Fala, galera do Flat Out! Sou Elias Soares, dono do Project Car #87, o Fox 1.6 Turbo. Tenho 24 anos e sou de Fortaleza, fator que se torna um do maiores desafios para quem tem como paixão o automobilismo e modificação automotiva.
Assim como muitos de vocês, minha paixão por carros vem desde a infância, quando eu desenhava carros “super tecnológicos” com funções como uma “coisa que escaneava a foto do local que eu queria ir e dirigia o carro sozinho até lá”, hoje conhecido como carro autônomo. Pena o Google não ter me descoberto naquela época. Depois cresci, joguei muito Need For Speed, em especial o Underground 2 no qual fiz todas as combinações possíveis de carros.
Cresci e, como muitos, aos 18 anos tirei a habilitação para dirigir. Após um ano aprendendo no carro dos pais, ganhei meu primeiro carro, um Peugeot 206 1.4 que havia sido do meu irmão mais velho. No 206 eu adquiri realmente prática, aprendi algo de mecânica de tanto que precisei levá-lo a oficina, pois meu irmão nunca foi dos mais cuidadosos com manutenção. Aprendi também a gostar do automobilismo quando comecei a frequentar os Rachas Noturnos no nosso humilde Autódromo Virgílio Távora, e também me levou muitas vezes aos domingos para assistir às provas de arrancada.
Em 2010, diante dos inúmeros problemas do 206 e custo de manutenção chegando próximo a 30% do valor do carro, me vi obrigado a trocar de carro. Com isso, comprei o meu primeiro carro, que está até hoje comigo: um Volkswagen Fox Trend, equipado com motor EA111 1.6 que rende modestos 104 cv com etanol e entrega 15,6 kgfm de torque a meros 2.500 rpm — o que de cara me atraiu bastante. Fora a motorização, meu carro estava entre os mais completos, deixando a desejar apenas alguns mimos como teto solar, volante multi funcional e módulo de conforto.
Pouquíssimas modificações de performance foram feitas, apenas filtro esportivo K&N inbox e velas NGK Iridium foram colocados no motor, além de um abafador final livre com ponteira em 4” que rendia um ronco até que bonito.
Em 2012 decidi participar do meu primeiro Track Day, e para tal fiz melhorias principalmente no que afetaria sua estabilidade e dirigibilidade. O carro ganhou molas e amortecedores TAG, buchas em PU da AJ Buchas Especiais, discos e pastilhas de freio Power Brakes, fluido de freio DOT 5.1, um jogo de pneus Maxxis MAZ-1 195/55 (que eram excelentes, mas deixaram de ser fabricados) e uma pintura nas rodas para dar um charme.
Esse conjunto me rendeu naquele dia o tempo de 1:39.089, que me colocou em 16º dos 24 carros inscritos. Não é uma boa posição, mas é um tempo superior a de alguns carros notáveis como Focus com supercharger, Focus aspro, BMW 330i e outros, e bem próximo de uma BMW 535i. A lista completa dos tempos está abaixo:
Após este resultado, decidi que era aquilo que eu queria. Track days: a melhor forma de colocar à prova sua habilidade e a capacidade do seu carro. E nisso direcionei meu objetivo seguinte, que era uma preparação turbo alimentada.
Neste post não vou me aprofundar nos detalhes da preparação, e sim explicar o porque de três coisas que tomei como meta:
Ter um carro confiável
Simples: o Fox é meu único carro, e eu queria rodar nele todos os dias, com o minimo de limitações. Meu pé é pesado, isso significa que foram poucos os dias em que meu conta-giros não viu a faixa vermelha, e portanto o conjunto tem que suportar isso, além das centenas de quilômetros rodados toda semana.
Depender o mínimo possível de mecânicos e preparadores
Pode ser preconceito, mas eu acho que a maioria dos preparadores da minha cidade não tem conhecimento suficiente para fazer algo com qualidade sem ser na tentativa e erro, além de serem demorados e cobrar caro. Digo que acho, pois eu nunca fui cliente de nenhum deles, e nem pretendo ser. O único preparador que meu carro viu, foi meu grande amigo Carlos Dmitri, que me ajudou em todo o processo de escolha de peças, montagem e acerto do carro, e muito me ensinou e ainda ensina até hoje.
Fazer algo diferente
Na época que decidi turbinar o Fox, mexer em um EA111 ainda era coisa de outro mundo. Eram poucos os que haviam mexido neste motor, e muitos os que diziam que este motor era frágil, que não suportava preparação, que o coletor estoura, que o câmbio não aguenta. Enfim, inúmeras palavras desanimadoras. Então decidi fazer, para mostrar a todos que era possível. E não me arrependo.
Dado isso, o primeiro setup turbo do meu carro foi montado. Levou cerca de duas semanas, e conseguimos deixar o carro pronto às cinco da manhã, no domingo de Track Day.
Era o 11º ETF Trackday, 2012.1. Dormi algumas horas, fui na loja de auto peças comprar uma válvula de hidrovácuo para fazer papel de Clamper para o sensor MAP não ler pressão positiva. Corri, instalei no carro, e fui para a pista junto com o Carlos Dmitri, que fez o primeiro acerto do carro ali mesmo na pista.
O carro não estava perfeito, eu não virei tempo bom (1:42.820), mas eu estava feliz,por ter conseguido correr mais de 30 voltas com um carro recém-montado sem maiores problemas.
Alguns meses depois, o carro já estava melhor. Com o intercooler no lugar, acerto fino, me inscrevi novamente no ETF Trackday. Desta vez fui com um par de Toyo R888 na dianteira, e um par de Toyo Proxes 4 no eixo traseiro. Mais experiente, com mais confiança no carro, fiz então o tempo de 1:35.102 e corri um pouco mais de 60 voltas, provando que um carro turbo pode sim ser confiável no trackday e virar tempos bons. Na imagem abaixo você pode ver um pouco como estava o carro neste terceiro track day.
No meu próximo post, irei contar todos os detalhes da primeira fase da preparação turbo, a escolha das peças, os desafios e problemas que passei. Deixo vocês agora com os vídeos do meu ultimo trackday: o primeiro mostrando minha melhor volta, o segundo uma ultrapassagem a um Golf GTI e o terceiro mostrando que todo mundo comete erros.
Por Elias Soares, Project Cars #87