Michael Schumacher é o maior campeão de todos os tempos da Fórmula 1, com sete títulos conquistados entre 1994 e 2004. No primeiro deles, Schumi pilotava o Benetton B194 – e foi exatamente este carro que seu filho, Mick Schumacher, acelerou em Spa-Francorchamps no último domingo, dia 27, durante a cerimônia de abertura do GP da Bélgica.
Michael Schumacher tem uma relação especial com o circuito de Spa-Francorchamps. Foi no circuito belga que ele disputou sua primeira corrida e Fórmula 1, quando substituiu Bertrand Gachot (que havia sido preso depois de um incidente de trânsito). Schumacher ainda era contratado pela Mercedes-Benz na época, e a fabricante alemã bancou o posto temporário na Jordan. Classificando o carro em sétimo lugar, ele igualou a melhor posição de largada da equipe naquela temporada e impressionou os donos da Benetton, que ofereceram um contrato integral para a temporada seguinte — no lugar de Roberto Moreno. Logo em sua segunda corrida, Schumi terminou em quinto e conquistou seus primeiros dois pontos na carreira.
A primeira vitória de Schumacher na Fórmula 1 também foi em Spa, no ano seguinte. Era a 12ª das dezesseis corridas da temporada e, em uma competição dominada pelas Williams com toda a tecnologia disponível na época (suspensão ativa e freios ABS), Schumacher venceu com um carro mais comum, o Benetton B192, ainda patrocinado pela Camel e equipado com um V8 Ford naturalmente aspirado de 3,5 litros e cerca de 700 cv.
No ano de seu primeiro título, Schumacher, a Benetton vivia um momento polêmico: o B194 foi acusado de utilizar recursos ilegais, como um sistema de controle de tração baseado nos giros do motor, além de um software de controle de largada e uma bomba de combustível adulterada. Schumacher ainda sofreu com punições no GP da Inglaterra e no GP da Bélgica – no primeiro, por ultrapassar Damon Hill na volta de apresentação e no segundo, por conta do desgaste no assoalho de madeira compensada do Benetton, que estava 0,2 mm mais espessa que o permitido.
Nada disto impediu Schumacher de ser campeão naquele ano, ainda que seu título tenha vindo com apenas um ponto de vantagem sobre Damon Hill – 92 contra 91. Em 1995 ele foi campeão novamente e, em 1996, foi para a Ferrari e deu início à parceria que culminaria em uma sequência de cinco títulos em cinco anos, entre 2000 e 2004. Detalhe: o título de 2004, último da carreira de Michael Schumacher, foi conquistado em Spa.
Em 2006, ele se aposentou pela primeira vez. Seu filho Mick tinha, então, apenas sete anos de idade. Ele viu seu pai voltar às pistas por um breve período, entre 2010 e 2012 e, desde 2013, quando o heptacampeão se acidentou ao praticar esqui na neve, evita falar sobre o estado de saúde do pai, que é mantido em segredo até hoje.
Em vez disso, no dia 27 ele preferiu se concentrar na homenagem, pilotando o Benetton B194 no circuito que seu pai mais gostava – Schumacher disse em 2003 que Spa era, de longe, sua pista favorita. O vídeo da volta foi postado no canal oficial da Fórmula 1 no Youtube, que não permite incorporação em outros sites, infelizmente.
Mick usava um capacete especial com dois esquemas de cores: metade com a pintura que usa sempre e metade com a pintura usada por seu pai. Ao sair do carro, ele foi entrevistado pela imprensa e, sucinto, falou sobre a experência:
Estou impressionado com o carro. Foi um absoluto prazer dirigi-lo. Eu fiquei muito feliz. Foi emocionante, tem muito da história do meu pai aqui.
Nascido em 1999, Mick começou a pilotar cedo, em 2008, começando pelos karts, com os quais competiu até 2012. No começo, sua família decidiu que ele usaria o pseudônimo Mick Betsch, com o sobrenome de solteira da sua mãe Corinna, para evitar atrair atenção demais pelo nome Schumacher. Atualmente ele compete na Fórmula 3, uma das categorias de entrada para a Fórmula 1.