O SUV Hummer H1 foi uma verdadeira extravagância da AM General, que decidiu criar uma versão de rua do jipe militar M998 Humvee. Ele é enorme, pesado, beberrão e nada prático… e por isso mesmo caiu no gosto dos americanos, que puderam comprá-lo (e o fizeram) entre 1992 e 2006. Na verdade, seu sucesso foi tão grande que a AM General até selou uma parceria com a General Motors para construir SUVs com a cara do Hummer baseados em modelos da GM — os Hummer H2 e H3.
Agora, há quem prefira usar o Hummer H1 para coisas mais empolgantes do que ir ao Wal-Mart comprar donuts e Coca-Cola em um veículo desnecessariamente grande. Grant Frayser, por exemplo usa seu H1 para disputar arrancadas na areia — e conta com a força de um motor V8 de 615 pol³ (nada menos que DEZ LITROS), montado pelos malucos da Steve Morris Engines.
Se você tem boa memória, certamente se lembra de um Bentley Continental com motor de 3.124 cv feito para competir no circuito de arrancadas do Reino Unido (que, acredite, tem um cenário muito forte). Aquele carro também teve o motor original trocado por um V8 de dez litros Big Block Chevy, para desespero dos puristas, mas usava dois turbocompressores operando a 2,2 bar para garantir sua descomunal cavalaria.
No caso do Hummer de Grant Frayser — batizado de The Hummbler —, a Steve Morris decidiu empregar um compressor mecânico centrífugo da ProCharger. Um compressor mecânico centrífugo tem a aparência externa muito parecida com a de um turbocompressor mas, como em um compressor Roots, sua atuação é feita por uma polia conectada ao virabrequim. Suas principais vantagens são o tamanho mais compacto (permitindo mais flexibilidade na hora da instalação) e instalação mais simples.
De qualquer forma, a instalação do compressor foi só uma de várias modificações. O motor usa como base um bloco de alumínio billet com cabeçotes do mesmo material, tudo fabricado pela Brodix, com componentes internos, como os pistões, feitos sob medida pela Diamond. Alimentando o conjunto está um sistema de injeção eletrônica Holley Dominator com injetores Moran. O vídeo abaixo dá alguns detalhes da construção do motor, e também mostra um de seus testes no dinamômetro:
Como podemos ver, o motor entrega nada menos que 3.070 cv a 8.200 rpm e 277,3 mkgf de torque a 7.000 rpm — com o compressor operando a cerca de 2,8 bar. O limite de operação é 3,5 bar, e não queremos nem imaginar qual seria a potência com a pressão máxima.
Agora, uma curiosidade: apesar de ser possível, a Steve Morris Engines não instalou um intercooler. Na verdade, o cofre não abriga nem mesmo um radiador. A razão é simples: o Hummbler foi feito para disputar puxadas de 91 metros — ou 300 pés, que é a distância padrão nas provas de arrancada na areia. Em uma distância tão curta, o ar admitido pela grade já é o suficiente para resfriar o motor — além disso, a queima do metanol usado como combustível já produz naturalmente temperaturas mais baixas.
Nesta puxada, o Hummer ainda estava com seu motor antigo — um V8 com sistema de injeção de óxido nitroso e cerca de 1.400 cv
Calçados com pneus offroad especiais (que parecem pneus de trator), os carros de arrancada na areia levam menos de cinco segundos para percorrer os 91 metros da pista, enquanto jogam areia por todos os lados. E se você acha isto rápido, espere até ver este vídeo com um dragster Top Fuel que, no ano passado, conseguiu uma puxada recorde — apenas 2,61 segundos.
De acordo com a NSDA (National Sand Drag Association), que organiza as provas nacionais de arrancada na areia nos EUA, esta foi a puxada mais rápida na história da categoria. O Hummbler provavelmente não conseguiria alcançá-lo, mas a gente adoraria vê-los em um embate lado a lado.