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Mercado e Indústria

Usados “baratinhos”: as escolhas dos FlatOuters de até R$ 17.500 e R$ 35.000

Como vimos na semana passada, a crise do mercado automobilístico brasileiro, que começou em 2014 e deixou resquícios até hoje, dez anos depois, mudou drasticamente o mercado de carros usados, especialmente nas faixas mais baixas de preço. A queda no volume de vendas, que começou a dar sinais em 2013 e chegou ao seu ponto mais baixo entre 2015 e 2016, está refletindo no mercado dos “usadinhos” agora, depois de quase dez anos.

Um outro fator que mudou o mercado, que acabei não mencionando na matéria original, foi a introdução dos carros com airbags e ABS obrigatórios, que encareceu os modelos de entrada e também tirou de linha projetos antigos, porém mais acessíveis. Como resultado, estes carros ainda estão circulando com mais de 10 anos na faixa de entrada dos usados, como veremos mais adiante. Na prática, a segurança veio só para quem pôde ou pode comprar um carro novo. Para quem depende dos usados, especialmente na faixa de até R$ 20.000, a maioria das opções não tem airbags ou ABS.

Como os “usados baratinhos” mudaram em 10 anos? O que comprar hoje?

Por outro lado, os carros de entrada são mais econômicos e menos poluentes que os carros baratos de outrora. Motores com injeção multiponto e já adequados às fases mais recentes do Proconve são a regra. Não que isso faça diferença para quem compra, mas no cenário geral, é um pequeno avanço.

O maior problema mesmo, como veremos, é a falta de opções nessa faixa de carros baratos. Segundo as sugestões dos leitores, o que há de mais interessante por até R$ 17.500 (os novos R$ 10.000 de 2014) no mercado de usados no Brasil são os seguintes carros:

Fiat Mille Economy

Uma opção óbvia. O Uno é o sucessor do Fusca de facto. Compartilha com o velho besouro um bom aproveitamento do espaço interno, mecânica robusta e simples, oferta abundante de exemplares e, consequentemente, de peças de reposição, além de ter a simpatia de grande parte do público.

Por essa grana é possível pegar os modelos feitos entre 2011 e 2013 — os últimos anos-modelos Economy e, por isso, os mais confiáveis e menos rodados, embora não necessariamente os melhores em termos de acabamento e equipamentos. Mas o que interessa aqui é a relação custo/benefício, certo? E benefício, nessa faixa de preço, é ter manutenção barata, ar-condicionado e economia. E isso o Mille Economy tem.

Chevrolet Celta

Outra sugestão popular, o Celta nasceu para ser o carro mais barato do Brasil, então é natural que ele esteja na lista dos carros mais baratos que se pode comprar. O carro é derivado do Corsa B, o que é bom, porque ele mantém o ótimo comportamento dinâmico do antecessor, embora o acabamento seja, mais que simples, simplório.

O motor dos modelos mais novos, o 1.0 VHC, é confiável e equilibra bem consumo e desempenho e, com jeitinho, você encontra o Celta 1.4, que saiu em 2004/2005, se fizer questão de um carro que não seja 1.0. Ele não tem os 105 cv do Corsa 1.4, mas tem razoáveis 85 cv para seus 870 kg. Ah, e quando as coisas melhorarem, você faz um swap para 2.0 e tem um ótimo carro para track days.

Ford Fiesta Mk6

Quer mais espaço que o Celta e o Uno oferecem? O Fiesta pode ser uma boa opção. Você só precisa trocar a válvula termostática e revisar o sistema de arrefecimento logo de cara, porque este é um problema crônico de todo Rocam. Resolvido, contudo, ele não incomoda mais e você tem um motor robusto, confiável e econômico.

Nessa faixa é possível pegar o Fiesta 2008, já com a reestilização que deu a ele a grade retangular e os faróis de cantos retos e projetor duplo, que é um desenho mais moderno que o anterior e, sem dúvida alguma, mais harmônico que a loucura que os designers da Ford cometeram no carro em 2011.

Chevrolet Classic

Se o Celta tem pouco espaço e você não quer o Fiesta, porque tem medo de água quente na estrada, a solução é o Chevrolet Classic. O pai do Prisma é aquilo que todos conhecemos: um campeão de vendas, preferência dos taxistas da época, robusto, confiável, econômico, tem peças de sobra em qualquer lugar. Como o Uno, o Classic foi o mais próximo do Fusca que um sedã quatro-portas conseguiu chegar no Brasil. Ele só não é o sedã mais popular do mercado porque temos o…

Chevrolet Chevette

É claro que o nosso xodó dos últimos tempos não ficaria de fora da lista. Não para ser usado no dia-a-dia para carregar a família, longe disso. O Chevette foi o sedã mais popular do Brasil, mas em outros tempos, há mais de 40 anos. Ele entra na lista porque nem só de pão vive o homem, afinal. Diversão barata, tração traseira para as massas, baixo peso para economizar pneus nos track days e uma mecânica acessível e que até hoje tem peças de sobra por aí.

