nao e a toa que nos referimos a qualquer coisa que fazemos sem fins lucrativos apenas para nos divertirmos e definido como algo que fazemos por esporte nao e a toa que nas olimpiadas por isso mesmo por muito tempo o profissionalismo era visto com cara feia a ideia toda do esporte nasce como algo feito por prazer apenas [caption id= attachment_339106 align= aligncenter width= 999 ] quando o dinheiro do cigarro entrou tudo mudou[/caption] apesar disso todo mundo entende claro que a evoluçao de todo esporte acaba por exigir profissionalismo quanto mais trabalho e necessario quanto mais gente acompanha compete e quer fazer parte mais gente e investimento e necessario para organizaçao mais tempo de dedicaçao e necessario para os participantes acaba uma ocupaçao de tempo integral para todos os envolvidos e ocupaçao de tempo integral normalmente e profissional ainda assim e no amadorismo na coisa feita por nenhuma outra coisa a nao ser o impeto interno de se fazer somente pelo ato em si de fazer e que todo esporte brilha os melhores em qualquer esporte sejam futebolistas com salarios milionarios sejam esgrimistas sem nenhum salario certamente fariam o que fazem independente do pagamento o melhor do esporte ainda e movido pela paixao e se nao for movido pela paixao independente da fama e fortuna que podem gerar desculpe nao e o melhor do esporte eu vejo isso claramente no esporte motor tambem nao ha montanhas de dinheiro nas competiçoes de old stock ou regionais de turismo em estrada de terra brasil afora mas sao todas competiçoes sensacionais por isso tambem lembramos com tanto carinho da f1 dos anos 1950 e 1960 antes de colin chapman aparecer com um lotus 49 pintado feito um maço de cigarros gold leaf o dinheiro da categoria era escasso e o que havia era de empresas interessadas na tecnologia pneus lubrificantes pastilhas ferodo amortecedores koni farois franceses da marchal outro mundo de gente apaixonada de uma forma que e impossivel imitar hoje sim o profissionalismo e inevitavel e necessario; mas e no amadorismo que o automobilismo deve ser incentivado e crescer e ali a fonte o principal o motivo de tudo sem amadores nao existem os campeoes futuros nao existe a paixao nao existe nada sobra so gente que quer fazer uma carreira deus nos livre deles a historia de hoje se me permitem abandonar meio que abruptamente esta divagaçao interessante diz respeito a justamente isso uma categoria que nasceu nao nos planos mirabolantes de dirigentes mas da cabeça de gente que vivia o interlagos antigo aquele de quase oito km que morreu faz muito tempo atras gente que vivia daquilo que era preparador dono de escola de pilotagem piloto organizador gente do meio uma categoria que como a inevitavel alegoria estelar da supernova brilhou de forma unica por um breve espaço de tempo para depois desaparecer completamente uma que engoliu montes de mavericks e dodges em competiçoes acirradas carros hoje cuidados como bibelos carissimos e insubstituiveis em garagens de chao mais limpo que um chao de hospital mas que deixou todo mundo que a presenciou um fa eterno a turismo 5000 como nasceu em 1981 expedito marazzi piloto jornalista especializado esporadico e entusiasta em tempo integral era dono de uma escola de pilotagem em interlagos diz seu filho o tambem jornalista gabriel marazzi meu pai tinha um gt 1974 impecavelmente novo comprado da frota de imprensa da ford ele nao usava pois tinha outros mais economicos e mais praticos que esse de forma que o carro ficava sempre na garagem mas o carro ja era um classico familiar uns seis anos conosco quando ele chegou com a ideia de criar uma categoria de competiçao para carros com motores de 5 000 cm³ ou mais cheguei a argumentar que o carro era muito novo para ser depenado e colocado na pista mas ele sequer escutou em pouco tempo o carro nao tinha mais forraçao para choques e bancos alem de ganhar uma gaiola um par de escapamentos diretos e suspensoes rebaixadas o resto ficou inclusive um perigoso jogo de rodas de magnesio da ital que sabiamos quebrariam na curva tres e o teto de vinil contou o marazzi pai sobre esta historia por outro lado na revista motor 3 a ideia basica dessa categoria nasceu na federaçao paulista de automobilismo da conversa de muita gente notadamente do presidente orlando casanova que