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Project Cars Project Cars #196

Um Subaru Impreza WRX feito por conta própria – a história do Project Cars #196

Eae, pessoal! Meu nome é Leonardo Baggio, sou de São Paulo, analista de sistemas e proprietário de um Subaru Impreza GL 1994. Ao longo do meu Project Cars, pretendo contar como que uma ideia despretensiosa de comprar um carro para uso diário acabou se tornando em um projeto de grandes proporções, os percalços que ocorreram, e um pouco do que aprendi nesse meio tempo.

Assim como muitos de nós leitores do FlatOut, tenho uma grande fissura por automóveis desde pequeno. Sempre passava horas lendo e pesquisando sobre modelos que já foram fabricados, seus dados técnicos e, com a popularização da internet, baixando fotos e vídeos do gênero.

Apesar do hobbie, meu conhecimento em mecânica não progrediu na mesma vertente. Não por falta de esforço, mas sim por simplesmente não saber nem por onde começar, e é claro, por falta de experiência na área. Lembro que quando era mais novo, fiz piada algumas vezes dizendo que compraria um Subaru e estudaria mecânica para conseguir mante-lo. Digamos que a história foi quase assim…

 

O primeiro Subaru

Era início de 2013 e estava na hora de ter um carro novamente. A experiência com meu primeiro carro havia sido no mínimo mal-sucedida — meu excesso de confiança e inexperiência ao volante tornou o que deveria ser o meus momentos de glória em um grande transtorno, com direito a pequenos acidentes e suspensão da CNH.

Tudo isso claro, contribuiu para que eu fosse presenteado com o status de personna non grata nas seguradoras, portanto as principais características desse novo carro, que não contaria com seguro, deveriam ser: Baixo índice de roubo; Manutenção e peças baratas; Bom custo beneficio e, se possível, um certo estilo.

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Com o orçamento limitado à R$12 mil, e muita má influência(no bom sentido) dos amigos gearheads, não demorou muito para que eu abrisse mão do fator “Peças e manutenção barata”, e logo as buscas partiram para carros japoneses da década de 90. Afinal de contas, ja gostava do estilo “JDM” e sabia que grande parte dos modelos a venda possuíam versões mais interessantes lá fora, quando não irmãos maiores, que poderiam servir como fonte para possiveis upgrades. Na lista entraram os Honda Civic Coupé e Hatch, Honda Accord, Mitsubshi Galant, Mitsubish Lancer, Toyota Corolla, e Subaru Impreza.

De certo modo frustrado com o estado dos carros que encontrava nessa faixa de valor, eis que recebo um link de um amigo que levava ao anuncio um Impreza GL 2.0 4×2 1998 Prata, aparentemente em bom estado, em uma loja localizada na mesma rua que morava! Na hora imaginei que essa coincidência não seria à toa, pois meu velho plano de ter um Subaru era pra se concretizar. Liguei para o vendedor, fui ver o carro no dia seguinte e foi paixão à primeira vista! Em menos de uma semana estava com ele.

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O carro não estava perfeito, mas o estado de conservação do interior e da lataria eram otimos. A a parte mecânica parecia estável e, apesar dos seus 167.000 quilômetros, se mostrou disposta para encarar os engarrafamentos e demais situações do cotidiano, o que garantiu que eu curtisse um pouco o carro antes de parar na oficina para dar uma geral.

 

Um pouco sobre o Subaru Impreza GC/GF

A partir do momento que adquiri o carro procurei me aprofundar mais sobre a marca. Explorando o conteúdo disponível em alguns sites como o ClubeSubaru, NASIOC e RS25, descobri muita coisa interessante sobre a plataforma GC/GF — sigla utilizada para designar o Impreza de primeira geração(1993 à 2000), sendo GC para as versões Sedan/Coupé e GF para a versão wagon.

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Esta sigla é geralmente acompanhada por uma numeração, onde a combinação GC8 é utilizada com maior frequëncia, e representa a versão do Impreza com motorização dois litros EJ20 e transmissão integral. Uma pesquisa pelo termo GC8 no google ou eBay é o suficiente para encontrar uma infinidade de peças, informações e projetos interessantes mundo afora.

