O Spyker C8 sempre foi um dos supercarros mais interessantes dos últimos tempos. Não por seu desempenho estelar — o motor V8 Audi, de 4,2 litros e aspiração natural, entregava 400 cv, o que não é muito para um superesportivo —, mas por seu visual mais do que exótico: não há como confundir o Spyker C8 com nenhum carro, e ele é único a ponto de ser, em essência, o mesmo carro desde seu lançamento, em 2000.
É claro que, mesmo usando a mesma base, o C8 nunca deixou de evoluir — alterações mecânicas, reestilizações e novos sobrenomes vieram ao longo dos anos. A última delas resultou no Spyker C8 Aileron, apresentado em 2009, ou seja, sete anos atrás. Já estava na hora de atualizar as coisas, não?
E foi exatamente isto que a Spyker fez com o Preliator. Depois de quase ir à falência por tentar recuperar a trôpega Saab, a Spyker recebeu uma ajuda financeira de uma empresa americana de aviação chamada Volta Volaré. Nada mais apropriado, visto que as raízes da Spyker estão justamente nos aviões.
Sendo assim, a fabricante pode investir em algumas melhorias bem interessantes para o Preliator. Aliás, seu nome significa “lutador” ou “guerreiro” em latim — a ideia é a mesma da palavra do português “prélio”, que significa “luta” ou “guerra”. Porque FlatOut também é cultura! Mas o nome tem uma razão de ser: entre 1914 e 1918, a Spyker fabricou uma série de aviões de caça chamada “Fighter”. Tudo se encaixa, sempre.
De qualquer forma, o Preliator ganhou mesmo uma dose extra de munição: agora, o V8 Audi de 4,2 litros tem compressor mecânico, e a potência passou de 400 cv para 525 cv, que chegam às 6.800 rpm. O torque de 61,2 mkgf aparece às 3.500 rpm, e o limite de giro do motor é de 7.200 rpm.
A força é levada para as quatro rodas através de uma caixa manual de seis marchas, e a gente ainda fica babando no mecanismo exposto da alavanca de câmbio. Uma caixa automática, também de seis marchas, é opcional — e, se nos permitem um pitaco, a gente acha que já está na hora de migrar para a dupla embreagem, no caso desta última. A tração é traseira, com diferencial de deslizamento limitado da Drexler.
O visual renovado não deixa a identidade visual da Spyker de lado — as proporções meio esquisitas, porém estranhamente atraentes (o entre-eixos é longo demais, a linha de cintura é alta demais, mas de algum modo a coisa toda funciona) continua lá, mas a dianteira e a traseira foram remodeladas, bem como o desenho do interior, que ficou um tantinho assim mais tradicional, mas continua diferente de qualquer outro supercarro.
De acordo com a Spyker, o Preliator vai de 0 a 100 km/h em 3,7 segundos, com máxima de 320 km/h. Não parece muito, mas o enfoque aqui é a dirigibilidade — evidência disso é a suspensão, que usa braços triangulares sobrepostos nos quatro cantos e é fornecida por ninguém menos que a Lotus. A direção, seguindo a velha escola, é hidráulica, e não elétrica.
Os freios são AP Racing com discos perfurados e ventilados, de 350 mm na dianteira e 332 mm na traseira, com pinças de quatro pistões nos quatro cantos. As rodas são de 19×8,5 e 19×10,5 polegadas, respectivamente, e calçam pneus 235/35 na dianteira e 295/30 na traseira.
No entanto, no Preliator também há espaço para conforto. Assim, o interior conta com sistema de som de alta definição, conectividade com smarphones iOS e head-up display com sistema multimídia e GPS em duas telas separadas.
Serão produzidos apenas 50 exemplares do C8 Preliator — e, conhecendo o ritmo de produção da Spyker, é melhor correr se quiser garantir um exemplar, visto que pode demorar mais sete anos para que a companhia resolva atualizar o C8 mais uma vez. E, é claro, pagar os € 324,9 mil euros (R$ 1,37 milhão, em conversão direta) pedidos pela versão com câmbio manual. O modelo automático sai por € 330,9 mil (R$ 1,4 milhão), mas você nem queria saber, não é?