Apesar de ter sido considerado a salvação dos esportivos old school há uns dois anos, quando foi lançado, o Subaru BRZ (ao lado de seu irmão gêmeo, o Toyota GT86) não é exatamente um esportivo que esbanja potência — há até quem diga que os 200 cv dele não são o bastante, e que seu boxer de dois litros bem que merecia um turbocompressor.
Mas isso não é um problema, afinal, são carros relativamente baratos, de mecânica descomplicada e potencial para aguentar muito mais potência. Não é à toa que versões bem básicas, com para-choques pretos e rodas de aço, são vendidas no Japão para equipes de corrida e drifting — aqueles caras que já vão colocar o carro no elevador e fuçar nele antes mesmo de amaciá-lo.
A gente andaria com ele assim mesmo
E foi exatamente isto que fez. Os caras são conhecidíssimos na cena tuning japonesa mas nem tanto fora dela, o que é uma pena, pois seus projetos conseguem juntar visual bacana, porém totalmente funcional, com mecânica de primeira de uma forma que poucos fazem. Olha só o BRZ “Ninja” dos caras:
Foto: Dino Dalle Carbonare/Speedhunters
Bacana, não? Para-choques original, para-lamas sem alargadores — apenas um kit aerodinâmico com difusor dianteiro, saias laterais e aerofólio traseiro, um novo capô e a pintura amarela com alguns adesivos de patrocinadores. Tudo funcional, discreto e de bom gosto. Mas é abrindo o capô que está a surpresa:
Isto, amigos, é um V8 de 2,4 litros. É um motor compacto, feito usando dois motores de 1,200 cm³ da Kawasaki Ninja unidos pelo virabrequim. Os caras da Synergy, empreza neozelandesa que desenvolveu o motor, usaram um virabraquim plano (como nos V8 Ferrari e no novo Shelby GT350) de aço billet e pistões forjados para criar um monstrinho de 367 cv a 10.680 rpm e 27,3 mkgf de torque a 7.970 rpm, com corte de giro a estratosféricos 11.600 rpm! Olha só o ronco do bicho no dinamômetro:
Para melhorar as coisas, este motor possibilita um swap do tipo plug and play para o BRZ/GT86. A Synergy desenvolveu o motor, que é compacto e leve (pesa 30 kg a menos que o boxer do Toyobaru), para kit cars. Contudo, eles decidiram criar uma versão especialmente para o esportivo japonês, com todos os pontos de encaixe compatíveis com o cofre do Toyobaru e um módulo MoTec M150 calibrado para trabalhar automaticamente em conjunto com os sistemas eletrônicos originais do carro, incluindo controle de tração, estabilidade e freios ABS.
Eles desenvolveram até uma flange, que é incluída no pacote, para acoplar o motor à transmissão manual original do BRZ sem problemas — só é preciso alterar as relações para trabalhar com o alto regime de rotações do motor. Caso contrário, o carro chegará aos 240 km/h em terceira marcha…
O motor é minúsculo, tem o centro de gravidade mais baixo e, claro, tem 167 cv a mais do que o original do Toyobaru. Por isso, o carro da JUN ganhou novos freios maiores, com discos ventilados e slotados na dianteira e na traseira, além de um kit de suspensão ajustável da Zeal e pneus Yokohama Advan A050 de medidas 265/35, calçando rodas Advan Racing GT de 18×9,5 pol nos quatro cantos — conjunto ajustado para disputar provas de time attack nos circuitos de Fuji e Tsukuba, no Japão.
Por dentro, porém, a JUN quis que o carro mantivesse toda a sua funcionalidade para uso nas ruas — o que significa que o carro só recebeu um par de bancos concha da Bride, cintos de competição para o motorista e um conta-giros da Synergy que marca 13.000 rpm e se encaixa perfeitamente no lugar do original.
Foto: Dino Dalle Carbonare/Speedhunters
O carro só ficou pronto recentemente e quase não há videos dele em ação na pista. Mas, se você quer vê-lo em movimento, a revista japonesa Option fez um curta com o carro — dá para ter uma noção do ronco e da velocidade:
O BRZ pode até ter orgulho do seu boxer, mas seríamos hipócritas se não admitíssemos que este V8 — que custa o equivalente a R$ 200 mil, acertado e pronto para instalar — faz maravilhas com o Toyobaru.