AFun Casino Online

FlatOut!
Image default
Carros Antigos História

Type 64: a história do primeiro de todos os Porsche

Existe uma analogia que se costuma fazer entre os membros da família Porsche e suas criações sobre rodas. Se o Fusca foi projetado na década de 1930 pelo Dr. Ferdinand Porsche; o Porsche 356 foi criado por seu filho, Ferry Porsche; e o 911 foi projetado pelo neto, Alexander “Butzi” Porsche; então o Fusca é, de certa forma, o avô do Porsche 911.

Ainda não é assinante do FlatOut? Considere fazê-lo: além de nos ajudar a manter o site e o nosso canal funcionando, você terá acesso a uma série de matérias exclusivas para assinantes – como , ,  e muito mais!

 

FLATOUTER

O plano mais especial. Convite para o nosso grupo secreto no Facebook, com interação direta com todos da equipe FlatOut. Convites para encontros exclusivos em SP. Acesso livre a todas as matérias da revista digital FlatOut, vídeos e podcasts exclusivos a assinantes. Direito a expor ou anunciar até sete carros no GT402 e descontos em oficinas e lojas parceiras*!

R$ 26,90 / mês

ou

Ganhe R$ 53,80 de
desconto no plano anual
(pague só 10 dos 12 meses)

*Benefícios sujeitos ao único e exclusivo critério do FlatOut, bem como a eventual disponibilidade do parceiro. Todo e qualquer benefício poderá ser alterado ou extinto, sem que seja necessário qualquer aviso prévio.

CLÁSSICO

Plano de assinatura básico, voltado somente ao conteúdo1. Com o Clássico, você terá acesso livre a todas as matérias da revista digital FlatOut, incluindo vídeos e podcasts exclusivos a assinantes. Além disso, você poderá expor ou anunciar até três carros no GT402.

R$ 14,90 / mês

ou

Ganhe R$ 29,80 de
desconto no plano anual
(pague só 10 dos 12 meses)

1Não há convite para participar do grupo secreto do FlatOut nem há descontos em oficinas ou lojas parceiras.
2A quantidade de carros veiculados poderá ser alterada a qualquer momento pelo FlatOut, ao seu único e exclusivo critério.

Mas há outro carro que foi projetado por Ferdinand Porsche na década de 1930 que, de certa forma, também merece este título: o Type 64. Além de já trazer diversas características que seriam vistas no 356 e no 911, ele foi o primeiro veículo na história a receber a marca Porsche. Mas se fala muito pouco a seu respeito – o que é uma injustiça, considerando sua importância histórica.

O Porsche Type 64 começou como uma proposta para um esportivo – era o que Ferdinand queria desde o início para o primeiro carro com seu sobrenome. Em meados dos anos 1930, ele foi contratado pelo governo alemã para desenhar o Volkswagen, que eventualmente se tornaria o Fusca, e imediatamente começou a pensar em uma versão esportiva para ele. O carro deveria ter uma versão de 1,5 litro e 50 cv do motor boxer de quatro cilindros usado pelo primeiro Fusca – que, no início de tudo, tinha apenas um litro e 25 cv.

Com uma carroceria de alumínio de perfil muito mais aerodinâmico, o esportivo imaginado por Porsche deveria ser capaz de atingir pelo menos 160 km/h. Mas havia um problema: a Volkswagen, então uma companhia estatal alemã, não podia vender componentes a uma empresa privada.

Em 1938, Ferdinand Porsche e seu filho Ferry decidiram redesenhar o projeto para usar apenas componentes Porsche – incluindo um motor V10 de 1.493 cm³ com arrefecimento líquido e 72° entre as bancadas de cilindros. O motor deveria ficar montado em posição central-traseira, e o carro seria usado para conseguir publicidade, por meio de corridas e recordes de velocidade.

