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Car Culture

Um Palio em Nürburgring? Falamos com o dono do carro – veja a história!

Aconteceu de novo: um carro brasileiro foi flagrado acelerando pelo Nordschleife de Nürburgring. A gente já viu essa história com o Gol 7×2 em 2019 e, mais recentemente, com a Brasilia com placas brasileiras, no ano passado. Agora, o carro avistado no lendário Karussell foi uma máquina de origem italiana, vermelha como toda grande máquina italiana, um… Fiat Palio Fire 1.0!?

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Sim, um brasileiríssimo Fiat Palio Fire 1.0, com motor flex de 66 cv no território dos supercarros, no país das Autobahnen. E é claro que nós precisávamos descobrir como ele foi parar lá — na Alemanha e em Nürburgring —, então fizemos o óbvio: procuramos o proprietário e conversamos com ele.

Gol G2 em Nürburgring: falamos com o dono do carro – veja a história completa!

Seu nome é Lucas Toledo, um brasileiro que vive há sete anos na Alemanha, mais precisamente na vila de Rosstal, em Fürth/Baviera, próximo a Nuremberg. Ele conta que já conhecia a história dos outros carros brasileiros na Europa e também acompanhava a saga de outros modelos que foram levados para os EUA. Um de seus sonhos era dirigir um carro brasileiro por lá, como segundo carro e, por isso, começou a procurar um expatriado a venda pela Alemanha.

O carro na loja alemã

Sua primeira opção, contudo, era outro modelo — um modelo que não poderia ser mais diferente de um Palio: um Mercedes-Benz 220E C124 de 1993, que seria seu carro para curtir os fins de semana ao volante. Logo no início da busca por um carro brasileiro, Lucas encontrou um Palio a venda em Bremen, coincidentemente a cidade onde sua irmã mora e onde ele se encontrava visitando-a. “O Palio foi o primeiro carro que eu encontrei. Eu queria um carro brasileiro, algo simples, para eu aprender a mexer, a fazer a manutenção básica”, conta.

Na mesma hora em que viu o anúncio, Lucas entrou no carro da irmã e foi ver o Palio. O vendedor não estava no local no momento, então ele precisou voltar no dia seguinte. O carro estava impecavelmente novo, com alguns furos no acabamento, mas sem desgastes de uso ou quaisquer outras imperfeições. Ele tinha apenas 27.000 km rodados e ainda tinha os pneus Goodyear GPS originais, fabricados no Brasil. O preço? 2.700 euros.

É um preço baixo por um carro, especialmente por um carro 2006/07 com uma quilometragem tão baixa e naquele estado de conservação — praticamente zero-quilômetro. A negociação foi dura — o vendedor era turco, um povo conhecido historicamente pela habilidade comercial —, mas, no fim, Lucas levou o carro por 2.300 euros, pouco mais de R$ 12.000 em conversão direta.

Após adquirir o carro, Lucas se aprofundou em sua história: ele foi importado pela Shell Global Solutions para ser usado em testes com o motor flex. O carro foi comprado no início de 2007 na concessionária Itavema, em São José dos Campos/SP, e chegou à Alemanha em março daquele mesmo ano. Foi na Shell que ele acabou tendo algumas peças de acabamento interno perfuradas para afixação do equipamento de testes. Depois de quase seis anos, o carro foi vendido para seu segundo proprietário, um senhora alemã que o registrou em fevereiro de 2013 e o usou por dois anos, até vendê-lo a Kamerran Anur, o vendedor de carros que colocou o Palio na internet — e quando ele ganhou notoriedade pela primeira vez.

Depois de arrematar o carro, Lucas solicitou uma placa temporária para levá-lo de volta a Rosstal, uma viagem de aproximadamente 600 km. Como os pneus ainda eram originais, por questão de segurança, Lucas trocou o conjunto por um novo da mesma marca e seguiu para casa.

Em Rosstal, Lucas começou a fazer o que pretendia: comprou o conjunto de correias do carro que foram trocadas por um mecânico local e, depois, e se pôs a praticar a arte da mecânica na garagem de casa trocando a bomba de combustível e o filtro de ar do carro. “O engraçado é que eu comprei a bomba pelo número da peça original e achei esse conjunto aqui na Alemanha. Ele é usado em vários carros, e é um produto importado do Brasil. Fabricado pela Bosch no Brasil e exportado para a Alemanha”, conta.

Com a revisão pós-compra feita, Lucas começou a usar o carro aos finais de semana — sua esposa alemã adora o carro e sempre o dirige. Foi em uma destas escapadas que ele decidiu levar o carro até Nürburgring. Lucas já havia estado lá antes, porém com seu Opel Mokka (o primo alemão do Chevrolet Tracker de segunda geração), e decidiu fazer a viagem de 400 km com o Palio para colocá-lo no circuito — o que fez dele o quarto carro brasileiro por lá, segundo nossas contas (os outros foram um Voyage, um Gol e uma Brasilia).

Sendo um carro 1.0 com 66 cv, as voltas no Nordschleife foram um verdadeiro passeio. “Fiquei o tempo todo na direita para não atrapalhar os Porsches e esportivos de 500 cv e cheguei, no máximo, a 120 km/h”, conta. Lucas também diz que decidiu levar o carro a Nürburgring somente pela experiência e diversão de dirigir um carro brasileiro no circuito.

Morar na Europa e desejar um carro brasileiro —  e realmente comprá-lo — parece um contrassenso para quem vive no Brasil e sonha em ter os carros disponíveis na Europa, que nunca foram oferecidos por aqui. Mas Lucas conta que é um desejo que faz sentido, mas que é só quem mora fora do Brasil que sabe explicar — e os carros brasileiros levados por brasileiros ao exterior são uma prova disso.

Depois de Nürburgring (a viagem foi no último dia 25 de junho), Lucas agora usa o carro como laboratório para seu aprendizado em manutenção de motores — algo de que sempre gostou, mas nunca aprendeu de fato. Considerando que o carro foi para a Alemanha com essa missão, parece um destino justo, não?


Para compartilhar as aventuras do Palio na Alemanha, Lucas fez o instagram — você pode acompanhar as novidades do carro por lá. Por aqui, agradecemos ao Lucas por compartilhar a história com a gente. Valeu, Lucas!


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