ficou conhecido como o pai da 5 000 mas muitas outras pessoas participaram dos papos iniciais inclusive o velho lobo do caninde camilo christofaro e eu que chegamos ate quase a brigar porque ele queria que se liberasse o quadrijet ao passo que eu defendia a ideia de que o motor mantivesse a sua aparencia externa original a fim de baratear o custo da categoria tornando a popular nisso eu acabei ganhando claro que marazzi estava certo viviamos uma epoca de importaçoes proibidas onde o acesso a peças de preparaçao importadas nao era so caro era quase impossivel se voce nao fosse o camilao que de alguma forma tinha um estoque inesgotavel de comandos iskenderian e carburadores quadruplos holley o entao famoso quadrajet embora nunca tivesse este nome oficialmente a participaçao do marazzi e do camilo e os entao esquecidos v8 nacionais os dodge maverick e ate galaxie mais sobre isso mais adiante desde inicio praticamente garantia uma categoria lendaria o quanto que durasse os opalas tinham todos os holofotes na stock car mas esses carros obviamente adorados pelos entusiastas eram lixo ninguem queria ninguem mesmo carros eram literalmente dados pelo valor da gasolina no tanque ou do aparelho de som instalado tinham acabado de sair de linha e eram tabu o publico normal nao chegando nem perto deles e seus motores beberroes para esses manicacas e especialmente o camilo com decadas de experiencia em preparaçao de carros v8 para interlagos materia prima barata mas o negocio era realmente precario e amador no inicio continua o expedito marazzi na vespera da primeira corrida orlando casanova apelou desesperado para mim marazzi ve se arranja alguns alunos seus para correr porque nao tem nenhum inscrito ate agora a nao ser ney faustini la fui eu por ai catando pilotos para coloca los na pista lembrei me de um aluno e amigo meu o joao videira proprietario de uma oficina de funilaria que tinha um dodge azul muito bonito fui la conversar com ele e depois de muita luta acabei por convence lo a largar ney faustini por sua vez cantou um seu amigo o plinio giosa que possuia um dodge e ele tambem alinhou entao eu fiquei sem dizer nao e acabei botando o meu maverick v 8 de rua na pista mas nem retirei a direçao hidraulica e muito menos o equipamento de som roadstar mais dois ex alunos que tinham dodges quatro portas e pronto haviamos conseguido os seis carros minimo necessario para a largada eram carros de rua nesse inicio entao o regulamento nao permitia quase nada de modificaçao as provas eram realizadas no anel externo do velho interlagos o que garantia uma media de velocidade bastante alta conta o marazzi uma historia emblematica de como a categoria evoluiu nos treinos da primeira prova o joao videira parou nos boxes e me disse marazzi ele nao passa de 120 no retao ai eu sentei no carro e realmente constatei que era verdade sugeri ao joao troca o gicle ele imediatamente retirou o gicle e como nao tinha outro para trocar pedimos emprestado o alargador do preparador gigante que naquele dia estava na pista preparando o f2 do piloto pimentinha; abrimos o dito cujo recolocamos no lugar e pronto o dodge passou a descer a reta a 180 fazendo o joao sorrir de contente agora um ano depois ou pouco mais o mesmo carro desce a reta no minimo a uns 220 [caption id= attachment_339078 align= aligncenter width= 999 ] dodge quando ainda corria praticamente original[/caption] as provas eram muito rapidas e os pilotos rapidamente aprenderam a preparar os carros a suspensao era rebaixada amortecedores retrabalhados pelos preparadores locais e os pneus radiais cinturatto cn36 ou goodyear na medida 205/70 r14 inflados no maverick de marazzi ate 45 psi e quando o dinheiro dava torneados para diminuir altura dos sulcos modificaçoes aerodinamicas eram tambem permitidas gerando todo tipo de coisa estranha o motor devia ser original por fora mas macacos velhos como o camilo christofaro paulinho japones e outros faziam milagres alem de balanceamento e montagem cuidadosa a taxa era aumentada para ate 9 1 original de 7 6 1 e carburadores comandos e distribuidor todos originais eram modificados minuciosamente o escapamento tinha coletores especiais e era direto normalmente saindo dos dois lados do carro atras das portas dianteiras https //www youtube com/watch v=tgnbdccamrc com isso