a maioria dos freios vindos de fabrica sao capazes de realizar uma parada de emergencia sem nenhum problema porem quando falamos em frenagens duras e sucessivas a capacidade termica do sistema mostra seus limites por esse motivo a maioria dos freios oem nao atendem as condiçoes de pista hoje vamos avaliar quais melhorias podem ser feitas de modo a atender os requisitos minimos para andar com segurança num track day e ainda tirar umas lascas no tempo de pista hoje vamos conversar sobre upgrades iniciais e intermediarios que podem ser fetos sem custos exorbitantes ou intervençoes muito complicadas vamos la conceitos iniciais para que possamos enxergar onde melhorias podem ser feitas primeiro temos que entender o funcionamento e principios fisicos que regem uma freada a capacidade de frenagem de qualquer veiculo e limitada por quanta aderencia pneus conseguem gerar se o torque de frenagem superar a força circunferencial as rodas travam e os pneus passam a deslizar entao pneus de alto desempenho vem antes dos freios a funçao basica dos freios e converter energia cinetica em energia termica atraves do atrito esse calor deve ser dissipado para outros componentes e para a corrente de ar porem nem todo o calor gerado deve ser dissipado afim de manter o conjunto dentro da faixa de temperatura de melhor performance balanço e distribuiçao de frenagem e tao importante quanto a capacidade total entao antes de adquirir qualquer peça nova verifique primeiro a distribuiçao de peso do seu veiculo e se possivel a altura do centro de gravidade para entender a transferencia de peso durante a frenagem capacidade de frenagem e calor qualquer veiculo que voce possa imaginar sempre tera uma capacidade de frenagem maior que e possivel acelerar bom ao menos quando pensamos em veiculos saidos de fabrica vamos analisar um dos brinquedos divertidos e acessiveis da atualidade o sandero rs vindo a 120 km/h ele percorre 63 7 m antes ate a parada consumindo 3 8 segundo com uma massa de 1 161 kg podemos calcular que o r s possui uma potencia de 168 15 kw 225 5 cv distribuida em seus freios imaginem uma boa parte desse calor sendo gerado a cada freada no final de uma reta https //www youtube com/watch v=i8ngh flua4 os freios originais normalmente distribuem a dissipaçao termica da seguinte forma 50% por radiaçao 25% por convecçao e outros 25% por conduçao nesse ultimo quarto que mora o grande problema a conduçao de calor eleva a temperatura das pinças fluido de freio e amortecedores com isso temos um decaimento mais rapido de performance e mesmo a possibilidade de falha freios de maior desempenho normalmente dissipam o calor nas proporçoes 45% por radiaçao 45% por convecçao e apenas 10% por conduçao com isso mesmo trabalhando com um montante maior de energia a elevaçao de temperatura dos outros componentes e menor entao mesmo com ups como discos maiores pastilhas com maior coeficiente de atrito voce pode precisar de voltas de cooldown se o seu sistema nao for dimensionado para lidar com um fluxo termico maior mais uma vez o ao nao e o melhor caminho iniciante agora vamos conversar sobre as modificaçoes possiveis para melhorar o desempenho do sistema de freios aqui eu vou dividir o assunto em tres topicos que irao apresentar as intervençoes de forma crescente nos nao vamos tratar de pneus aqui pois esta sendo preparada uma materia especial sobre o assunto por isso aguardem https //www youtube com/watch v=h4kjqyxnlxq&t=3s pode ate soar estranho mas a primeira modificaçao que um pretenso as das pistas deve fazer e aumenta a capacidade de refrigeraçao dos discos sim pois como vimos acima sistemas oem apresentam uma baixa capacidade de convecçao quando comparados aqueles voltados para as corridas entao instalar dutos que aumentem o fluxo de ar direcionado para o chapeu dos discos reduz significativamente a ocorrencia de problemas causados pela conduçao de temperatura porem o fluxo deve ser controlado pois um resfriamento rapido dos discos aumenta a tendencia a empenamento e fissuras no meio entusiasta ha uma divisao de opinioes sobre o direcionamento dos dutos de refrigeraçao se para as pinças o para o disco entao vamos pensar um pouco para encontrar a resposta https //www youtube com/watch v=h4kjqyxnlxq vamos usar como exemplo um disco de 332 mm de diametro e pista de contato das pastilhas com 53 mm de largura isso nos da uma area de 