Na matéria desta semana ontem sobre o legado dos Z-cars da Nissan, olhamos para o passado e exploramos todas as gerações, do 240Z ao 370Z, a fim de compreender as qualidades (e, às vezes, defeitos) de cada um.
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Hoje, vamos olhar para o futuro dos Z-cars. Afinal, apesar de ter tomado várias formas ao longo de cinco décadas os esportivos da linhagem Z mantiveram-se fiéis até onde foi possível ao espírito do original – o que significa que a próxima geração terá uma tarefa árdua pela frente: mostrar-se digno de fazer parte desta linhagem e, ao mesmo tempo, fazer concessões suficientes para sobreviver em um universo automobilístico cada vez mais eletrificado, autônomo e anestesiado. E que, ao mesmo tempo, cada vez mais valoriza o desempenho bruto no lugar do envolvimento ao volante.
Do outro lado do espectro, o novo Z também vai precisar agradar aos apreciadores do clássico.Ou seja, além de criar um carro esportivo condizente com os anos 2020, o que automaticamente significa um motor sobrealimentado e, muito provavelmente, tecnologia híbrida em algum ponto de seu ciclo de vida, a Nissan também precisa fazê-lo de uma forma que o público-alvo não considere traição. Para sua sorte, a fanbase dos Z-cars não é tão radical quanto, digamos, os fãs do Toyota Supra – que o massacram pelo fato de ele ser um BMW com outra roupa.
Assim, além de ansiosos para saber como será o carro em si, também estamos curiosos para saber como a Nissan vai fazer esta conta fechar.
Como o novo Nissan Z é o assunto do momento, já existe uma boa quantidade de informações circulando – ainda que nem todas digam a mesma coisa. E é por isso que nós vamos tentar encontrar o fio da meada nesta história, separando tudo o que se sabe a respeito da nova geração.
Retrô, mas não muito
O visual do novo Z-car não é conhecido, mas a Nissan já mostrou sua silhueta em um teaser. Nela, podemos ver que o cupê terá um perfil que lembra, ao mesmo tempo, o atual 370Z e o 240Z de primeira geração. Também se nota os faróis em dois níveis que formam um contorno arredondado – novamente, inspirado no clássico.
Isto bate com as informações vazadas anteriormente, dizendo que o novo Z teria a dianteira inspirada pelos clássicos. Ainda não se vê imagens da traseira, porém estes mesmos boatos dizem que ela será inspirada pelo 300ZX Z32 da década de 1990.
O vice-presidente de estratégia global da Nissan, Ivan Espinosa, disse ao site australiano Car Advice que, realmente, o teaser está muito próximo da versão final do novo Z-car. Contudo, ele afirma que o design do carro não é tão retrô assim – e que está mais para uma “homenagem respeitosa”.
Motor e câmbio
Uma coisa que nunca mudou no Nissan Z foi a quantidade de cilindros – seis, sempre. E isto não deve mudar na nova geração, especialmente porque, nos esportivos de médio porte, seis cilindros e dois turbocompressores se tornaram o padrão.
E a Nissan não vai precisar dar uma de Toyota e buscar um motor na Europa – eles já têm um V6 biturbo que se encaixaria perfeitamente na proposta. Trata-se do V6 VR30DDTT que já é utilizado pelo cupê Infiniti Q60, um carro que não é lembrado com tanta frequência pelos entusiastas, mas que em sua versão Red Sport 400 dispõe de 406 cv a 6.400 rpm e 48,4 kgfm de torque. O V6 faz parte da mesma família do motor do Nissan GT-R, o VR38DETT, porém com admissão de desenho mais simples, injeção direta de combustível (o GT-R ainda tem injeção multiponto) e, obviamente, menor deslocamento.
O VR30DDTT também pode ser encontrado no sedã Infiniti Q50 – que também tem uma versão Red Sport 400, e é vendido no Japão como Nissan Skyline.
Não será a primeira vez que um Z-car tem motor V6 biturbo, mas será a primeira vez que ele terá apenas um V6 biturbo. E há potencial: com o motor de 406 cv, o Infiniti Q60 Red Sport 400 vai de zero a 100 km/h em 4,5 segundos na versão de tração traseira, e em 4,7 segundos na versão de tração nas quatro rodas.
Aliás, falando em tração: por mais que o Q60 tenha uma versão de tração integral, as fontes que falam à imprensa dizem que é improvável que a Nissan ofereça uma veresão AWD do novo Z – seu público é mais radical neste aspecto e prefere a tração apenas na traseira. E, ao contrário do Q60, que só tem câmbio automático de sete marchas, acredita-se que a Nissan manterá o câmbio manual disponível no novo Z.
O mistério da versão Nismo
Por enquanto, todos os canais concordam que o novo Z-car terá 406 cv no lançamento. Mas o direcionamento da Nissan a partir daí é motivo de debate. O site japonês Spyder7 diz que, segundo suas fontes, a versão básica do esportivo terá 406 cv. Pouco depois, porém, chegará a versão Nismo, que poderá ter até 480 cv – o que não é tão difícil de conseguir em um motor biturbo com uma programação diferente na ECU.
Já os britânicos da Autocar não descartam a possibilidade de um Nismo mais potente, porém acreditam que é mais provável que a divisão hardcore da Nissan concentre seus esforços no sistema de suspensão, elementos aerodinâmicos e visual.
A importância de um nome
Até o momento a imprensa vem tratando o novo Z-car como 400Z – uma referência à potência do motor, e não a seu deslocamento, pela primera vez na história. Mas como isto afetaria a oferta de versões menos potentes ou mais potentes?
Uma possibilidade é que a Nissan faça como na época do Z31, a terceira geração do esportivo: o nome 300ZX era usado na versão com motor V6 de três litros, com o sobrenome Turbo na variante sobrealimentada. Mas também havia o Nissan 200Z, com motor V6 biturbo de dois litros; e o 200ZR que tinha um seis-em-linha turbinado da família RB.
Assim, não é implausível imaginar que a Nissan chame o carro pelo código de geração, como fez com o próprio Z31. Ou seja: a variante de 406 cv (400 hp) se chamaria 400Z, enquanto a suposta versão Nismo poderia se chamar 480Z, por exemplo.
Eletrificação? Por enquanto, não
Números de potência a parte, outra preocupação dos entusiastas com o novo Z é a adoção de tecnologia híbrida ou mesmo de um powertrain elétrico. Nesse ponto, boas notícias: Ivan Espinosa também disse ao Car Advice que, por enquanto, a eletrificação do Z ainda não está nos planos.
“A tecnologia dos carros elétricos já está bem avançada, mas não a ponto de entregar o desempenho que se espera de um elétrico”, diz o executivo. Ele cita como barreiras não apenas o peso das baterias, mas o fato de elas esquentarem muito em uso mais intenso – como na pista, virando tempos.”
Outra questão é o fato de o novo Z aproveitar a plataforma do 370Z – uma versão modificada, é verdade, mas ainda sim desenvolvida há mais de uma década. Não é um projeto pensado para motores elétricos ou híbridos e, por isso, Espinosa acredita que um Z-car híbrido ou elétrico deverá surgir a longo prazo, possivelmente na geração seguinte. Caso haja uma geração seguinte, claro.
Por mais que ainda exista uma névoa espessa sobre o novo Nissan Z, isto não deve demorar muito mais tempo. O carro está na fase final de desenvolvimento e, segundo rumores, até poderia ser lançado em 2020 se não fosse pela pandemia de covid-19. Assim, seu lançamento deverá acontecer na primeira metade de 2021, com a chegada às lojas logo em seguida.