O Volkswagen Up não foi concebido como um esportivo – sua missão, tanto na Europa quanto no Brasil, era ser o modelo de entrada da fabricante (ainda que, por aqui, ele tenha ficado bem mais caro em pouco tempo). No entanto, sendo um hatchback pequeno, leve, de entre-eixos curto e bem acertado, não demorou para que os entusiastas descobrissem seu potencial esportivo, especialmente com motor turbinado.
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A própria VW vende, no Velho Mundo, o Up GTI com motor 1.0 turbo de três cilindros e 115 cv – parece pouco mas, em um carro com menos de 3,7 metros de comprimento e menos de uma tonelada, não é preciso mais do que isto. Além disso, o cofre minúsculo do Up não acomoda nada muito maior. Ou será que…
Aparentemente, com um pouco de força de vontade, é possível espremer algo maior ali dentro. Um austríaco dono de Up, por exemplo, conseguiu a façanha de meter um VR6 no cofre de seu subcompacto.
O carro foi um dos destaques do Wörthersee Treffen, cuja edição 2019 aconteceu em maio. O proprietário, Maximilian Schachermayr (mais conhecido como no Instagram), começou o projeto em meados de 2017. Inicialmente as modificações foram apenas estéticas – a pintura branca foi substituída por um interessante tom de areia, e a suspensão recebeu um setup fixo com cambagem negativa nas rodas traseiras, rodas Gotti G1001 e, claro, pneus stretched. E foi assim por algum tempo – se nos permitem o comentário, nada muito diferente do que se costuma ver aos montes por aí.
Então, em outubro do ano passado, Max decidiu dar uma guinada em seu carro e mandar ver em um engine swap. E foi assim que o carro passou de “mais do mesmo” a “possivelmente pioneiro no mundo todo”. Veja bem, “possivelmente” porque podem haver outros por aí, esperando para serem descobertos. Mas a gente acha difícil.
Do ponto de vista puramente técnico, pode não ser uma ideia colocar um VR6 no Up por uma questão de equilíbrio dinâmico – enquanto o motor 1.0 TSI da Volks pesa pouco mais de 90 kg, o motor VR6 de 2.8 litros usado no Golf MK3 (o que acreditamos ser o caso, dado o formato da tampa de válvulas e a posição do coletor de escape) passa dos 160 kg. Por outro lado… o motor cabe. A própria Volkswagen projetou o motor VR6 para ser quase tão compacto quanto um quatro-cilindros, e potente como um VR6 comum – assim, apenas 15° separam as bancadas de cilindros, e ambas ficam sob o mesmo cabeçote.
Para deixar o VR6 à vontade, foi preciso cortar o painel frontal (a chamada “minifrente”), fabricar suportes sob medida e instalar um radiador com mais capacidade – possivelmente também foram feitas adaptações na parede corta-fogo. Não há detalhes sobre uma possível preparação no motor mas, mesmo se for totalmente stock, o VR6 deve entregar ao menos 200 cv.
Imaginamos que um bom acerto de suspensão e pneus bem escolhidos fariam muito bem a este carro – seria preciso um esforço extra para mitigar saídas de frente por causa do excesso de peso sobre o eixo dianteiro, claro, mas a parte mais difícil (o swap em si) já está feito. No entanto, Max optou por manter o stance do Up, ainda que agora ele tenha um sistema de suspensão a ar. Há quem goste da estética, mas nós preferimos um pouco mais de borracha e um pouco menos de roda. E sem pneus esticados.
Isto posto, como o carro não é nosso, estamos dispostos a fazer vista grossa para estes detalhes. Até porque as demais customizações no carro são bem resolvidas – a cor caiu como uma luva, as rodas são bonitas, e o interior recebeu os bancos concha Recaro CS Sportster, parecidíssimos com os do Golf R32 (veja por volta dos 4:00 do vídeo abaixo).
Alguém aí está disposto a encarar um projeto parecido – ou até superá-lo? Talvez o esforço de colocar um motor 2.0 TSI do Golf GTI seja menor e valha mais a pena. Se alguém estiver fazendo algo assim (ou conhece alguém que esteja), é só entrar em contato com a gente!
Sugestão do leitor Jhobert Lobodo