima em tempo real no cockpit ha varias possibilidades todas relacionadas a um nivel de refino que apenas pilotos especialmente talentosos conseguem trabalhar o trio de velocimetros era uma via de mao dupla na relaçao de schumacher com o monoposto trazia informaçoes que permitiam a ele estar sempre experimentando novas abordagens em sua pilotagem vamos aos exemplos traçado e abordagem embora o traçado ideal seja quase sempre um so a sua execuçao permite um universo de variaçoes bastante sutis frear alguns metros antes ou depois o quanto matar de velocidade na entrada de curva com esterçamento do volante scrub aceleraçoes intermitentes e agressivas ayrton senna ou extremamente progressivas alain prost testar os beneficios de frear com o pe esquerdo em determinados trechos na epoca dos carros com tres pedais testar se compensa mais frear com suavidade ou executar um lift alivio no pedal do acelerador naquela curva de media alta experimentar se vale sair daquela curva de motor cheio ou executar o short shifting leia sobre esta tecnica aqui a cada sessao de treinos o novato mas ja habituado a esporte prototipos schumacher podia fazer um verdadeiro laboratorio de tecnicas de pilotagem no f1 no caso de chuva a instrumentaçao se tornava ainda mais preciosa pois a pista molhada e muito dinamica e permite diversos traçados e abordagens nos comandos [caption id= attachment_213400 align= aligncenter width= 999 ] gp da espanha 1996 a primeira vitoria na ferrari e um banho de pilotagem na chuva ele chegou a ser 4 segundos mais rapido por volta que os demais [/caption] mudanças dinamicas ao longo da prova ao longo das quase duas horas de uma corrida muita coisa acontece o tanque cheio se esvazia a partir da temporada de 1994 algumas vezes durante a prova graças a introduçao do reabastecimento o asfalto esquenta ou esfria pneus se desgastam e diferentes compostos sao usados imprevistos mecanicos podem acontecer um bom piloto se adapta a todas estas circunstancias e o trio de velocimetros ajudaram schummy a aprimorar sua consistencia no volta a volta e a experimentar abordagens alternativas enquanto estas mudanças dinamicas vao acontecendo durante a corrida [caption id= attachment_213401 align= aligncenter width= 999 ] cockpit da ferrari f310b de 1997[/caption] ajustes on board de dentro do cockpit o piloto pode ajustar muita coisa distribuiçao de freios cargas das barras estabilizadoras bloqueio do diferencial mapeamento do motor schumacher ficou conhecido por ser um dos unicos pilotos do grid a realizar diversos ajustes por volta customizando a regulagem do carro para cada trecho da pista constantemente ou mesmo para curvas especificas por exemplo reduzir o bloqueio do diferencial para curvas longas e velozes reduz o sub esterço transferir mais carga de freios para tras em miolos travados ajuda a dianteira a apontar melhor reduzir a carga das barras estabilizadoras em trechos ondulados menos oscilaçoes e mais traçao nao temos duvidas de que o trio de velocimetros acabou sendo uma baita referencia empirica para desenvolver a sua sensibilidade no fim das contas o trio de velocimetros e uma ferramenta que aponta com sutileza o nivel de concentraçao de sensibilidade dinamica e de determinaçao de schumacher em extrair o maximo de performance em cada poro da pista para ele a telemetria nao era suficiente ele queria analisar na hora [caption id= attachment_213402 align= aligncenter width= 999 ] schumacher em 2012 ano de sua despedida na formula 1[/caption] hoje 3 de janeiro de 2019 michael schumacher completa 50 anos o flatout deseja ao heptacampeao a melhor das recuperaçoes e muita força e amor a sua familia
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