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Vandal One: um track toy de fibra de carbono com o motor do Civic Type R, 560 cv e 555 kg!

À medida em que os carros se hibridizam, se eletrificam e se tornam autônomos, ganham espaço modelos criados pura e especificamente para garantir diversão na pista – e nada além disto. O conceito de track day toy já vem de muito antes de existirem os track days como os conhecemos hoje. Pense no Lotus Seven, criado por Colin Chapman na década de 1950, e você entenderá: um carro leve e bem acertado, equipado apenas com o necessário para garantir uma experiência orgânica e intensa ao volante. É uma fórmula atemporal, e não espanta que carros assim estejam tão em alta hoje.

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Mas os tempos mudaram, e o fato de um carro ser frugal não o impede de ser, também, avançadíssimo em tecnologia e engenharia. É claro que os que preferem algo old school sempre podem optar pelo Caterham Seven, sucessor espiritual do Lotus, que após todos estes anos permanece fiel à filosofia de Colin Chapman. Mas os que curtem a ideia de ter algo mais atual estão prestes a ganhar uma nova opção: o Vandal One – um esportivo com jeito de Fórmula 1 e um quatro-cilindros turbo de até 568 cv em posição central-traseira.

A norte-americana Vandal Cars foi fundada há cerca de dois anos pelo engenheiro Jeremy Sutton, mas só nesta semana a marca foi apresentada publicamente – tudo para não afetar o desenvolvimento do Vandal One, e também para aumentar o impacto do lançamento. A ideia era, desde o início, focar-se na criação de carros para aqueles que se consideram puristas, mas não abrem mão da engenharia automotiva moderna em seus brinquedos de pista. E que também querem algo que seja simples de manter, preparar e melhorar.

Foi desta forma que um time de mecânicos e engenheiros vindos de diversas companhias renomadas no meio entusiasta, como McLaren, Lola e Ford Racing, deu forma e tempero ao Vandal One – chamado assim por ser o primeiro modelo da companhia, mas também por ter apenas um lugar. O próprio Jeremy, aliás, já trabalhou na TVR, onde colaborou com o desenvolvimento do Cerbera e do Speed 12 (!), e na Ford SVT (Special Vehicle Team), que foi responsável pela F-150 SVT Lightning e pelo Ford GT, só para citar alguns. Ele certamente entende uma ou duas coisinhas sobre esportivos.

Graças ao histórico de seu pessoal, a Vandal Cars conseguiu um bom conjunto de fornecedores e colaboradores, como Honda, Brembo, Pirelli e Sadev – algo que definitivamente ajuda na credibilidade da empreitada.

Mas vamos ao carro. O Vandal One é um monoposto com construção em fibra de carbono e motor central-traseiro que atua como componente estrutural – configuração semelhante à de um carro da Fórmula 1, da IndyCar, ou da Fórmula E. Olhando apenas a estrutura montada, sem a carroceria, ele realmente lembra um Fórmula 1 em formas e proporções: ele tem bico, pods nas laterais, uma tomada de ar acima do cockpit  e suspensão com amortecedores inboard.

Na traseira, os elementos da suspensão são fixados à carcaça do câmbio – novamente, lembrando um F1 ou um protótipo de Le Mans.

O bico do carro fica a menos de quatro centímetros do chão, mas a suspensão se levanta através de um sistema hidropneumático para que se possa, por exemplo, subir uma rampa para guardar o Vandal One em um trailer. As barras estabilizadoras dianteiras e traseiras também são ajustáveis.

Um detalhe interessante é a forma como a carroceria é fixada ao monocoque, que permite que se troque todos os painéis da carroceria (que também são de fibra de carbono) sem afetar a estrutura ou o sistema de suspensão do carro – o que, além de facilitar reparos após um eventual acidente, também possibilita que os donos possam incorporar futuras atualizações em seus carros apenas comprando novos painéis.

O motor, como já comentamos, é fornecido pela Honda através de sua divisão HPD (Honda Performance Developments), que é responsável por alguns dos componentes usados nos carros de competição da fabricante. A base é o K20C1 usado no Civic Type R, quatro-cilindros turbo de dois litros que desenvolve, no hot hatch, 310 cv a 6.500 rpm e 40,8 mkgf de torque entre 2.500 e 4.500 rpm. Contudo, através de uma preparação leve, o K20 do Vandal One entrega 340 cv… no mínimo.

 

Se quiser algo mais potente, você pode optar pelo pacote “R Engine”. Nesse caso, quatro-cilindros é todo refeito, com componentes internos forjados, injeção direta de combustível, um novo turbocompressor BorgWarner EFR e uma reprogramação eletrônica para entregar algo entre 560 e 570 cv. Em um carro que pesa, com fluidos, 555 kg (!), estamos diante de uma relação peso-potência de menos de 1 kg/cv. Hell yeah!

O motor é ligado a um câmbio sequencial de seis marchas com acionamento eletro-hidráulico da Sadev. A Vandal não se pronunciou a respeito dos tempos de aceleração e da velocidade máxima ainda, mas é rplausível esperar por um 0-100 km/h na casa dos dois segundos.

Isto posto, por padrão o motor mais forte terá sua potência limitada a 480 cv – a cavalaria toda só estará disponível através de um botão do tipo push-to-pass. E, ainda assim, o Vandal One deverá analisar a situação do carro através de sensores espalhados pela estrutura, e também sua posição de acordo com o navegador GPS, e verificar que é seguro liberar toda a fúria do K20C1.

E este é apenas um dos toques tecnológicos do Vandal One. O carro também terá um sistema de telemetria conectado à Internet através de um modem 4G. Através dele, será possível não apenas usufruir das funções de data logger, com tempos de volta e detalhes sobre o funionamento do carro, mas também conferir a situação do mesmo através de um app desenvolvido em parceria com o Google. O aplicativo também dará acesso a uma comunidade fechada de proprietários do Vandal One, que poderão subir seus tempos de volta na nuvem e compará-los entre si.

 

É claro que tudo isto terá um preço, e não será baixo: a Vandal projeta que o One custará cerca de US$ 120.000 – o mesmo que um Porsche 911 zero-quilômetro. O lançamento ainda deve levar alguns meses – a estrutura e o conjunto mecânico já estão finalizados, mas as imagens do carro pronto ainda são projeções.