Até que ponto uma atitude destrutiva pode ser considerada arte? Inúmeros trabalhos polêmicos já foram exibidos em museus pelo mundo todo, mas este aqui é especialmente doloroso a qualquer entusiasta: um vídeo em slow motion de um Rolls-Royce Silver Shadow explodindo no meio de um deserto, feito pelo fotógrafo — que dever ter alguns parafusos a menos.
Na verdade, o Rolls-Royce Silver Shadow ainda não é exatamente um colecionável. Produzido entre 1965 e 1980 e equipado com um V8 de 6,25 (1965-1970) ou 6,75 litros (1970-1980), ele também não é extremamente raro como seus irmãos mais valiosos. Nos 15 anos de produção foram mais de 25.000 exemplares (ou 1.600 por ano), o que significa que é mais fácil encontrar um Silver Shadow na Inglaterra do que uma Kombi seis-portas no Brasil, por exemplo. Por isso, o Silver Shadow custa £ 20 mil em média (cerca de R$ 80 mil) no Reino Unido. Um a menos não fará muita falta por enquanto.
Por outro lado, para nós que gostamos de qualquer coisa que tenha quatro rodas, um volante e pelo menos um motor, é doloroso ver um carro perfeitamente funcional tendo um fim como este. Dói ainda mais ver tudo acontecendo tão devagar. É como tortura — uma lenta graciosa tortura.
É isto: a garota está parada ao lado do carro no meio do deserto, quando um homem chega com um galão de combustível. Ela pega, derrama sobre o capô, os dois saem correndo e o carro explode.
Para capturar a filmagem, foram usadas câmeras RED Dragon capazes de capturar imagens em uma taxa de 100 a 150 quadros por segundo em resolução de até 6K, além de câmeras fotográficas para fazer as fotos que ilustram este post. Tanto as fotos quanto o vídeo estão expostos na galeria Imitate Modern, em Londres.
Quando dizemos que o carro era perfeitamente funcional, não estamos brincando — Shields comprou o carro há cerca de nove meses e o usou como daily driver neste período, sabendo o tempo todo qual seria seu destino cruel — era seu plano desde o início, na verdade. “Meus amigos começaram a gostar de andar no carro e todos na minha casa se apegaram a ele. Querem que eu fique com ele. Alguns amigos até estão empolgados com a explosão, mas outros estão muito, muito bravos comigo“.
Por que será, hein, Tyler? De qualquer forma, o vídeo abaixo mostra como foi o processo todo — foi bem rápido, na verdade, e em uma tarde o fotógrafo e filmmaker já tinha todo o material que precisava para a exposição, que termina amanhã.
Ao menos em meio à destruição de mais de duas toneladas do mais nobre aço britânico, temos a beleza delicada e inocente da loirinha Ana Mulvoy-Ten, atriz britânica de 22 anos que protagonizou a série “Mistério de Anubis” (House of Anubis, 2011-2013) na Nickelodeon.
A propósito, nem ela e nem o ator Cru Ennis sabiam o que iria acontecer — ao menos eles se divertiram apagando o fogo, subiu a cerca de oito metros de altura no momento da explosão.
Pobre Rolls-Royce…
Por outro lado, não é a primeira vez que um artista danifica um Roll-Royce com pretensões artísticas: Jeremy Clarkson já jogou um Rolls-Royce em uma piscina para imitar Keith Moon, o insano baterista do The Who que, segundo consta a lenda já fez a mesma coisa em sua mansão. Contudo, aparentemente o que aconteceu de verdade foi que ele dirigiu o carro de ré e sem querer caiu com ele em uma fonte no seu jardim, pedindo imediatamente que seu carro fosse rebocado para fora.
O Oasis, ex-banda dos problemáticos irmãos Liam e Noel Gallagher, também colocaram um Rolls-Royce em uma piscina para fotografar a capa do clássico álbum Be Here Now, de 1997. A ideia era homenagear o folclórico incidente do baterista do Who, e também criticar o estilo de vida fútil dos astros do rock.
Viu só? Tyler Shields não foi o primeiro. Mas, pensando bem… pobre Rolls-Royce!