o barulho era entusiasmante e os carros rodando o anel externo em medias superiores a 170 km/h o publico claro vibrou e o baixo custo fez a categoria explodir rapidamente na segunda corrida ja eram doze carros na outra semana 18 logo tiveram que limitar o grid em 33 carros mas os pilotos continuavam chegando o que criou um esquema de duas baterias que selecionariam 33 carros para a final sim houve corrida com mais de 60 inscritos um espetaculo impressionante o galaxie o japones camicase e o maverick 4 portas os dojeiros sendo dojeiros continuavam a competir com dodges mesmo seu chassi e seu peso se provando inferiores que os dos mavericks que eram os melhores carros da categoria o ney faustini era o mito da categoria um vencedor de maverick claro mas outro carro se tornaria uma lenda no anel externo de interlagos o galaxie de arnaldo caligula abdalla da equipe agromotor do sr batista existiu outro galaxie na categoria mas nao durou muito o carro branco da agromotor e o unico realmente serio o problema claro era o peso um maverick original de fabrica pesava ao redor dos 1300 kg; um dodge ficava na casa dos 1400 kg o galaxie 1700 kg uma enorme desvantagem mas o batista acreditava nele mais espaço para escapamentos melhores no cofre carro aliviado ao extremo e entre eixos e bitola maiores permitindo mais estabilidade nas curvas de alta do anel externo era verdade o caligula era mais rapido que todos nas curvas um e dois que eram feitas de pe embaixo no galaxie o carro era um favorito do publico e realmente dava trabalho mas nunca conseguiu vencer os maverick o batista entao nao se fez de rogado apareceu em 1984 com um maverick 4 portas com entre eixos maior extremamente modificado e com carroceria aerodinamica neste ponto quase tudo ja era permitido se fazer internamente no motor contanto que permanecesse o carburador original os carros recebiam comandos importados e varios espaçadores abaixo dos carburadores de duplo corpo que eram extensamente modificados alem disso pneus agora slick p7 e freios a disco nas quatro rodas eram usados [caption id= attachment_339121 align= aligncenter width= 625 ] o maverick da agromotor testado em 1984 por marazzi na quatro rodas[/caption] o maverick da agromotor chegava aos 280 cv e o carro chegava a 230 km/h no retao foi o campeao de 1984 a pole position da primeira prova de t5000 em 1981 foi de 1 13 min; em 1985 este maverick rodava abaixo de 1 03 min [caption id= attachment_339097 align= aligncenter width= 999 ] o maverick do japones camicase [/caption] digno de nota era tambem o japones camicase o adalberto tagashira e seu maverick preparado por outro japones o famoso paulinho japones era um idolo do publico por sua pilotagem arrojada que frequentemente o fazia escapar e parar no mato tinha ate torcida uniformizada que aparecia espontaneamente na pista para gritar seu nome ao camicase se juntavam camilo christofaro ney faustini rene de nigris sr baptista pedrinho lioi casarini quanta gente importante participou desta maravilhosa categoria o fim mas se era tao sensacional por que motivo acabou ja em 1986 marazzi dava dois motivos sempre que lhe perguntavam ele mesmo parando de competir ao fim de 1982 o primeiro custos pressionados por alguns preparadores licantropos foi liberada maior preparaçao dos motores ainda que a limitaçao continuasse no carburador os custos de se manter competitivo assim subiram muito crises economicas nesta mesma epoca acentuavam problema numa categoria essencialmente amadora depois a inevitavel legislaçao de segurança imposta de forma crescente na categoria subindo mais os custos e nao so coisas faceis de concordar como cintos e santantonio um exemplo foi a exigencia de para brisa laminado e nao temperado nao existiam mais novos nesses carros fora de linha e nao adiantava nem carta de fabricante de vidro informando isso oficialmente para a confederaçao lembre se nao se podia importar nada era proibido nada dura para sempre de qualquer forma mas fica a lembrança de quando os v8 nacionais gritavam seu urro e passavam uma vez por minuto na sua frente a mais de 200 km/h no velho interlagos um espetaculo unico e que mesmo na epoca sabiamos que nao duraria para sempre nada que e tao bom assim fica muito tempo sem estragar
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