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Tente resistir ao novo Alfa Romeo 33 Stradale

É coisa de maluco mesmo, esse negócio dos elétricos. E esse novo Alfa Romeo 33 Stradale discretamente traz uma evidência disso. Primeiro, tome alguns minutos para contemplá-lo. É um carro bonito, talvez não como o original, mas certamente bonito comparado ao que se tem chamado de supercarro recentemente.

Agora vamos à conversa. Isso é um Alfa Romeo 33 Stradale, um modelo “fuoriserie” já antecipado pela marca há algum tempo. Ninguém esperava um carro totalmente novo — afinal, nem faz sentido para a Alfa Romeo (ou para a Stellantis) fazer um chassi para um carro que terá uma produção tão limitada quanto ele. Serão apenas 33 unidades, todas já endereçadas.

Olhando bem para as fotos, e com a informação de que ele tem um V6 na traseira, você já sabe de onde ele veio: Maserati MC20. Foi a irmã bolonhesa quem forneceu o chassi/monocoque (fibra de carbono com subchassis de alumínio) e os motores que impulsionam este novo velho Alfa.

Sim, motores no plural, porque ele tem o V6 Nettuno em uma configuração com “mais de 620 cv”, mas também tem a opção de um conjunto de motores elétricos de 750 cv a quem quisesse um Alfa Romeo que não tem ronco de V6. E aqui está a parte da loucura.

Pessoalmente, acho loucura comprar a versão elétrica de um supercarro Alfa Romeo que tem a opção de um V6 de mais de 600 cv. Mas aí é uma opinião pessoal. Tem gosto pra tudo. Tem gente que gosta de ketchup na pizza e coxinha de jaca. A loucura é que a Alfa Romeo descobriu com o 33 Stradale que, dos 12 pedidos confirmados, dez foram encomendados com o V6 e só dois com o elétrico.

Isso significa que o elétrico é preferência de apenas 16% do público que deseja um esportivo Alfa Romeo. E mesmo assim, porque o “futuro é elétrico” (quem disse isso mesmo?), eles irão abandonar a combustão interna — justamente aquilo que é mais marcante num Alfa Romeo, ao lado de seu design. O powertrain elétrico, aliás, também é obra da Maserati — o trio de motores vem do GranTurismo Folgore.

Voltando à contemplação deste belíssimo supercarro, ele traz muito do 33 Stradale original nos faróis, grade, abertura das portas, silhueta e traseira, mas sabiamente foi tirado do caminho retrô pelos designers da Alfa Romeo. As semelhanças com o MC20 são notadas apenas quando você os compara vistos de lado. A silhueta é idêntica nos dois carros, mas formato de portas, área envidraçada e, principalmente, a dianteira, são os detalhes que disfarçam o parentesco univitelino.

Independentemente da motorização, a Alfa Romeo diz que o carro chega aos 333 km/h e vai aos 100 km/h em menos de 3 segundos, embora o elétrico seja 450 kg mais pesado que o V6, que pesa 1.500 kg. E mesmo tendo apenas 33 unidades, ele será oferecido em duas versões, Tributo e Alfa Corse. Quais as diferenças? Bem, a Alfa Romeo não explicou no press release, então vamos ter que esperar para saber.

Por dentro, ele felizmente contraria a moda das telas e se mantém fiel aos bons e velhos botões e alavancas, assim como os carros de corrida mais modernos (já pensou uma touchscreen em um Fórmula 1 ou Hypercar de Le Mans?), algo que deve garantir que este Alfa Romeo envelheça melhor que um MC20, por exemplo. Nem mesmo o volante tem botões. É um negócio puro mesmo.

Os bancos — quem é fã do original já notou — são fortemente inspirados pelo 33 Stradale de 1967, e fazem do interior um lugar que dá vontade de ficar mesmo com o carro parado. Isso, claro, sem contar a área envidraçada, que também remete ao carro original dos anos 1960 e conversa com aquela nossa versão de oito anos de idade que permanece em um cantinho do nosso cérebro.

A parte mais interessante — e até agora a melhor sacada em referências ao modelo original — é que cada um dos 33 exemplares do 33 Stradale será personalizado para seu comprador. Eles poderão escolher como serão as tomadas de ar, rodas e até o scudetto da Alfa Romeo, o que significa que os carros serão parecidos, mas não idênticos — exatamente como o original de 67, que teve diferenças sutis em cada um dos seus 18 exemplares. Outra grande sacada é que o VIN terá em sua composição oito dígitos escolhidos pelo comprador, que serão marcados no túnel central.

Como isso é possível? Bem… o carro não será feito pela Alfa Romeo, mas pela Carrozzeria Touring Superleggera — daí a possibilidade de se personalizar e também a viabilidade de se fazer um carro tão limitado como será este Alfa Romeo 33 Stradale moderno. A produção começa só em junho de 2024, mas até dezembro daquele ano todos os carros estarão prontos e entregues aos compradores — o que significa que só começaremos a ver esses carros circulando pelas ruas (mesmo que em fotos) somente daqui a um ano.

Alfa Romeo 33 Stradale, o supercarro que tinha um coração