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Um Mazda Miata com um V6 de Jaguar? Conheça o incrível Rocketeer MXV6

Nosso País, como todo mundo aqui sabe, é cheio de problemas. Um deles é o fato de os brasileiros não poderem comprar o Mazda MX-5 Miata. O pequeno roadster japonês é conhecido por ser um dos esportivos mais legais já feitos, com baixo peso, tração traseira, suspensão independente nas quatro rodas e potência na medida certa para ser amigável com os novatos e recompensar os mais experientes.

Algumas unidades da primeira geração foram importadas para o Brasil no início dos anos 1990 e de vez em quando aparecem à venda, mas o pessoal lá fora é que tem sorte: nos EUA, na Europa e no Japão é bem fácil encontrar um exemplar íntegro e funcional do Miata de primeira geração, custando pouco pronto para curtir – ou para ser transformado em um project car. E é exatamente sobre esta segunda possibilidade que viemos falar hoje.

O Miata de primeira geração (NA), fabricado entre 1989 e 1997, vendeu mais de 400.000 unidades em oito anos. Até 1993 o motor era um quatro-cilindros de 1,6 litro e 116 cv, que em 1993 foi substituído por um motor 1.8 de 130 cv. Parece pouca potência para um esportivo, mas todo fã do Miata sabe que, no caso dele, a potência é mera coadjuvante. O segredo está mesmo no acerto de suspensão, no baixo peso – 940 kg em ordem de marcha na primeira geração – e, mais importante ainda, na distribuição de peso perfeita entre os eixos dianteiro e traseiro, com 50% da massa do carro sobre cada.

Então, a princípio, parece uma má ideia colocar um motor maior e mais potente no Miata NA, estragando o equilíbrio natural do carro. Mas e se este motor maior e mais potente tiver praticamente o mesmo peso do quatro-cilindros original?

É esta a ideia do projeto Mazda MX-5 Rocketeer, criado pela empresa britânica Rocketeer Ltd. Ela surgiu quando um britânico chamado Bruce Southey pensou em dar um pouco mais de potência ao seu Miata (como acontece com muitos donos do roadster, aliás), mas não queria partir para um projeto turbinado e nem colocar no conversível um V8 Chevrolet, como os norte-americanos fazem. Ele procurava uma receita que fosse mais fiel à personalidade britânica do Miata – que, afinal, era inspirado nos roadsters esportivos que foram populares no Reino Unido dos anos 60. E foi assim que eles resolveram colocar nele um V6 Jaguar, todo de alumínio, que tem praticamente o mesmo peso do quatro-cilindros original: 140 kg, contra 136 kg do motor 1.6/1.8 com bloco de ferro fundido.

O pessoal do Car Throttle está tocando um projeto desses – no vídeo abaixo é documentada a instalação do motor V6 no Miata, e o carro é ligado pela primeira vez com o novo motor

O V6 em questão é a versão da Jaguar para o Ford Duratec V6 da Ford, chamada AJ-V6. É um fruto da época em que a Ford era dona da Jaguar. A versão da Ford foi apresentada em 1993 no Mondeo, com 2,5 litros, comando duplo no cabeçote e 177 cv. A versão da Jaguar foi introduzida em 2000, com deslocamento ampliado para três litros (aumentando o diâmetro dos cilindros de 82,4 mm para 89 mm e mantendo o curso dos pistões em 79,5 mm). Os engenheiros da Jaguar deram ao motor um sistema de comando de válvulas variável. No sedã de luxo S-Type, fabricado entre 1999 e 2007, o V6 3.0 entregava 243 cv e era instalado em posição longitudinal.

E também havia uma versão da Mazda, que até hoje guarda estreitas relações com a Ford, usada no sedã Mazda6 e na minivan Mazda 2000. Tecnicamente está tudo em casa e, ao se dar conta destas características do V6 da Jaguar e de sua relação indireta com a Mazda, Southey percebeu ter encontrado a solução perfeita.

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As dimensões do motor V6, bastante contidas, exigiram a fabricação de um subchassi sob medida apenas para acomodar os coletores de escape do motor, que não tinham espaço com o subchassi original; além de novos suportes e uma flange para o câmbio original do Miata, que é perfeitamente capaz de suportar a potência e o torque extras – no caso deste último o aumento é de 15,1 mkgf para 29,8 mkgf. Molas, amortecedores e o diferencial traseiro originais são mantidos. Faz sentido, especialmente quando o que se quer é a experiência de conduzir um Miata clássico com força extra. Afinal, o peso do carro quase não muda.

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O carro com pintura holográfica que aparece nestas fotos é o primeiro protótipo da Rocketeer, a empresa que Southey abriu para colocar em prática o plano de vender o kit de conversão, com subchassi, flange e suportes feitos sob medida para o motor, além de um par de coletores de admissão  de fibra de carbono, uma embreagem reforçada e uma nova ECU, feita sob medida para fazer o motor “conversar” com a eletrônica original do Miata.

O protótipo foi testado pelo pessoal da Autocar, que em termos de agilidade comparou o carro com o Porsche Cayman. As duas características-chave do Miata com motor V6, segundo a publicação, são a entrega imediata de força, que não ocorre nos projetos com motor quatro-cilindros turbo; e a dinâmica original preservada pelo peso do motor – um Miata com motor V8 small block fica com a dianteira pesada demais, o que existe reforços na suspensão e também desequilibra o comportamento do roadster nas curvas.

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O kit é oferecido pela Rocketeer por £ 5.995, o que dá cerca de R$ 24.000 em conversão direta. Não é barato se considerarmos que, no Reino Unido, um Miata de primeira geração em bom estado pode ser comprado por menos de £ 1.000 (pouco mais de R$ 4.000). Por outro lado, quem está pensando em comprar um Miata, colocá-lo na garagem e fazer todo o trabalho sozinho – algo encorajado pelo próprio Southey – provavelmente não se preocupa muito com isto.

Sugerido pelo leitor Victor Xavier. Valeu, Victor!