Depois de meses de suspense e uma sequência quase irritante de teasers que não mostravam quase nada, a espera finalmente acabou: este é o novo Shelby GT350 2015, o muscle car preparado para o futuro. A força bruta que você espera de um muscle car continua ali, sob o capô, mas todo o resto ganhou um toque do refinamento que um esportivo moderno precisa ter.
Por enquanto o que a Ford divulgou foi apenas uma galeria de imagens renderizadas — o carro de verdade vai aparecer nas próximas semanas no Salão de Los Angeles — mas a fabricante já deu quase todos os detalhes que todos queriam saber e ainda prometeu que ele será um “carro de pista para as ruas”, o que geralmente é um clichê jornalístico, mas soa muito interessante quando é dito pela própria fabricante do carro.
Sob o capô há um V8 de 5,2 litros e “pelo menos” 500 cv e 55 mkgf. A Ford não especificou como será o motor, mas é provável que ele seja uma variação do 5.0 de comando duplo no cabeçote já usada pelo Mustang GT. O que se sabe é que ele será girador e terá virabrequim plano, segundo as palavras da própria Ford. Além de permitir rotações mais elevadas — e consequentemente mais potência em altas rotações — o virabrequim plano também ajuda na redução do centro de gravidade da dianteira pois o cárter pode ser menor e mais baixo — e também traz respostas mais rápidas da aceleração devido à menor inércia rotacional. Basicamente um motor europeu em um Muscle Car.
Mas diferentemente dos esportivos hi-tech europeus, o Shelby GT350 terá somente câmbio manual de seis marchas e diferencial Torsen de deslizamento limitado. Como opcional, você ainda poderá equipar o powertrain com radiador de óleo do motor e da transmissão, ambos parte do pacote Track Pack.
É nas características do chassi e suspensão que se percebe que a Ford está falando sério sobre ser um carro de pista para as ruas. O chassi do GT350 recebeu reforços estruturais com a injeção de fibra de carbono no painel frontal da carroceria e com barras de amarração de metal leve e ficou ainda mais rígida que a do Mustang GT. Além de aumentar a resistência à torção da carroceria, a o Shelby ganhou bitola mais larga na dianteira e a suspensão agora é mais baixa e usa molas e buchas mais rígidas. O destaque aqui é a adoção de um sistema moderno cada vez mais presente nos esportivos de ponta: amortecedores magnetorreológicos, batizado como MagneRide pela Ford. Ele não apenas se ajusta de acordo com o modo de condução desejado pelo motorista, mas também é capaz de se adaptar continuamente de acordo com o uso do carro e das condições de rodagem.
As rodas de alumínio têm 19 polegadas com tala 10,5 na frente e 11 na traseira, e serão calçadas em pneus Michelin Pilot Super Sport. Atrás delas ficam os discos frisados com pinças Brembo de seis pistões na frente e quatro atrás — uma bela mordida. A suspensão traseira, obviamente, usa o novo sistema de braços múltiplos que estreou nesta geração.
No lado de fora o Shelby GT350 recebeu um tratamento visual todo novo se comparado ao do GT — provavelmente para reduzir o arrasto aerodinâmico e aumentar o downforce — além, é claro, de manter sua cara de mau — na parte inferior há um splitter, os para-lamas são mais largos e têm respiros para extrair o ar das caixas de roda.
No lado de dentro, ele tem bancos da Recaro e volante de base achatada (um Mustang com volante de base achatada!) e um sistema com cinco modos de ajuste dos freios ABS, controle de estabilidade, controle de tração, peso da direção, mapeamento o acelerador, acerto da suspensão magnética e controle o escape — o que reforça aquele papo de “carro de pista” da Ford.
Como se vê, ao menos no papel o novo Shelby GT350 parece ter evoluído a fórmula dos muscle cars, seguindo os passos do Camaro ZL1 e adotando elementos modernos, mas sem perder sua essência bruta e americana. Se isso irá se confirmar na prática, é algo que só saberemos quando o carro for lançado e testado.