Há exatos seis meses a McLaren apresentou ao mundo, no Concours d’Elegance Pebble Beach, na Califórnia, um conceito absolutamente insano baseado no P1 — o P1 GTR, com exatos 1.000 cv e uma asa traseira quase pornográfica. Agora, a companhia de Woking apresentou a versão de produção do carro que veio para incomodar a Ferrari e sua nova FXX K, com direito a uma bela homenagem ao McLaren F1 GTR.
Quando o P1 GTR foi mostrado pela primeira vez, em agosto de 2014, a McLaren o chamou de “Design Concept” e, de fato, seu maior atrativo era o design — especialmente a asa traseira fixa, sustentada por dois suportes que pareciam “nascer” da grade posterior do hipercarro. A boa notícia é que a asa está presente no modelo de produção, e a notícia melhor ainda é que agora a McLaren divulgou todos os detalhes sobre o carro.
Vamos começar, claro, falando do motor. Com a ajuda de algumas modificações no V8 biturbo de 3,8 litros e no motor elétrico, o carro agora entrega exatamente 1.000 cv — 800 cv do motor a combustão, mais 200 cv dos motores elétricos. É uma vantagem de 84 cv em relação ao modelo de rua, mas a McLaren não revelou exatamente o que fez nos motores para aumentar sua potência, limitando-se a dizer que foram “alterações significativas”.
De qualquer forma, a potência extra foi só uma das mudanças: assim como no conceito, a bitola dianteira é 80 mm mais larga e as rodas, de 19 polegadas, são calçadas com pneus slick Pirelli. O carro — que ficou 50 mm mais perto do solo — também tem um novo splitter frontal e a asa traseira fixa, que fica 40 cm acima do deque traseiro, ajuda a aumentar o downforce traseiro em até 10% — o que, na prática, quer dizer até 660 kg quando o carro está a 240 km/h.
Ao contrário da asa móvel do modelo de rua, a peça do P1 GTR não serve como freio aerodinâmico. O sistema de redução de arrasto (Drag Reduction System, ou simplesmente DRS), que reduz a inclinação da asa para 0° ao toque de um botão, contudo, ainda se faz presente.
Outras novidades são as janelas laterais, que agora são de policarbonato e são fixas — com uma portinhola deslizante do lado do piloto. O para-brisa de vidro do modelo de rua, que tem apenas 3,2 mm de espessura, foi mantido.
Em compensação, os painéis do teto e a cobertura do motor, que eram de vidro, deram lugar a componentes de fibra de carbono. Com isto, o P1 GTR ficou pelo menos 50 kg mais leve que o modelo de rua. O sistema de escape de titânio e Inconel (uma liga de níquel e cromo) com saída dupla ajuda a eliminar outros 6,5 kg.
Você já deve ter notado, porém, que a maior mudança em relação ao conceito é o esquema de cores. A pintura amarela e verde é uma homenagem ao McLaren F1 GTR de chassi n° 06R, carro que competiu nas 24 Horas de Le Mans de 1995 sob o comando de Derek Bell, seu filho Justin e Andy Wallace e chegou em terceiro lugar — dividindo o pódio com outro F1 GTR no lugar mais alto e um Courage C34 na segunda posição. No ano seguinte o carro voltou a Le Mans, terminando em sexto lugar.
Vale lembrar que o McLaren F1 GTR podia até ser a versão de pista, mas era menos potente que o carro de rua por causa das regras da FIA, que limitavam a potência dos carros da classe GT a 600 cv — o F1 de rua tinha 627 cv produzidos por seu V12 aspirado de 6,1 litros.
Agora, o destino do McLaren P1 GTR pode até envolver as 24 Horas de Le Mans, mas em princípio ele fará parte de um programa semelhante ao da LaFerrari FXX K: o McLaren P1 Driver Program, que começará com uma sessão de testes em Silverstone, na Inglaterra, e em seguida no Circuito da Catalunha, na Espanha. Depois, os pilotos serão levados para o Centro Tecnológico da McLaren onde serão feitos bancos de competição sob medida e serão desenhados os esquemas de pintura de cada carro.
Mais detalhes — especialmente a respeito das modificações do motor — deverão ser revelados no dia 3 de março, quando o P1 GTR finalmente fizer sua primeira aparição pública no Salão de Genebra. Até lá, vamos babar mais um pouquinho nas fotos?