25 400 mm² para cada face do disco digamos que o sistema possui pinças de maior desempenho com quatro pistoes e pastilhas grandes tomando como referencia modelos comuns no mercado a area media das pastilhas para uma pinça de quatro pistoes gira em torno dos 6 300 mm² entao temos uma area quatro vezes maior na face do disco do que nas pastilhas alem da questao da menor area o material consumivel das pastilhas tem como uma de suas caracteristicas a baixa condutibilidade termica ja usado com o intuito de reduzir a transferencia de calor para os pistoes fluido e pinça entao a face do disco em contato com a pastilha retira a maior parte do calor nesta area durante o ciclo de resfriamento https //www youtube com/watch v=nfzndzi3j10&t=182s assim e mais importante direcionar o fluxo de ar para o centro do disco no video acima vemos um honda s2000 tendo seus discos monitorados por cameras de amplo espectro de infravermelho observem a variaçao de temperatura do disco e quanto o calor demora mais a se dissipar abaixo dos 600 °c do que aos 800°c https //www youtube com/watch v=vel9dienzy0 caso a refrigeraçao nao seja eficiente esse calor pode ser transferido lentamente das pastilhas para os pistoes e entao para o fluido causando fading o video acima do canal engineering explained mostra os diferentes graus de aquecimento do sistema podemos observar como a temperatura e bem mais baixa na porçao final da pastilha em relaçao a sua superficie e ao disco e ainda menos na regiao da mangueira hidraulica mas como dito o grande problema e o fluido que esta nos pistoes o que nos leva ao segundo ponto para um iniciante a mais simples das intervençoes e a troca do fluido hidraulico do sistema de freios nos conversamos sobre as especificaçoes dos fluidos no post anterior mas quando o assunto e pista o nosso ponto de partida sao os fluidos com especificaçao dot 5 1 seguindo para aqueles com especificaçoes de pista onde a temperatura de ebuliçao ultrapassa os 300°c quando seco porem os pistoes que estao nas pinças nao sao exatamente hermeticos com isso a umidade aos poucos consegue se misturar com o fluido de freio que e higroscopico levando a uma reduçao do ponto de ebuliçao do fluido essa reduçao depende do periodo e condiçoes de exposiçao do fluido por exemplo num dia de chuva ou em uma prova de rally onde hajam estagios com lama a tendencia e que o fluido sature mais rapido podendo ferver a 230 °c por exemplo por isso usar fluidos com ponto de ebuliçao a seco mais baixo nunca e uma boa ideia quando o pensamento e abusar mais do pedal do meio existem ainda os fluidos race spec produzidos pra quem realmente tem maldade no coraçao motul pentosin brembo ap racing stoptech e outros tem uma gama de fluidos com ponto de ebuliçao umido bastante alto minimo de 204 °c numa freada forte a pressao das linhas de freio se eleva bastante se os dutos flexiveis forem feitos de algum tipo de borracha eles irao se expandir consideravelmente criando uma leve sensaçao de pedal esponjoso esse sentimento tende a aumentar numa sequencia de voltas rapidas pois as mangueiras nao conseguem se recuperar rapidamente entao o ideal e substitui las por dutos de teflon com revestimento externo em malha de aço conhecido por muitos como aeroquip lembrando que substituir as linhas flexiveis nao aumenta a capacidade de frenagem do veiculo mas sim a sensibilidade do pedal e a precisao no memento da frenagem e recomendado que alem da malha de aço haja ainda uma camada externa de plastico para evitar que pequenos detritos duros passem pela malha e com a vibraçao danifiquem os dutos de teflon devemos lembrar que estas mangueiras sao parte de um dos principais equipamentos de segurança entao comprar kits duvidosos de montagem falha so para conseguir um visual legalzinho nao e uma boa procure mangueiras com certificado encomende em lojas que fabricam mangueiras de alta pressao para sistemas hidraulicos e industrias ou ao menos faça um bom teste de estanqueidade ainda parado ligue o carro pise com força e varias vezes no pedal mantenha o pedal pressionado por 10 segundos e peça a ajuda de um amigo para verificar o nivel do s reservatorio s e inspecionar os flexiveis e conexoes em busca vazamentos enquanto voce ainda mantem o pedal pressionado garanta a sua segurança nao vacile o ideal e caso voce resolva substituir as mangueiras instala las tambem na parte traseira