Nessa faixa de preço você não vai encontrar um modelo dos anos 1970, é claro, mas em compensação você consegue o 1.6S do Chevette “quadrado”, que é o melhor motor que o modelo teve em sua história. Além disso, na versão certa, o visual retilíneo dos anos 1980 tem seu charme…

 

Até R$ 35.000 (os novos R$ 20.000 de 2014)

Agora, na faixa dos R$ 35.000 a qualidade dos carros subiu a olhos vistos. Há projetos modernos, carros com cinco estrelas em crash test e airbags, motores de quase 130 cv e até teto solar, se você procurar direito e for bom de negócio. Porque nesta faixa de até R$ 35.000 estão os seguintes carros:

Volkswagen Up MPI

Sim. O Up TSI agora custa uma pequena fortuna, mas o MPI dos primeiros anos já pode ser encontrado por pouco mais de R$ 33.000. E se você se permitir passar um pouco dos R$ 35.000 as opções melhoram. O motor 1.0 de três cilindros tem 82 cv — praticamente o mesmo daquele Celta 1.4 10 anos mais antigo.

E ainda que não tenha o vigor do 1.0 TSI, ele não faz feio porque o carro pesa 900 kg. E ele tem ABS, airbag duplo e foi cinco estrelas no Latin NCAP da época. Em termos de qualidade de construção e relação economia/desempenho, ele é, sem dúvida, a melhor opção da faixa de preço.

Ford New Fiesta

Lembra que o New Fiesta veio importado do México em 2011, antes de ser produzido no Brasil? Pois é… eles agora têm 13 anos e, por isso, custam pouco mais de R$ 30.000. Por essa grana você leva o motor Sigma em sua última geração, com comando duplo e 129 cv. Todos eles têm airbag duplo, e alguns tem até controle de tração e estabilidade e um sistema multimídia primitivo, porém com integração do smartphone.

Se a idade pesa na sua avaliação, também é possível encontrar o New Fiesta brasileiro, mas nas versões de entrada com o motor 1.5 de 111 cv/107 cv e o visual mais contemporâneo, que pouco envelheceu nesses dez anos. Além da potência, também perde-se um pouco na qualidade do acabamento, notadamente inferior à do modelo mexicano.

Ford Ka Sport

Aproveito que o Fiesta entrou na lista para já entregar a opção divertida: o Ka Sport. Já falamos dele em mais de uma lista de compras e, mesmo agora, depois que a Ford deu no pé e decidu vender só carros importados por aqui, ele ainda é interessante porque mantém o conjunto mecânico do Fiesta Mk5, um dos mais divertidos que a Ford produziu no Brasil (perdendo só para o Focus Mk1) com a vantagem de ser mais novo e ter uma carroceria arrumadinha, com cara de carro moderno.

Ele tem aquele problema da válvula termostática que todo mundo conhece bem, mas todo mundo também sabe como se resolve. E é isso. Um hatch espertinho para você curtir nas ruas, estradas e, se quiser, nas pistas.

Palio Weekend

Uma perua por até R$ 35.000? Tem Parati Track & Field, a SpaceFox e também a Renault Gran Tour. Mas, a Parati havia sido depenada pela própria Volkswagen para favorecer a SpaceFox, que era igualmente pobre na fase que esta faixa de preço permite comprar. A Renault Gran Tour é, sem dúvida uma opção moderna, mas tem a questão da oferta de peças — se isso não é um problema, vá com ela.

Mas também há a Palio Weekend. Eu sei que ela é um projeto antigo, afinal, foi lançada em 1997 — há 27 anos, meu velho. Mas é isso que faz dela uma opção interessante.

Outrora caríssima pelo que era e oferecia, ela agora está no andar de baixo do mercado com as mesmas qualidades que a faziam cobrar caro: porta-malas enorme, visual aventureiro, mecânica robusta (apesar de sedenta, no caso do 1.8 GM Família I) nas três versões em que se encontra nessa faixa — Attractive, Adventure Locker e Trekking. O fato de compartilhar peças com a Fiat Strada faz com que ela seja barata e fácil de arrumar, e dependendo da versão, ela já tem airbags e ABS.

 

Toyota Etios

Por último, se você é Toyoteiro, gosta da confiabilidade e robustez dos carros japoneses. Aqui está a opção: o Toyota Etios. Pode comprar de olhos fechados (pegou a piada?). Os motores não são uma primazia tecnológica — nem eram na época —, mas equilibram bem desempenho e economia; o 1.3 tem 98 cv e o 1.5 tem 107 cv.

Nessa faixa, claro, o Etios que você encontra são os modelos dos primeiros anos, 2012/2013, ainda com embreagem por cabo e com o quadro de instrumentos físico, com ponteiros, que foi substituído pelo digital em 2017 e que foi alvo de reclamações por ser de leitura difícil.

 


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