No Brasil, foram comercializadas oficialmente três modelos:

  • GL: a versão mais comum, com motorização 1.6, 1.8 e 2.0 aspirada, com versões de tração dianteira e integral;
  • GT: motorização 2.0 turbo, tração integral, suspensão mais rígida e visual mais agressivo, com os famosos faróis de milha, aerofólio e entrada de ar no capô, sendo esta a versão equivalente ao WRX do Japão, porém rebatizado para venda no mercado Europeu e no Brasil.
  • RX: esta versão trazia o visual esportivo da versão GT porém com motor 2.0 aspirado, tendo poucas unidades vendidas por aqui.

PC196 (06)Além disso, desde o seu lançamento o Impreza GC recebeu algumas modificações estéticas, mantendo a mesma carroceria. Portanto, é comum encontrar alguns modelos com aparência diferente dependendo do ano de fabricação.

A geração posterior (GD – 2001 à 2007), recebeu uma reformulação completa de visual e chassis, e foi vendido no Brasil básicamente na versão turbo WRX, tendo poucos exemplares aspirados. Outro ponto interessante é que a mecânica é compatível com o GC, sendo possivel por exemplo realizar swap de motor, transmissão e ECU. Como esse modelo foi vendido em uma quantidade até razoavel, não é muito difícil encontrar exemplares a venda em desmanches e sites especializados.

 

Os primeiros planos

Tendo noção do potencial do carro, das opções de modificação e da infinidade de coisas bacanas pra se comprar no eBay, comecei a traçar alguns planos para o carro, que seriam executados assim que eu deixasse tudo em ordem na parte mecânica.

Depois de centenas de vídeos, imagens, textos.. já não fazia mais tanto sentido ter um Subaru com tração dianteira, com visual sobrio e quase apagado na cor prata.

Logo estabeleci algumas metas de modificação do meu carro, entre elas, estavam a conversão do carro para AWD, instalação do kit visual do GT, preparação do motor e pintá-lo na cor Rally Blue Pearl, como na versão mais rara do Impreza, a 22b:

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Bom, os três primeiros itens são relativamente fáceis ou baratos de se adquirir. A conversão da tração, por exemplo, é algo simples de ser executado, pois os modelos de tração dianteira não apresentam diferenças nos chassis em relação aos modelos de tração integral, não sendo necessárias maiores adaptações.

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Seria preciso a troca do câmbio, do tanque de combustível, instalação do cardã, diferencial traseiro, semi-eixos e quadro traseiro. Todas essas peças são frequentemente encontradas em desmanches, ou em kits pela internet, com preços variando de R$2.000 à R$3.800.

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O visual do GT exigia um pouco mais de busca, mesmo assim é possível encontrar desde peças usadas ou até kits de fibra de vidro feitos nos moldes dos originais. Já a pintura e a preparação era algo mais delicado, principalmente porque exigia um alto investimento.

Tendo em mente todas essas possibilidades, era necessário antes de mais nada, voltar à vida real e deixar a casa em ordem. Até porque não haveria sentido investir um centavo em qualquer coisa sem estar com a manutenção em dia.

 

As primeiras surpresas…

Após alguns dias, levei o carro à um mecânico de importados que conhecia e pedi que fosse feita uma avaliação completa para avaliar “riscos imediatos”. Saí de lá com uma lista de coisas que era bom trocar, e uma certa preocupação, principalmente relacionado ao preço das peças. Completamente novo no ramo das jabiracas japonesas, eu fui pego desprevenido com um orçamento de quase R$5.000,00.

Assim que recuperei o fôlego, pedi pra que fosse elencado o que era mais urgente, para criarmos um passo-a-passo do que faríamos com o carro. Não iria abrir mão de todos os reparos, porém não tinha condições de investir quase 1/3 do que havia pago veículo em manutenções naquele momento.

Entre os problemas identificados estavam alguns itens na parte de suspensão, freios, embreagem, correias e caixa de direção. Alem disso, o mecânico comentou que a bomba d’agua apresentava um leve vazamento, mas nada grave.