principalmente se o seu carro possuir abs pois a diferença de tempo para a elevaçao de pressao cria uma defasagem entre os sinais percebidos pelos sensores o que pode causar confusao para a central de controle do sistema depois de melhorarmos a refrigeraçao a resistencia a ebuliçao e a sensibilidade podemos realmente frear um pouco mais focando sempre nas intervençoes mais simples e de menor custo relativo vamos nos limitar aqui a substituiçao das pastilhas de freio por outras que estejam um degrau acima como as green stuff da ebc por exemplo elas mantem o perfil de uso diario mas ajudam a aumentar a capacidade de frenagem devido ao maior coeficiente de atrito intermediario aqui voce realmente se decidiu a ter uma lasanha para brincar nas pistas e isso ai diversao no trackday volta em cima de volta tentando melhorar a tocada e fatiar o tempo voce tirou o escorpiao do bolso e esta pronto para gastar mais um pouco e se o assunto aqui sao freios o que lhe vem logo a cabeça discos maiores nao e mas eu devo lhe advertir se voce nao esta saindo dos boxes para um tiro certeiro uma raceline impecavel digna de p1 voce vai precisar muito mais de consistencia que potencia de frenagem entao a chave esta na boa dissipaçao termica nao uma freada monstruosa no fim da reta e freios fadigados pelo resto da volta se nos ja aumentamos a quantidade de ar que chega ate a regiao dos freios agora temos que fazer com que essa massa maior leve embora o calor lembram que eu comentei que discos com especificaçao de corridas dissipam muito mais calor por convecçao o segredo deles esta nos seus dutos internos a quantidade e geometria dos dutos e fator decisivo dutos retos sao menos eficientes pois durante a rotaçao a massa de ar se choca contra as paredes aumentando a turbulencia dutos curvos sao a evoluçao dos retos eles apresentam uma area crescente o que reduz a turbulencia e permite que mais ar flua por eles mas pilares e aletas sao a ultima palavra quando falamos em refrigeraçao de discos essas configuraçoes permitem o cruzamento do fluxo o que gera maior interaçao e menor turbulencia extrema aumentando o fluxo total e a troca termica quando as pistas de contato do disco se aquecem com o atrito elas se expandem causando a compressao do hub do disco com o resfriamento o disco volta a sua condiçao normal porem numa sessao de pista esse fenomeno ocorre diversas vezes o que aumenta a fadiga do metal nessa regiao imagine ser surpreendido por um disco rachado ou pior ter a pista separada do chapeu para evitar essas situaçoes os fabricantes criaram o sistema de discos flutuantes essa configuraçao separa em duas peças o disco e o hub assim quando ocorre a expansao o disco desliza para dentro do conjunto que e suportado por pinos isso traz mais estabilidade ao conjunto aumentando a eficiencia de frenagem outras duas grandes vantagens que essa configuraçao apresenta sao o ganho em fluxo de ar atraves dos discos e a reduçao da massa do conjunto ja que os hubs sao fabricados em aluminio com essa reduçao de massa reduz se tambem a inercia rotacional ou seja o carro desacelera ainda mais rapido de quebra tambem a reduçao da massa nao suspensa fato que traz ganhos em dirigibilidade outro ponto que pede nossa atençao e o tipo de pista que o disco apresenta ha tres perfis basicos as pistas planas as frisadas e as perfuradas cada uma apresenta caracteristicas proprias que vamos analisar abaixo pistas planas apresentam o melhor compromisso para veiculos oem pois causam baixo desgaste das pastilhas baixo ruido e capacidade de frenagem satisfatoria pistas frisadas durante a frenagem sao gerados detritos e gases para garantir a drenagem destes materiais e a refrigeraçao da superficie das pastilhas os fabricantes passaram a criar canais frisos nas pistas de contato foi observado tambem que discos frisados apresentavam uma mordida mais forte no inicio da frenagem devido as arestas dos frisos as pistas frisadas dividem se em diversos subtipos de acordo com a geometria e disposiçao dos frisos pistas perfuradas os furos num disco possuem as mesmas funçoes dos frisos e tambem auxiliam na refrigeraçao porem eles aumentam a tendencia a fraturas na pista devido a grande diferença de temperatura entre os furos e as regioes ao redor com o avanço no desenvolvimento dos perfis de frisos os discos perfurados começaram a ser restringidos a dias de grande