Estamos de volta com mais um Best of Project Cars e no episódio de hoje vamos relembrar a história da Kombi preparada para as pistas (sim, a frase está certa!) do leitor Plautos Lins.
O início
A história da Kombi começa em 2011, quando Plautos procurava um utilitário de baixo custo e topou com a van da Volks, que era a mais barata do mercado na época. O problema é que Plautos manteve suas expectativas um pouco elevadas a respeito da Velha Senhora. O volante tinha mais folga do que ele esperava e havia um limitador de velocidade indesejado. A suspensão também não era das mais firmes e o desempenho do motor não parecia ser algo produzido por um motor 1.4.
Felizmente a solução era simples.
O projeto
Plautos começou a resolver os problemas instalando catracas na suspensão dianteira para rebaixar o carro e ganhar alguma estabilidade em curvas. O problema é que ao rebaixar a Kombi a geometria da suspensão mudou completamente a ponto de esfolar os pneus, como ele mesmo disse em seu post. As rodas também pegavam nas caixas de roda e para resolver foi preciso mudar o ângulo dos terminais de direção, inverter a posição do amortecedor da suspensão e gastar um bom tempo subindo e descendo a Kombi no elevador até achar o ponto certo.
Depois foi a vez da direção que, além da folga, também era pesada. Uma busca na internet e voilà: um sistema de direção hidráulica foi comprado e instalado. A folga do câmbio foi solucionada com um Short Shifter da Empi e ficou tão bom que deu até para começar a fazer punta-tacco — depois que o acelerador ganhou uma extensão para ficar mais próximo do pedal do freio.
O painel de instrumentos peladão foi trocado por um do Gol G4, pois o formato interno era o mesmo e, aparentemente, seria uma instalação plug n’ play. Como Plautos descobriu, não foi bem assim. Conta-giros e termômetro do motor funcionaram legal, mas o velocímetro estava completamente errado. Felizmente bastou instalar um divisor de sinal e tudo ficou ok.
O motor
O motor 1.4, ainda que seja moderno e injetado, é acertado para ter mais torque em baixas rotações. Seu corte de giros acontecia às 5.500 rpm e em quarta marcha (a última, vale lembrar), o corte era feito em 4.500 rpm, o que limitava a velocidade a 130 km/h.
A solução mais simples foi encontrada em algumas horas diante do computador: retirar o limitador eletrônico e trocar a coroa e pinhão do câmbio pelos do Gol a ar de primeira geração, que usam uma relação mais longa que a da Kombi. Um novo comando de válvulas também resolveria a questão do torque em baixa. No fim das contas, contudo, Plautos decidiu aumentar o deslocamento do motor para 1,6 litro e retrabalhar o cabeçote e o escape.
O resultado ficou excelente, como contou Plautos. O torque ficou mais adequado mesmo com a relação final alongada, e a Kombi foi muito além dos 130 km/h em descidas e cones de ar.
Deixando o carro “na mão”
Para melhorar o controle sobre a Kombi com o novo motor, Plautos instalou o banco do motorista do Polo GTI, com os apoios laterais mais pronunciados, um sistema de freios mais eficiente e novas rodas, também do Polo GTI. A instalação delas não foi das mais fáceis, afinal a Kombi usa pontas de eixo dos anos 1940.
No processo de adaptação, ele aproveitou para instalar barras estabilizadoras de Empi para otimizar a dinâmica imperfeita da Kombi.
Colocando a Kombi na pista
Com a Kombi pronta Plautos colocou o pão de forma na pista: dois track days, um em Curitiba e outro em Brasília. Foi mais por curtição do que para fazer tempos.
Nos dois eventos Plautos acabou na lanterna da tabela, mas você não esperava algo diferente disso com uma Kombi, não é mesmo? No fator diversão, por outro lado, é provável que ele tenha sido quem mais se divertiu naqueles dias.
Um carro família e a conclusão do projeto
Como a Kombi jamais seria um carro adequado para as pistas, Plautos decidiu aposentá-la e transformá-la em um carro mais família. Os bancos, portas e painel foram revestidos com o tecido Laguna dos antigos GTI da Volkswagen, e até mesmo um sistema de ar-condicionado foi instalado. Nos dutos de distribuição do ar-condicionado, Plautos aproveitou e instalou um sistema de iluminação para clarear as coisas nos bancos de trás.
Depois vieram vidros elétricos, travas elétricas, alarma e um rádio VW original com conectividade Bluetooth. Praticamente uma Kombi GLSi, para usar a nomenclatura clássica da marca.