Bem-vindos a mais um Best of Project Cars, nossa seção na qual lembramos os Project Cars já concluídos que passaram pelo FlatOut nestes quase quatro anos. Hoje vamos rever o Fiat Punto T-Jet de 180 cv do leitor Henrique Oliveira.
O início
A história do Punto T-Jet começa no final de 2012, quando Henrique decidiu que queria um carro turbo, porém optou pela segurança de um modelo original de fábrica, o que o levou ao Fiat. Antes mesmo da compra, Henrique já estava pesquisando sobre receitas de preparação e outras formas de extrair um pouco mais de potência do motor 1.4 turbo. Não que 152 cv não fossem suficientes, mas um pouco mais de potência é sempre bem-vinda.
Só que… havia um pequeno problema: carro novo tem garantia de fábrica, e você não quer violar a garantia por ter metido a mão no motor, não é mesmo? Então enquanto esperava o fim da garantia, Henrique apenas instalou um cold air intake (CAI) retirado de seu antigo Stilo 1.8 e aguardou impacientemente o restante do período coberto pela fábrica.
Bem, ao menos ele tentou. Além do CAI ele também instalou uma válvula de prioridade e também o spoiler traseiro do Punto Abarth, retrovisores pintados de preto, uma central multimídia e um subwoofer de 10 polegadas no porta-malas.
Assim que a garantia expirou, a primeira medida foi substituir o escape original, começando por um downpipe sem catalisador para otimizar o fluxo de gases, com uma tubulação de 2,5 polegadas e apenas um abafador no final. Houve uma sutil diferença no comportamento do carro em rotações mais elevadas, além do ronco, claro, que ficou mais encorpado.
O projeto evolui
O objetivo inicial era ter um carro confiável para o dia-a-dia, mas você sabe como é essa história de “esse vou deixar original”; ela raramente dura algumas horas. Não demorou para que Henrique começasse a procurar alguma oficina capacitada para fazer um remapeamento, a fim de extrair o máximo do motor 1.4 T-Jet.
A primeira opção envolvia o remapeamento da ECU original do motor, que poderia proporcionar um ganho de 35 cv por meio do aumento da pressão de trabalho da turbina e no ajuste do ponto de ignição, além do aumento da vazão das válvulas injetoras. Porém essa preparação traria um inconveniente: devido ao risco de detonação da mistura pela alta compressão efetiva, seria preciso usar combustível de alta octanagem. Sim, a caríssima gasolina pódium, que na época (2013/14) já custava R$ 4,00 o litro. Melhor partir para outra, né?
E foi o que Henrique fez. Passou a procurar alguma preparadora que fizesse um mapeamento menos agressivo, que obtivesse uma taxa de compressão efetiva viável para uso de gasolina comum. O serviço foi feito pela Overspeed em Belo Horizonte/MG. A pressão máxima subiu para 1,2 bar, o ponto de ignição foi reajustado e o tempo de injeção foi alterado para que, no final, o motor passasse a produzir 180 cv e 27 mkgf — marca próxima do Grande Punto Abarth Essessse italiano.
Potência resolvida, hora de cuidar da dinâmica
Depois do aumento de potência Henrique voltou seus esforços para o acerto dinâmico do carro. Os pneus Pirelli P6 “all season” deixavam um pouco a desejar em termos de aderência — especialmente depois que o motor passou a produzir mais potência. Um composto mais esportivo seria necessário.
Na procura pelos pneus, Henrique acabou achando um jogo de rodas importadas que sempre gostou, mas nunca viu a venda no Brasil, a Katana NJ02. Com 18 polegadas de diâmetro e offset ideal para o Punto, ele arrematou as rodas e os pneus Falken Ziex-912 nas medidas 215/40. De quebra, as rodas ainda reduziram pouco mais de 20 kg da massa não-suspensa do carro, uma vez que cada uma pesa 8,5 kg e as originais pesam quase 14 kg.
Os freios também ganharam um leve upgrade, com pastilhas Powerbrakes de composto mais macio.
Mais potência? Quero, claro! Por que não?
Depois de umas aceleradas em track days, Henrique decidiu que seria uma boa ideia ter um pouco mais de potência. Uma turbina maior, por exemplo, para produzir 230 cv ou perto disso. A primeira que lhe veio à mente foi a Garrett GT1446 dos Abarth italianos, porém precisaria trabalhar em seu limite para chegar àquele nível de potência desejado.
Henrique então lembrou dos carros da Copa Linea e descobriu que na segunda temporada da competição os carros trocaram as Garrett GT1446 por um modelo da Master Power desenvolvido exclusivamente para a categoria. Para completar, Henrique topou com Ricardo Dilser, ninguém menos que um dos idealizadores da Copa Linea, que lhe ajudou a encontrar a receita ideal para o carro.
Com a turbina em mãos,uma AR .42/.49, tudo o que Henrique precisava era de um novo downpipe, que foi projetado por um amigo engenheiro.
Obviamente o nível de potência pretendido também exigiria mais gasolina injetada, e por isso Henrique optou pelas válvulas Marelli Racing, de 60 lbs, e o acerto do motor foi feito para rodar com E85, dispensando um reservatório de partida a frio.
O câmbio foi mantido original e suportou bem o torque extra do motor preparado, apesar de não ser o mesmo das versões mais potentes do Punto na Europa. Henrique considera apenas usar uma embreagem de cerâmica com quatro discos.
Com tudo montado, o acerto foi feito no dinamômetro. Com o remapeamento fixando a pressão em 1 bar, o carro ficou com exatos 200 cv e 27 mkgf nas rodas. O projeto finalmente ficou pronto — e com a potência desejada.
Não deixe de ler os posts completos do Project Cars #113
Parte 1 – a compra e as primeiras modificações
Parte 2 – a preparação do motor e os primeiros track days
Parte 3 – a segunda preparação com a receita da Copa Linea
Parte final – os últimos acertos do motor e a conclusão do projeto