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Enquanto aguardava o orçamento das peças, resolvi fazer uma viagem para o litoral de São Paulo e lá descobri que aquele pequeno vazamento na bomba d’agua estava acompanhado de um problema grave no sistema arrefecimento, que não foi possivel diagnosticar utilizando o carro na cidade. Alguns minutos de distração ao volante, foram o bastante para eu não perceber que o carro começou a ferver. Não demorou muito pra a mangueira do radiador estourar e o passeio acabar mais cedo.

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Chegando em São Paulo, levei o carro até uma oficina especializada em veículos Subaru e foi constatado que a junta de cabeçote tinha ido pro espaço e seria necessário realizar a retifica do motor e a troca de alguns componentes. Obviamente o custo da brincadeira era consideravelmente alto.

Naquele momento, um misto de arrependimento por ter sido negligente e dúvida sobre o futuro do carro tirava meu sossego, afinal de contas, isso atrasaria ainda mais meus planos para o carro. No estado que ele se encontrava, só conseguia leva-lo até a esquina para dar uma ducha.

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Comecei então a fazer todo o tipo de pesquisa e cotação possível para avaliar qual seria a melhor alternativa para conciliar a resolução do meu problema imediato, que era fazer o carro voltar a andar, com meus planos de fazer um upgrade de performance.

 

O Project Car

Passado alguns meses, e ainda sem resolver o problema do carro, acabei encontrando uma pessoa em uma situação bem parecida com a minha. Alem de compartilhar o primeiro nome, e o sonho de ter um Impreza preparado, o amigo Leonardo Melone também precisava dar um destino para o carro.

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O Impreza GL 1994 1.8 dele ja tinha passado por boa parte das modificações que eu tinha em mente, incluindo o visual da versão GT, instalação de uma turbina de WRX e a tão sonhada pintura Azul Rally, fora o fato de ser originalmente 4×4.

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Porém, morando no interior do Espirito Santo, com dificuldades para encontrar peças e acertar a instalação do turbo, o seu projeto estava inacabado. Alem disso, o valor do litro do álcool absurdamente caro onde morava. Mesmo concluindo o projeto, ele precisaria de algo mais civil, pois era o único carro dispunha para utilizar no trabalho.

Totalmente fascinado pelo projeto, passei alguns dias fazendo as contas e acabei propondo uma troca: ele ficaria com meu carro, já com as juntas trocadas, e uma diferença em dinheiro. E ele me traria seu carro até São Paulo, no estado em que se encontrava.

Mesmo relutante com a ideia de se desfazer do carro, dado todo o trabalho desempenhado até então, conseguimos chegar a um acordo e fechamos negócio. Depois de alguns dias e vários tanques de alcool, o carro estava aqui. E eu, com um sorriso de orelha a orelha, já não tinha mais um daily car…

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Apesar de estar sem acerto, com escapamento furado e um pouco mais rebaixado do que imaginava, o carro se locomovia razoavelmente bem e até assustava alguns desavisados com  os espirros da válvula de alívio, quando não, alguns pipocos por conta da mistura de combustível extremamente gorda.

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Analisando a história até aqui, pode até parecer que isso facilitou a minha vida e pulei uma etapa enorme adotando um projeto de um terceiro. Mas com o odômetro marcando por volta de 245.000 km, acerto do turbo por fazer, era de se esperar que o carro ainda daria muito trabalho pra ser concluído.

Alem de deixar tudo em ordem, novos objetivos entraram no projeto, como por exemplo:

  • Otimizar o consumo de combustível e explorar a potência que poderia ser obtida do conjunto com a instalação de uma injeção programável.
  • Instalar novos bancos, instrumentos de medição e restaurar o interior do carro, pois apresentava muito desgaste por conta da idade.
  • Trocar a suspensão e os freios por alternativas mais adequadas a performance, pois ainda estavam sendo utilizadas os originais
  • Remover algumas peças “tuning” e instalar peças originais das versões WRX/STI importadas do Japão
  • Rodas maiores, originais da subaru de alguma versão GT ou WRX

Com o passar do tempo, consegui cumprir com boa parte das metas, e infelizmente, mais surpresas surgiram. Meu conhecimento em mecânica melhorou bem pouco, mas o suficiente pra tomar decisões mais sóbrias.

Por hoje fico por aqui, nos vemos nos próximos capítulos. Um abraço!

Por Leonardo Baggio, Project Cars #196

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