o assunto de todos neste mes foi o novo lamborghini countach um carro carregado de boas intençoes sem duvida mas que acabou dividindo o publico por um lado os elogios vieram pelo design limpo e pela propria iniciativa de reviver o classico 50 anos depois pelo outro vieram as criticas a soluçao um tanto preguiçosa de fazer do fucking countach na pratica mais um aventador com carroceria modificada depois de um periodo de silencio venho me manifestar brevemente a respeito e digo que gostei da atitude e do direcionamento estetico seguido pela lamborghini com o novo countach um estilo mais limpo desprovido de recortes e vincos aleatorios com claras saudaçoes a decada de 1970 ecoando o juliano barata espero que esse design do countach venha a inspirar o sucessor do aventador e os carros que vierem depois dito isso acredito que a lamborghini esperou tempo demais para trazer de volta um icone de seu passado e que ainda escolheu o carro errado meu argumento para defender esse ponto de vista tem nome cor quatro rodas e todo mundo ja viu ha um tempao o lamborghini miura concept que foi apresentado em 2006 uma foto do carro e um breve artigo sobre ele em uma das revistas velhas aqui de casa formam uma das minhas primeiras lembranças como entusiasta nao lembro qual era a publicaçao e menos ainda as palavras que estavam escritas ali mas tenho uma vaga recordaçao de ler a frase o carro mais bonito do mundo em referencia ao original e lembro tambem de ficar satisfeito ao me dar conta de que aquele carro de 2006 era muito parecido com o original dos anos 1960 sim eu ja tinha uma veia retro naquela epoca o proposito do miura concept era exatamente o mesmo do countach revelado ao mundo dias atras comemorar o aniversario do classico com uma reinterpretaçao moderna a diferença e que se o countach veio de surpresa como uma ediçao limitadissima pronto para ganhar as ruas e mais ainda para ser revendido com lucro daqui a alguns meses pelos que conseguiram garantir o seu e forem sacanas o bastante o miura nasceu puramente como conceito e a lamborghini jamais teve qualquer intençao de leva lo para a frente olhando para ele so consigo pensar serio lamborghini e voce provavelmente concorda comigo na epoca a lamborghini nao ia mal depois de longos anos com problemas financeiros em grande parte atribuidos ao talento natural dos italianos para os negocios a fabricante de sant agata bolognese foi comprada pela volkswagen em 1998 os efeitos da manobra que efetivamente salvou a lamborghini de fechar as portas começaram a ser vistos pouco depois em 2001 foi revelado o murcielago que seguia a mesma receita tecnica do diablo mas em todo o resto trazia um nivel de sofisticaçao e modernidade jamais visto em seu antecessor tres anos depois em 2004 a lamborghini apresentou ao mundo o gallardo seu primeiro modelo de entrada realmente bom e confiavel obrigado engenharia alema — e que veio a ser o lamborghini mais vendido de todos os tempos com o passar dos anos nesse contexto o departamento de design da lamborghini havia acabado de ganhar um novo diretor o italiano walter de silva que entrou para o grupo volkswagen em 1999 como projetista da seat e a partir dali jamais deixou a fabricante alema na seat de silva criou a linguagem de design auto emocion vista nos seat ibiza cordoba e leon do inicio do seculo em 2002 de silva assumiu o posto de designer chefe tambem na audi e na lamborghini a influencia do designer na marca das quatro argolas pode ser vista ate hoje foi ele que encarregado de renovar os ventos que sopravam sobre a audi introduziu a enorme grade trapezoidal que adorna ate hoje a dianteira de seus carros seu primeiro modelo produzido em serie na audi o a6 de terceira geraçao era uma boa demonstraçao do estilo na epoca tanto o design do murcielago quanto do gallardo ambos assinados pelo belga luc donckerwolke ja estavam prontos e foram devidamente aprovados foi por isso presume se que de silva pode se ocupar com o projeto especial de aniversario do miura apresentado com toda a pompa no antigo museu da tv e do radio em los angeles ao mesmo tempo em que ali perto acontecia o salao de los angeles o novo miura era uma reinterpretaçao perfeita do iconico supercarro com v12 transversal de silva respeitou formas e proporçoes limitando se a modernizar elementos como rodas e pneus farois e lanternas era evidente que aquele era um projeto executado no seculo 21 mas tudo o que dava ao miura sua identidade particular estava reproduzido de alguma forma o capo longo com os para lamas dianteiros volumosos os farois redondos com cilios estes agora cobertos pela lente transparente as entradas de ar no para choque dianteiro e atras das janelas o perfil garrafa de coca cola e claro a persiana sobre o vigia traseiro falar sobre os predicados do miura de 2006 e chover no molhado na verdade o carro nao tinha interior e nunca se viu o que havia debaixo da tampa traseira mas oficialmente o miura era feito sobre a base do murcielago ou seja nada de motor transversal mas o v12 tinha pelo menos 6 2 litros e 580 cv se levarmos em conta as especificaçoes do flagship no lançamento moderados por um cambio manual de seis marchas que levava a força para as rodas traseiras mais do que digno para um sucessor legitimo do miura classico so que a lamborghini como ja dissemos nao queria saber do carro era um