chuva com discos perfurados nos precisamos fazer inspeçoes constantes caso voce encontre fissuras partindo dos furos estas nao devem ter comprimento maior que 5 milimetros se o problema estiver nas bordas do disco tanto internas quanto externas inutilize este conjunto imediatamente pois o risco de falha catastrofica e alto a geometria dos dutos de ventilaçao dos discos tambem e de grande influencia na capacidade de dissipaçao os discos mais simples possuem dutos retos esse design gera muita turbulencia no fluxo o que reduz a vazao atraves do disco por isso os fabricantes desenvolveram novos desenho ao longo do tempo a primeira onda de evoluçao veio com os dutos curvos esse design reduz a turbulencia do fluxo permitindo que uma maior quantidade de ar passe pelo disco mas esta arquitetura torna os discos direcionais ou seja ha um lado especifico para a instalaçao de cada disco do contrario havera uma reduçao significativa do fluxo a segunda onda veio com os pilares em substituiçao das aletas a configuraçao permite que os fluxos se separem e se encontrem dentro do disco aumentando a interaçao entre eles e consequentemente a troca termica alem disso com os pilares os discos deixam de ser direcionais permitindo o uso tanto do lado esquerdo quanto do lado direito a terceira geraçao e um hibrido combinando as vantagens de fluxo dos pilares e a maior area de contato das aletas com isso a troca termica se torna ainda maior permitindo mais carga de frenagem sem fade agora que nos aumentamos a capacidade de refrigeraçao podemos pensar em gerar mais energia termica aumentando o atrito aqui entram em cenas as novas pastilhas para o seu bolido no momento em que as pastilhas sao pressionadas contra o disco dois tipos de fricçao acontecem a fricçao por abrasao e a fricçao por adesao durante a adesao parte do material e depositado sobre a superficie do disco tracionado e entao quebrado esse processo e constante em toda a area de contato entre disco e pastilha ja a abrasao causa a quebra permanente dos cristais tanto da superficie mais dura quanto da mais macia a quantidade e tipo de abrasivos e adesivos usados na produçao da pastilha determinam as suas caracteristicas como o coeficiente de atrito e a faixa de temperatura operacional o grafico acima exemplifica quanto o coeficiente de atrito de algumas composiçoes de pastilha varia de acordo com a faixa de temperatura entao enquanto umas estarao prontas para a açao assim que voce sair dos boxes outras precisa ser aquecidas para chegar ao ponto ideal de trabalho e aqui vale um lembrete quando mais baixa a temperatura operacional mais baixa tambem a temperatura de dano por isso tambem as pastilhas oem se desgastam mais rapido num track day podendo chegar ao ponto de vitrificarem ou desnaturarem para um carro diario mas que voce leve para a pista por diversao o ideal e usar pastilhas que estejam um ou dois degraus acima do comum faixas operacionais por volta dos 350 °c coeficientes de atrito que se aproximem de 0 5 µ ja sao suficientes para as condiçoes que citamos ir alem disso pode te custar caro tanto na aquisiçao quanto no dia a dia quando suas pastilhas ainda frias lhe pregarem um belo susto numa freada de emergencia com a maior força de frenagem as pinças oem apresentam deformaçoes maiores que aquelas previstas para as condiçoes normais de uso com isso ha perda de eficiencia na frenagem desgaste irregular das pastilhas vibraçao e ruido incomum uma bela porcaria entao chefe e hora de abandonar as pinças flutuantes muito comuns na nossa industria por fixas e de preferencia com multiplos pistoes a maior quantidade de pistoes permite a melhor distribuiçao da força de frenagem e a estrutura mais robusta das pinças garante menor deformaçao em situaçoes extremas pinças com dois ou quatro pistoes sao comuns em carros de maior performance ou mesmo maior massa pinças com seis e ate oito pistoes sao voltadas para a maior esportividade ou para as pistas e os detalhes nos deixaremos para logo mais passando desse ponto nos começamos a entrar no territorio das corridas materiais leves e resistentes sao lugar comum entao tire o escorpiao do seu bolso e se prepare para o serious busines no proximo texto vamos aprender como dimensionar posicionar e metrificar um sistema de freios voltado inteiramente para as pistas ate logo
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