Olá pessoal. Me chamo Paulo Alberto Júnior, sou empresário, doente por carros e motores nas horas vagas e, bem… esta é minha quarta tentativa de escrever sobre o meu projeto! Portanto, serei breve.
Sinceramente, não tenho certeza de onde vem minha paixão por carros, motores, preparação e afins – mas acredito que seja algo relacionado ao meu falecido pai. Infelizmente, não tive muito tempo de convivência com ele, mas uma das poucas recordações que tenho são as brincadeiras com um carrinho de rolimã de madeira bem completo, que tinha carenagem, freios e tudo mais. Talvez daí também tenha vindo a minha vontade de construir as coisas…
O carro e o passado
Meu primeiro carro turbinado foi um sedã Marea Turbo. Costumo dizer que há dois grupos de pessoas: os que amam o MT (iniciais do modelo) e os que odeiam – sendo que este último parece ser absurdamente maior. Adquiri este carro com pouco conhecimento de mecânica e nenhum de preparação: sabia apenas que ele era uma “bomba” e que seria necessário um dono cuidadoso e de um bolso farto. Eu só não preenchia o último requisito…
Não há como não se apaixonar pelo ronco do Fivetech, pela colada no banco durante as aceleradas, e pelos olhares raivosos dos populares! Graças a ele aprendi profundamente sobre motores, injeções, preparação e tudo deste mundo graxeiro, além de fazer amigos do meio e participar do CDM (Clube do Marea). Foi com este carro também que perdi a noção da realidade. Tudo começou com um chip para 240 cv – que acabou levando ao óbito minha turbina, ainda original, com 120 mil km rodados. Mas meu sistema nervoso já estava viciado e entoxicado – precisava de mais cavalaria.
Foi então que veio a receita que me deixou feliz por muito tempo: turbo Biagio 56/58 mm, bicos de 60 lbs, embreagem e escapes dimensionados, sistema de injeção Megasquirt e blocante no diferencial. Isso me rendeu incríveis 450 cv no motor com 100% de DC nos bicos a 4 bar iniciais. A parte de baixo do motor era 100% original e ele resistiu por cerca de 10 mil km assim, girando 8 paus com frequência e deixando para trás.
Em paralelo a isso, a brincadeira séria já havia começado: juntava as peças para o meu sonhado projeto capaz de acelerar com motos esportivas. A meta era atingir 750 cv na roda com preparação pesada, nível gringo. Mas minha felicidade foi interrompida por um tiozinho meio xarope que cruzou a minha preferencial – e com a perda do Marea, vendi 70% das peças e comecei a pensar em comprar uma moto estradeira e sossegar de vez.
Mas sabia que isso não iria acontecer. Em uma rápida viagem com um amigo especializado em acertar carros, principalmente Marea Turbo, tive a oportunidade de andar em uma perua de 600 hp. Não teve jeito: a toxina voltou de vez e uma semana depois estava com uma na minha garagem – é a perua da esquerda na foto abaixo. A da direita é a de 600 hp.
A perua e o presente
Digamos que eu adquiri o sonho de todo apaixonado por Marea: uma Weekend Turbo na cor Vermelho Alpine, com teto solar, air bags laterais e bancos elétricos, super rara e de um dono bastante cuidadoso. Com isso, recomeça a saga de reunir as peças e executar o sonhado projeto. No meio disso tudo, conheço o tal do Track Day – e aí, meu amigo, ferrou de vez. A princípio, queria algo só voltado para rolling starts (puxadas realizadas com largada em movimento), velocidade final. Mas para fazer algo capaz de brincar em autódromo é necessária outra filosofia, outros componentes, é outro mundo. Apesar disso, alguns resquícios do antigo projeto restaram, como a vontade de passar dos 700 cv, ainda que isso não seja o melhor para o propósito. Mas enfim, estou fazendo um carro para mim e sei que dificilmente andarei junto dos ponteiros.
O que esperar?
Primeiro, torço que eu fique vivo – pois já tem gente querendo a minha cabeça. Explico: tudo que tornava meu carro raro caiu fora – bancos, air bags, teto solar, interior, etc. Só restou aquela bunda saliente da Weekend e a cor!
O que temos? Suspensão coil over importada, BIG brakes da Wilwood com pinças de seis pistões na dianteira, barras estabilizadoras dianteira e traseira da Eibach, barras estruturais da Ultra Racing, rodas aro 18 Enkei RPF1 com pneus slick de 285 mm, buchas importadas, componentes forjados no motor com 2,5 litros, turbo roletado com rotor billet, sistema de nitro de última geração, injeção de competição, bancos e cintos homologados, sistema de cárter seco, roll cage, alívio de peso e mais centenas de detalhes e peças que tornariam este texto gigante. 99% da lista já adquirida, faltam apenas alguns detalhes para iniciarmos a montagem.
O alívio vai ser feito com peças de fibra de carbono, em tudo aquilo que eu conseguir fazer, como portas, para-lamas, capô, tampa do porta-malas e, quem sabe, até o teto. Sim, vou botar a mão na massa – com conhecimento e ferramentas corretas não é um bicho de sete cabeças, muito pelo contrário. Mas isto é um assunto para um próximo capítulo.
Por fim, existe algo que torna o meu projeto único – a dica fica no nome do projeto: MWT Satan Q4.
A preparação tem muitos detalhes super interessantes, que irei destrinchar no próximo post! Até lá, amigos.
Por Paulo Alberto, Project Cars #35