Com o início da produção em série do Volkswagen, a ideia acabou colocada de lado por alguns meses. Até que, em agosto de 1939, três protótipos foram feitos pela carrozzeria Reutter – a mesma companhia que, dez anos mais tarde, seria encarregada de fabricar as primeiras unidades do Porsche 356. Os carros usavam o Fusca como base, sendo batizados Porsche Type 60 K10 – ou seja, era a décima versão de carroceria para o projeto Type 60, que era o código do Fusca. Ele também era chamado de Porsche Type 64 ou Aerocoupe.

A carroceria usava o projeto originalmente imaginado para o Type 114, com formas esculpidas em um túnel de vento. Daí seu perfil aerodinâmico, com para-lamas sinuosos e um cockpit estreito. O teto tinha caimento fastback e, visto de cima, o carro tinha leve formato de gota.

É inegável e indiscutível a influência que o desenho deste primeiro Porsche teve sobre os modelos seguintes, em especial o 356 – na identidade visual da dianteira e no contorno das janelas, por exemplo. O para-brisa era bipartido, e a traseira com um vigia oval e a grelha de admissão para o motor trazem o Fusca à mente – e, realmente, os dois não estavam tão distantes.

O motor boxer 1.5 acabou não acontecendo, mas a Porsche conseguiu preparar o motor 1100 do Fusca para entregar 33 cv. Era o bastante para atingir velocidades entre 130 km/h e 160 km/h, dependendo da configuração.

Foram feitos três exemplares entre agosto de 1939 e junho de 1940. O primeiro deles foi destruído em um acidente nos primeiros anos da Segunda Guerra Mundial – pelo que se conta, nas mãos de um oficial da SS.

Os outros dois permaneceram na família, para uso principalmente de Ferry Porsche, mas tiveram destinos diferentes. O carro nº 2 foi levado para um depósito em 1944, quando os Porsche precisaram exilar-se na Áustria para fugir da Guerra. Em 1945, com a Alemanha já ocupada pelos aliados, um grupo de soldados norte-americanos encontrou o carro. Eles cortaram fora o teto e abusaram do carro até acabar com o motor, mandando-o para um ferro velho quando não podia mais rodar.

O terceiro carro foi para a Áustria com a família Porsche, e seguiu sendo guiado por Ferry Porsche até 1949 – com direito a uma restauração realizada por ninguém menos que o estúdio Pininfarina. Depois, ele foi vendido para um homem chamado Otto Marthé, junto com os restos do carro destruído pelos norte-americanos.

Marthé participava de corridas de motos e carros desde 1929 – e foi em um acidente de moto que ele perdeu os movimentos do braço direito, passando a dedicar-se apenas aos carros de corrida. E foi assim, trocando as marchas e esterçando com apenas uma mão, que ele participou do Alpine Rally com seu Porsche Type 64, na França. Ele foi um dos 88 competidores a terminar a prova, realizada nas estradas nas montanhas dos Alpes Franceses, de 142 que largaram.

O Porsche Type 64 foi usado por Marthé pela última vez em uma corrida para carros clássicos em 1982. Depois disto, o carro foi guardado em um galpão, onde permaneceu até a morte de seu dono em 1995, aos 88 anos de idade. Dois anos depois, seus familiares o venderam a outro colecionador, Thomas Gruber, que mandou restaurá-lo em 1998. Ele é o carro verde que aparece na foto abaixo.

O outro carro – o que foi “reaproveitado” pelos norte-americanos – também acabou recuperado décadas depois. Ele é o carro preto, que atualmente fica exposto no Petersen Automotive Museum em Los Angeles, na Califórnia.

Talvez por ser uma espécie de projeto paralelo de Ferdinand e Ferry Porsche, o Type 64 não costuma ser muito exaltado pelas fabricantes, e nem pelos entusiastas. Apesar disso, sua importância para a construção da imagem da Porsche não pode ser subestimada. A própria Porsche reconheceu isto em meados da década passada, quando encomendou uma maquete em tamanho natural para o seu museu, em Stuttgart.