Uma das últimas semanas do ano está começando, e é normal que as manhãs de segunda-feira passem ainda mais devagar em dezembro. Sabemos como você se sente. Sabe do que você precisa? Do ronco de uma Ferrari 250 GTO Series II, com seu V12 de três litros e 300 cv por sete minutos ininterruptos, sem narração ou música.
E não estamos falando de um carro qualquer, nem de um piloto qualquer. A 250 GTO é o primeiro exemplar da Series II da 250 GTO, chassi nº 5571. Com ela, Phil Hill conquistou a vitória em sua classe nas 12 Horas de Sebring de 1964 — depois de ter sido campeão de Fórmula 1 pela Ferrari em 1961 venceu as 24 Horas de Le Mans de 1958, 1961 e 1962 ao volante da 250 Testa Rossa.
Phil Hill e a 250 GTO Series II 1964
O piloto, por sua vez, é Derek Hill, filho de Phil e grande conhecedor da história da 250 GTO, graças à história de seu pai com ela. E, obviamente, ele também manda muito bem ao volante, tendo começado a carreira profissional no início da década de 1990, quando venceu corridas de monopostos como a Formula Dodge e campeonatos monomarca, como o Ferrari Challenge.
Os dois — carro e piloto — estiveram juntos no ano passado para gravar um vídeo para o Petrolicious, e talvez você até lembre quando o postamos aqui no Flatout. Pois bem, quando uma produção destas é realizada, muitas filmagens acabam não sendo utilizadas no produto final. O que os caras do Petrolicious fizeram, pois, foi reunir sete minutos de vídeo com estas imagens que sobraram. O resultado? Sete minutos de puro e inalterado ronco de motor, sem qualquer outro tipo de som além do clac clac da alavanca de câmbio manual com grelha.
Como é que se diz mesmo? Ah, sim: chega de enrolação e dá o play logo!
O motor V12 de três litros é a origem do nome da Ferrari 250 GTO — cada um dos cilindros desloca pouco mais de 246 cm³, para um total de 2.953 cm³, e a Ferrari arredondou para cima. O ronco produzido pelo motor, que se chama Colombo por ter sido desenvolvido por Gioachinno Colombo, é simplesmente sensacional.
A 250 GTO original, de 1962, é considerada a Ferrari mais bonita de todos os tempos. Com carroceria de alumínio, estrutura tubular construída à mão e um belo trabalho de suspensão, o carro se comportava de maneira sublime — tanto que o próprio Phil Hill foi pego de surpresa nas 12 Horas de Sebring daquele ano.
Detalhe: a Ferrari não era vermelha!
Ele ficou irritado por correr com um carro da categoria GT em vez de disputar a categoria de protótipos com uma Testa Rossa (o modelo do fim dos anos 1950), mas logo pagou com a língua: o carro era tão bom nas curvas que Hill e o belga Olivier Gendebien ficaram e segundo na classificação geral, atrás apenas de uma 250TR, e em primeiro em sua categoria.
Mas o que a 250 GTO Series II tem de diferente? Sua carroceria não tem as mesmas linhas sensuais e harmônicas, com um perfil que lembra mais a Ferrari 250 LM, de motor central-traseiro. No entanto, tudo o mais permanece exatamente igual: o motor V12 de três litros e 300 cv, o interior aliviado (e, mesmo assim, muito bonito e bem acabado… como é que pode?), suspensão por braços sobrepostos, freios a disco e rodas Borrani, com raios de alumínio.
A mudança no carro foi um pedido da Ferrari ao engenheiro Mauro Forghieri em 1964. Naquele ano, foram construídos três exemplares nas novas especificações, e outros quatro foram convertidos a partir de exemplares antigos — o tal do retrofit. Ou seja: existem apenas sete exemplares da Series II, sendo que quatro deles nem foram concebidos como tal. Ou seja: a 250 GTO Series II é ainda mais rara que a Series I, mesmo não sendo tão conhecida ou cultuada.
Isto impede que Derek Hill, que é verdadeiramente apaixonado pelo carro e sabe que seu valor é inestimável, pilote a 250 GTO Series II #5571 como se deve? É claro que não. E nem deveria, mesmo.