conceito apenas e na epoca o ceo stefan winkelmann foi direto o miura foi uma celebraçao de nossa historia mas a lamborghini olha para o futuro nao fazemos carros retro nao e para isso que estamos aqui entao nao vamos fazer o miura claro nao foram exatamente estas as palavras mas dava para perceber que a lamborghini poderia fazer uma serie limitada do miura usando o murcielago como base se quisesse exatamente como foi com o countach em 2021 pense em uma oportunidade perdida o ultimo grande momento para fazer um supercarro retro do jeito certo uma reinterpretaçao moderna de um classico dos anos 1960 foram os anos 2000 e existe um exemplo pratico disso o ford gt lançado em 2005 um ano antes de a lamborghini apresentar o miura concept o ford gt de 2005 era praticamente uma replica do gt40 que venceu as 24 horas de le mans pela primeira vez em 1966 era praticamente tao espartano quanto o carro de corrida ainda que com interior mais espaçoso acabamento artesanal mais esmerado apesar de usar algumas peças de outros ford para conter custos e viabilizar a produçao e um motor v8 modular de 5 4 litros com compressor eaton e 558 cv estruturalmente o ford gt nao tinha absolutamente nada em comum com o gt40 de corrida era mais comprido mais largo e 4 mm mais alto o gt40 original tinha um monobloco de aluminio com subchassi tubular na traseira o ford gt fazia uso de um spaceframe de aluminio extrudado mais rigido e leve mas o mais importante o visual minimamente atualizado com novos farois lanternas e rodas estava ali isso so foi possivel porque nos anos 2000 nem todos os carros haviam passado pelo processo de engorda resultante de alguns fatores a adoçao de padroes de segurança mais rigidos exigindo estruturas anti impacto mais volumosas e pesadas ; a chegada dos sistemas eletronicos de infotainment e assistencias inteligentes ao motorista que tambem contribuiram para deixar os carros maiores e mais pesados e os compradores mais exigentes assim o ford gt podia concentrar se no que realmente queria ser uma homenagem a um icone que colocava essa proposta acima de qualquer coisa o ford gt40 era absurdamente rapido indo de zero a 100 km/h em 3 3 segundos; era um carro a moda antiga com cambio manual de seis marchas e traçao traseira com um lsd para torna lo um pouco menos indomavel e desprovido de qualquer eletrificaçao no powertrain aquela altura ninguem pensava em uma eventual ascensao dos carros eletricos o ford gt era um carro caro e exclusivo apareceu em videogames e filmes da epoca conquistou uma reputaçao excelente nas arrancadas e testes de velocidade maxima e serviu para mostrar que a ford conseguia fazer um supercarro moderno sem romper com suas raizes nao era um superesportivo perfeito tinha problemas de qualidade e acabamento e de forma geral era o que se costuma chamar na industria do entretenimento de fan service um produto feito para agradar a base de fas mais antiga e fiel o fanatico pela ford o colecionador de ediçoes limitadas pouco mais de 4 000 carros foram produzidos em 2005 e 2006 mais de 3 200 foram vendidos e o restante foi deixando os estoques das concessionarias aos poucos nos dois ou tres anos seguintes o ford gt ainda nao tem idade para ser classico mas se tivesse que apostar diria que seu lugar entre os classicos esta mais que garantido na epoca em preço ele ficava no meio do caminho entre um porsche 911 gt3 e uma ferrari 360 modena mas em desempenho bruto so oferecia menos que a ferrari enzo em um ford era quase inacreditavel https //www youtube com/watch v=qo_d7xnzaj4 quando a ford decidiu trazer de volta o gt naquilo que chamou de segunda geraçao o que recebemos na verdade foi algo completamente diferente um dos supercarros de aerodinamica mais impressionante dos ultimos anos claro mas era um ford gt com motor v6 ecoboost olhadas como um todo as formas das diferentes seçoes da carroceria formavam algo que sem duvida carregava a identidade geral do ford gt mas isoladamente elas eram peças de um conjunto estetico muito mais complexo e avançado era inegavelmente um supercarro superior ao primeiro gt de rua so que isso era parte intencional parte consequencia de todos os avanços que os supercarros viveram em uma decada o ford gt lançado em 2017 tornou se um dos mais desejados entre os compradores de supercarros mas nao chegava nem um pouco perto de seu antecessor em carisma mas a culpa nao era sua os tempos e que eram outros se a lamborghini tivesse pensado em fazer algo parecido o miura revelado em 2006 seria o candidato perfeito pouco importaria se ele fosse um murcielago com outra carroceria ele seria muito mais parecido com o miura original ainda teria um v12 aspirado ligado a um cambio manual de seis marchas e o mundo seria um lugar mais bonito mesmo que o novo countach fosse um carro muito muito mais parecido com o original ele dificilmente permaneceria fiel em proporçoes e mecanica e caso o fosse ele tambem ganharia uma nota melancolica porque ja nao se faz mais carros assim em 2006 quando o maior medo dos entusiastas era o fim do cambio manual ainda se fazia e por isso que mais que qualquer critica ao visual do countach seu maior pecado e ser too little too late mas isso nao isenta a ford porque ela tambem tem uma grande oportunidade perdida la atras e essa eu nao perdoo
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